O eixo da investigação nominado: Produção do conhecimento, processos formativos e a perspectiva multidisciplinar para o desenvolvimento sustentável ético-ambiental na Amazônia paraense está balizado no trabalho do coletador de açaí. E tem como propósito elaborar e aprofundar a Metodologia de Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental Aplicada. A proposta da metodologia intenta apontar uma alternativa ao desenvolvimento sustentável para o Brasil contrariando à lógica postulada pela economia clássica, na qual, fundamenta a discussão sobre Natureza rica, povos pobres. Na qual Drumond (2002), em Natureza Rica, Povos Pobres? – Questões Conceituais e Analíticas Sobre o Papel dos Recursos Naturais na Prosperidade Contemporânea, argumenta que irrefutavelmente há uma íntima relação entre riqueza natural em oposição à riqueza social. Questionando que riqueza natural e riqueza social não são similares, sendo enfim, apenas um pressuposto não comprovado e acrescenta que, “há no mundo contemporâneo um número apreciável de motivos para supor precisamente o oposto: quanto mais uma população depende diretamente de recursos naturais, menos próspera ela será”. (DRUMOND, 2002, p. 2).
De acordo com as pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os estados que compõem a Amazônica Legal possuem baixos índices de Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) se comparada a outros estados das regiões do resto do país, mas por outro lado possui uma diversidade e riquezas naturais incalculáveis. Para confrontar essa realidade, devemos reunir esforços e o alargamento de estudos para interromper e superar este ciclo perverso que a região Amazônica sofre desde sua “descoberta”. Pois, historicamente o processo de ocupação da Amazônia […] esteve destinada a favorecer o processo de acumulação de capital em escala nacional e internacional, em detrimento da natureza e do ser humano […]. (MARQUES, 2019. p, 31). Ensejamos essa discussão, sobretudo durante este período de pandemia provocado pelo novo Covid-19, uma vez que oportunizou espaço para a reflexão impulsionado pela necessidade de isolamento social. Esse fenômeno pandêmico provocou e, ainda provoca, perguntas e questionamentos sobre os modos de vida, processos produtivos, processos de consumo e as incertezas dos rumos os quais o planeta em que vivemos tomará. Para consubstanciar a pesquisa e elaborar a metodologia tomo como referência a tese, A invisibilidade Social do Peconheiro: o processo de trabalho do coletador de açaí na Vila de São Miguel do Pracuúba-PA desenvolvida em Belém-PA, submetida e aprovada ao corpo docente do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE-2018) da Universidade Federal do Rio de Janeiro como parte dos requisitos necessários a obtenção do grau de doutor em ciências em Engenharia de Produção em Gestão e Inovação.
Na qual constato que a invisibilidade social do peconheiro é ocasionada pelo descolamento da lógica clássica da reprodução social do trabalho, mas, por outro lado, sustento que a atividade de coletar o açaí deve ser considerada como uma categoria de trabalho produtivo, gerador de mais valia e responsável por abastecer o mercado de consumo local, nacional e internacional. Identificamos propriedades no processo de trabalho do coletador de açaí que se relacionam com as teorias marxianas, tanto quanto ao valor de uso, quanto ao valor de troca e que geradoras de mais valia. Partindo desse pressuposto, verifica-se questões relativas ao trabalho do peconheiro como atividade laboral fundamental à reprodução do capital na região amazônica, sobretudo no estado do Pará. Visto que este tipo de trabalho, com o aumento da demanda do mercado de açaí, desencadeou uma série de complexas relações sociais e laços de sociabilidade (Ricardo Antunes, 2005:139) e a ocorrência de importantes transformações sociais no grupo estudado.
Em recente pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o consumo alimentar no Brasil. O açaí ocupa a 9º colocação de alimentos que tiveram aumento de consumo nos últimos 10 anos. O levantamento foi realizado entre 2017 e 2018 por meio da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF). (2020). Em um levantamento divulgado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 2018, seguindo a linha de mudança de hábitos do brasileiro, um levantamento realizado por uma rede de alimentação saudável focada no consumo do açaí, revela o aumento do consumo do alimento no horário do almoço. As compras do produto entre 12h e 14h representam 36% do faturamento. Este dado apresenta um aumento de consumo de 22% em relação ao primeiro trimestre de 2018. (fonte: 2019). Tais dados fortalecem os resultados das análises da tese relativamente à consideração de que há uma tendência ao aumento de consumo, portanto, de produção e da superexploração do trabalho do peconheiro, pois, cerca de 90% do açaí produzido na Amazônia paraense é através do trabalho do ribeirinho.
