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Geografia da Energia e Indústria: mapas colaborativos revelam os caminhos do desenvolvimento

Pedro Ferraz Cruz

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Pedro Ferraz Cruz
Pedro Ferraz Cruz
Geógrafo e Jardineiro.

            Na época que cursei a disciplina Geografia da Energia e Indústria na graduação   da UFMG, buscava informações cartográficas na mapoteca ou em publicações específicas. De lá pra cá cresceu muito a disponibilidade de dados disponíveis na internet. O mais interessante nesse processo foi a ampliação da participação do público na produção da informação. O Open Street Map é o melhor exemplo de mapeamento colaborativo do mundo.

            Fundado em 2004, o OpenStreetMap tem licença aberta, é editado e revisado por milhares de usuários-colaboradores, tornando o mapa do mundo cada dia melhor, tanto na geometria cartográfica como na precisão dos atributos das feições espaciais.

            Não há como fazer planejamento regional e desenvolvimento econômico sem olhar  pro mapa e conhecer bem os fatores que o transformam. Por isso mostro aqui a rede de linhas de transmissão de energia em cada continente, tudo disponível no https://openinframap.org com dados extraídos do OpenStreetMap.

            Os mapas apresentados abaixo estão todos na mesma escala cartográfica para uma adequada comparação entre os continentes. A legenda está no mapa on-line, as cores azul e roxo são as linhas com maiores cargas (acima de 500kV), normalmente em corrente contínua (HVDC – High-voltage direct current) e em vermelho e laranja as linhas de tensões abaixo de 230kV.

Não há indústria sem energia

Observando o mapa:

• A densidade da malha de transmissão de energia elétrica é o primeiro fator de
comparação. Regiões mais populosas costumam ter maior extensão da rede.

• Sistema neural mais denso é fator de economia mais complexas.

• Os sistemas quase sempre são pensados a partir da reprodução do capital,
implementados e gerenciados pela administração central dos países. A
colaboração entre países é mais nítida na Europa, que tem países pequenos.

• Cada país ou região industrial tem expandido pra mais distante suas fontes de
energia para garantir fornecimento constante e seguro dos parques industriais.

• O modelo colonial deixou sua marca no sul global. A rede de energia se desenvolve
do litoral para o interior, acompanhando o adensamento populacional.

É preciso enxergar não só a distribuição espacial ao redor do mundo, mas como os sistemas de energia se desenvolvem:

1) A China tem buscado energia nos rincões oeste, quase na fronteira do Cazaquistão, visando suprir a crescente demanda da região sudeste do país, onde está a população e a indústria.

2) A Índia é um caso de desenvolvimento endógeno. É uma ilha. Sem conexões externas.

3) América do Sul, África e Austrália se assemelham no modelo colonial, as cidades maiores e mais antigas estão nos litorais e a busca de energia se interioriza. Exerção para Pretória/Joanesburgo que estão no interior e polarizam a demanda no continente, já buscam hidrelétrica no norte de Moçambique. Já no  Egito e Etiópia a briga fica por conta do rio Nilo Azul e a Renaissance Dam que ficou pronta e vai garantir muita energia para a Etiópia.

4) Europa e América do Norte tem uma rede densa e bem distribuída. Avançando respectivamente para a Rússia e Canadá.

5) Japão, Coreia, Filipinas, Indonésia tem na energia nuclear e termoelétricas com únicas opções de grande porte.

6) O Brasil tem grande oportunidade de liderar um integração da rede sul americana, o ONS já tem experiência na gestão nacional. Por enquanto a América lusitana está de costas para a América hispânica e vice versa. Não sem conflitos.

Enfim, os polos capitais mostram muito bem como desenvolvem suas redes olhando somente para si mesmos. Sabemos que uma rede neural complexa garante conexões e mantém o sistema nervoso em funcionamento. O modelo do SIN – sistema interligado nacional – é um ótimo mecanismo nacional, agora imaginem esse modelo em níveis continentais!

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