“A economia política marxista da China continuará a adaptar-se ao mutável ambiente doméstico e internacional, mas continuará a ser a pedra fundamental sobre a qual a nação constrói seu futuro” – disse o presidente da China, Xi Jinping.
“O fundamento sobre o qual se ergue a economia política da China é necessariamente a economia política marxista, sem considerar qualquer outra teoria econômica” – escreveu o presidente chinês, em artigo publicado ontem, sábado, no periódico quinzenal de teoria política Qiushi, Órgão do Comitê Central do Partido Comunista da China.
Xi, que também é secretário-geral do Partido Comunista da China e presidente da Comissão Militar do Comitê Central, disse que o o pilar de um sistema socialista com características chinesas é o modelo econômico que não só guiou o desenvolvimento econômico até aqui, mas também consolidou a posição de mando do Partido.
Passados 30 anos de reforma e abertura, e de uma ordem global em mutação, dirigir a economia rumo ao futuro será teste crucial para o Partido, disse Xi.
O presidente chinês descartou discussões sobre se a economia política marxista da China estaria ultrapassada. Disse que aquela teoria abriu caminho para que os mercados tivessem papel decisivo na alocação de recursos, ao mesmo tempo em que ampliou o papel do governo [do Estado].
A China tem de apoiar e de desenvolver a própria economia de propriedade pública, apoiando simultaneamente outros tipos de propriedade – continuou o presidente.
“A posição dominante da propriedade pública não pode ser abalada, nem pode ser enfraquecido o papel central da economia da propriedade pública.”
O artigo de Xi vem à tona em momento em que China e EUA estão engajados em amarga disputa, com os EUA a braços com incontáveis problemas, de comércio e tecnologia até as mais complexas questões ideológicas, de direitos humanos e sobre a origem da pandemia gerada pelo vírus Covid-19.
Mark Pompeo, secretário de Estado dos EUA, disse semana passada que os EUA consideram a ameaça que a China traria, segundo ele, contra os EUA como “muito mais difícil” de superar que a ameaça que foi a União Soviética durante a Guerra Fria.
Xi disse, no sábado, que a China não tem qualquer interesse em copiar a ideologia ocidental ou seu sistema de capitalismo.
Muitos países capitalistas sofreram graves revezes econômicos, com problemas de desemprego, crescente polarização e aprofundamento de conflitos sociais – disse Xi.
Uma das principais áreas de conflito entre China e EUA é a guerra comercial em curso desde julho de 2018.
Negociadores dos dois países deveriam reunir-se no sábado, para revisar a fase um do acordo comercial firmado entre Pequim e Washington em Janeiro, num esforço para relaxar as tensões, mas as conversações foram adiadas sem qualquer explicação de nenhum dos lados.
Michael Every, diretor de pesquisa de mercados financeiros para o Pacífico Asiático no Rabobank, disse que o acordo estava provavelmente ameaçado por motivos políticos, com o presidente dos EUA Donald Trump já em campanha buscando a reeleição.
“Trump aludiu ao fato de que a China estaria fazendo pedidos recorde de importação de produtos agrícolas dos EUA [item acertado no acordo de Janeiro]” – disse Every.
“A China manterá o jogo, dado que não se sabe quem será eleito nos EUA. Mas continuamos a achar que o acordo colapsará a qualquer momento, no futuro, – provavelmente quando o colapso for politicamente mais conveniente para Trump.”*******
Esse artigo foi retirado da publicação feita no site South China Morning Post, do dia 16 de agosto de 2020.
Tradução: Coletivo Vila Mandinga