Há uma variedade de métodos de pesquisas científicas, seja no campo das ciências sociais ou humanas para serem aplicadas aos estudos e conhecimentos multidisciplinares que visam compreenderem as questões sociais de acordo com as especificidades da realidade humana. Da mesma forma há uma variedade de métodos de pesquisas e experimentos científicos relacionados a aplicação nos estudos das ciências exatas que englobam um conjunto de conhecimentos de disciplinas, tais como: matemática, engenharias, física, química e algumas partes da biologia.
As contribuições científicas e metodológicas do alemão Ernst Heinrich Philipp August Haeckel (1834 -1919) para a elaboração da Metodologia de Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental Aplicada se justificam primeiro, porque, suas concepções científicas se baseiam na racionalidade do mundo, pois de acordo com o autor, o entendimento racional do mundo baseia-se no flagrante progresso do conhecimento compartimentado dos seres vivos. Tal compartimentalização dos seres vivos foi observada a partir das teorias evolutivas, da biologia e suas sucessivas ramificações e escaninhos de conhecimentos cientificistas. E em segundo, porque, alude a necessidade de estabelecer os laços entre a religião e a ciência, afim de, “[…] contribuir assim para o desaparecimento da oposição que tão mal se estabeleceu nos domínios superior do pensamento humano” […] (HAECKEL, 1908), essas concepções foram observadas pelo autor em 1908. Importante ressaltar que as contribuições de suas concepções estão circunscritas à fragmentação do conhecimento cientificista. Não é intensão deste argumento aproximar-se dos filósofos do materialismo monista ligados a uma doutrina ideológica que se opõe ao dualismo e ao pluralismo. Ou da doutrinação da ordem jurídica que discute duas correntes, a que aborda a respeito da teoria dualista, que discute se o Direito Internacional e o Direito interno dos Estados ou a correntes da teoria monista, que é contraditória a primeira e que discute se são dois sistemas que derivam simbioticamente um do outro.
Ernst Haeckel foi percursor no entendimento da complexidade da natureza e ajudou a transformar a ecologia de uma das muitas disciplinas ligada ao campo da biologia para uma disciplina que se articula com outras disciplinas do campo da sociologia. Podemos citar como exemplo a obra epistemológica da complexidade, iniciada por Edgar Morin com “Le paradigme perdu: la nature humaine” (O paradigma perdido: a natureza humana), de 1973. E posteriormente, em 1977, quando ele iniciou uma série de volumes sobre epistemologia (La Méthode). Reconhece-se essa fase em que Morin, passou a se ocupar em articular ciências da natureza e ciências sociais humanas com a filosofia. Neste estudo articulamos as ciências sociais, da natureza, humanas, filosóficas e religiosas.
O outro autor que contribui para a formulação e balizamento conceituais da Metodologia de Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental Aplica é o filósofo e economista britânico John Stuart Mill (1806-1873). Stefan Collini, professor de Literatura Inglesa e História Intelectual da Universidade de Cambridge e bolsista emérito de Clare Hall afirma que Stuart Mill […]”governou a Inglaterra no reino do pensamento como muitos poucos homens jamais o fizeram” […]. (COLLINI, 1991, p. 178, apud HEYDT, 2014, p. 193). E de acordo com Colin Heydt, Ph.D. pela Boston University e atualmente professor do the Department of Philosophy at the University of Southern Florida,
Mill estabeleceu esse reinado sobre o pensamento inglês por meio de seus escritos de lógica, epistemologia, economia, filosofia social e política, ética, metafísica, religião e assuntos de importância pública para a época. Pode-se dizer com relativa segurança, olhando para a amplitude e complexidade de sua obra, que Mill foi o maior filósofo britânico do século dezenove. (HEYDT,2014, p. 193).
Colin Heydt continua e elucida que a lógica de Stuart se ampara na ideia de que os métodos de explicação do mundo através das ciências naturais são os mais adequados. É justamente neste aspecto, que suas contribuições científicas encorajam e fortalecem as perspectivas teóricas, metodológicas e pedagógicas do eixo de investigação do estudo, Produção do conhecimento, processos formativos e a perspectiva multidisciplinar para o desenvolvimento sustentável ético-ambiental na Amazônia paraense. Apesar de Stuart Mill, em seu Livro I considerar os métodos das ciências naturais como a única rota para o conhecimento sobre o mundo, mais adiante no livro VI, Mill trata das “ciências morais” e argumenta em favor da similaridade fundamental entre os métodos das ciências naturais e humanas. Ele vislumbra que as ciências humanas, elas mesmas, têm como objetos de estudos humanos, sejam eles no âmbito do unitário ou coletivo e as ciências da natureza que têm como objetos de estudos as disciplinas Biologia, Física e Química. “Qualquer coisa que podemos saber sobre as mentes e vontades humanas resulta de tratá-las como parte da ordem causal investigada pelas ciências, não como entidades especiais que se encontram fora dela”. (HEYDT,2014. p, 198).
Portanto, não nos parece lógico dissociar os métodos de compreensão das ciências humanas e os métodos das ciências da natureza para compreendermos o mundo e os sentidos da vida. Sendo assim as perspectivas da metodologia está no resultado da união entre as ciências humanas, naturais, filosóficas e religiosas e indissociar as compreensões acerca da materialidade e transcendência de todas as formas de vida.
A obra e as contribuições de John Stuart Mill para a elaboração e aprofundamento teórico-metodológico da Metodologia de Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental Aplicada não se limitam a compreensão da necessidade da união entre os saberes científicos relacionados aos estudos humanos e da natureza.
Entretanto, para este momento o foco deste ensaio é um preambulo sobre os conceitos que ampararão o estabelecimento da união entre os experimentos científicos, o conhecimento filosófico e a empiria a partir de acontecimentos do cotidiano baseados em conceitos cientificamente consagrados, inclusive religiosos. Todavia, abro um parêntese para esclarecer que estabelecemos que a fé religiosa aludida aqui é aquela baseada na substância das coisas pensadas, nos ensinamentos, na instrução, na autorreflexão e no uso da fé como recurso de visão. Enfim, a metodologia referir-se-á à síntese do conhecimento, do raciocínio, do conhecimento do corpo, da sociedade e do planeta em que vivemos e da qual somos dependentes. Cuja orientação será a substituição da apreensão da evolução mudando o foco de análise baseada nos modelos culturais do antropocentrismo para o ecocentrismo.
Objetamos que não há métodos e estratégias pedagógicas, tampouco teórica-científicas “perfeitas“, “puras” que superem, por si mesmas, as contradições do capitalismo. Entendemos que os processos de formação, tendo como princípio a ética e a produção do conhecimento científico, devem levar em consideração a integração entre o tempo, o espaço e as disciplinas cujos objetivo são a formação educativa e humana descomprometidas de alegorias e de figuras que possam dar lugar a falsas interpretações. A essência dos princípios deve estar situada na clareza das coisas pensadas e que caminhem diretamente à inteligência.
Independente da capacidade da racionalidade notória em alguns pesquisadores e cientistas, dispomos que inteligências “vulgares” apreendem com admirável exatidão as mais delicadas nuances da relação entre o homem e as outras formas de vidas do que inteligências pautadas exclusivamente no cientificismo. Isso decorre, em parte, da separação entre a ciência, a filosofia e a própria crença, para nós, entendida e baseada na astrofísica[3], que reconhece a existência de outras galáxias, sóis e luas e de que o planeta terra não é o centro do universo, e na neuroteologia[4] baseada no processos e elaborações do conhecimento através da cognição.
Na perspectiva da metodologia que pretendemos criar os processos de aprendizado, a elaboração do pensamento e do conhecimento são compreendidos partindo das experiências subjetivas que em muitos casos, são tradicionalmente categorizadas pejorativamente como religiosas ou espirituais, mas aludimos que as percepções de vida e do mundo interno (individualidades) apreendidas pela inteligência é transversal aos processos cognitivos de autoconhecimento, autorreflexão e, consequentemente a capacidade de replicação de tais elaborações para o mundo externo (coletividades). Dada a compreensão de que a sociedade é um reflexo do conjunto de indivíduos, instituições e das tramas diárias. Decorre então, que acreditamos que os seres humanos podem conseguir desenvolver suas capacidades intelectuais e emocionais, por meio do encadeamento do pensamento, da memória, do raciocínio, da crença gerando com isso a habilidade de compreensão e de percepção de forma global e não aquela compartimentada, fragmentada que não consegue explicar os fenômenos científicos, filosóficos e religiosos ao mesmo tempo.
Portanto, a materialidade da ciência, a sensibilidade do pensamento e a essencialidade da maturidade do senso ético independe do grau de instrução.
Deste modo, nosso intuito com a proposta de elaboração da Metodologia de Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental é indicar uma maneira própria de criar, ler e interpretar, sob outras bases técnicas e científicas, as realidades sociais, pedagógicas, econômicas e ambientais em regiões nas quais os processos produtivos são baseados na extração das riquezas naturais. A finalidade é preparar, o projeto Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental: natureza rica com bem-estar social, pedagógico, econômico e ambiental em formato de livro manual de procedimentos, que terá como fundamentação o processo de trabalho do coletador e da cadeia produtiva do açaí, mas, que servirá como referência para outras formas de trabalhos relacionadas às riquezas naturais dos diversos biomas florestais do Brasil. A base teórica-metodológica do livro manual orientará como criar projetos éticos, pedagógicos e ambientais servindo como mecanismos de promoção à saúde e ao bem-estar econômico e social, a proteção ambiental e a sustentabilidade ética das suas riquezas naturais.
Assim sendo, a pedagogia, os processos educativos e os modos de produzir ciência devem ser diametralmente opostas aos modos de produção capitalista, ou seja, aos processos produtivos baseados na economia de consumo. Isto, porque, atualmente o capitalismo de mercado e financeirizado se apropriam das ferramentas pedagógicas e metodológicas para fins de adequação dos sujeitos, buscando com isso, atender as demandas de mercado. Em outras palavras, o capitalismo reinventa mecanismos de disciplina, controle e de desempenho visando o aumento e a garantia da produtividade crescente. A matriz da economia do crescimento contínuo e baseada na lógica do aumento da produtividade tem seu amparo na procura. Essa matriz não é coerente e não se sustenta.
Em razão disto, este ensaio tem por objetivo levantar a discussão acerca da transformação societária e seus desdobramentos entre consumo x produção. Segundo relatório da ONU, ajustado em 2019, a população mundial em 2100 será entorno de 11 bilhões de habitantes. Se considerarmos os estudos que apontam que cada indivíduo gera cerca de um quilo de resíduos sólidos oriundo dos produtos de consumo por dia, os constantes avanços do processo produtivo na criação de novos produtos de consumo, o aprofundamento do desenvolvimento tecnológico e o crescimento populacional projetado pela ONU, em 2100 cerca de 11 milhões de toneladas de resíduos serão despejadas no planeta por dia. O encantamento da mercadoria, as técnicas de produção de subjetividades e de desejos, os mecanismos de persuasão, delineiam produtos dos mais variados usos e sentidos para serem consumidos por variados estratos sociais e padrões de consumo.
Essa realidade não é sustentável, pois o meio ambiente não tem capacidade de resiliência para processar todo o lixo produzido durante e depois dos processos produtivos e consumidos e descartados após os processos produtivos.
Os autores discutidos balizam as bases teóricas sobre as estratégias pedagógicas e os processos de construção do conhecimento. Entretanto, a proposta da metodologia abrange e amplia sua fundamentação teórica e dialógica nos conceitos epistemológicos dos seguintes princípios norteadores multidisciplinares: a economia solidária e a economia popular; a metodologia de Muhammad Yunus em relação ao microcrédito; os valores e conceitos de Sítio de Pertencimento de Hassan Zaoual; as pesquisas da Istituzione Italiana Università di Siena – Dipartamento di Economia Política e Statistica relacionadas a definição e medição de indicadores de produção, bem-estar e influência do ciclo de vida da família na estrutura de consumo; as perspectivas da pedagogia de Moisy Pistrak e da pedagogia da alternância a partir dos conhecimentos apreendidos nas sessões de estudos do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Educação (GEPTE-UFPA); as teorias da evolução futura da vida em John Stewart; a experiência em Saúde Ambiental do Campus Fiocruz da Mata Atlântica; os modelos de cadeias produtivas e clusters do norte da Itália com o Professor Patrizio Bianchi; o tipo de organização da Corporação Mondragón e outras iniciativas criativas relacionadas as riquezas das regiões com natureza rica.
Tais conceitos consubstanciam e emprestam convicções às perspectivas da produção do conhecimento da mencionada metodologia de desenvolvimento sustentável ético-ambiental aplicada como uma ferramenta social teoricamente sustentada, apoiada nos diversos conhecimentos e criativa. E por quê criativa? Porque esta ferramenta de trabalho demonstrará que não basta conhecimento científico para elaborar projetos de desenvolvimento situado, ela ensinará que é necessário vivenciar o local para compreender o todo. Pois seus conceitos se amparam no estabelecimento da união entre os experimentos científicos, o conhecimento filosófico e dos povos tradicionais, a empiria a partir de acontecimentos do cotidiano e na mudança de comportamento individual e coletiva.
Há uma corrente que acredita que o conceito de ‘desenvolvimento sustentável’ ainda está em movimento e, em disputa, e que ainda carece de bases científicas no modo objetivo e do rigor de fazer ciência teoricamente consagrados. Uma parte importante e significativa se apropria da propalada sustentabilidade como estratégias empresarias da administração geral e da gestão ambiental criando programas para prever, organizar, orientar, coordenar e controlar a produção, os processos e os serviços tendo como objetivo a sustentabilidade e a ecoeficiência. Existem várias definições disponíveis na literatura para caracterizar a gestão ambiental, mas em linhas gerais significa que são diretrizes e atividades administrativas e operacionais, tais como: planejamento, organização, direção, controle de alocação de recursos e outras atividades realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos no meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas (antrópicas), quer evitando que eles surjam. (Barbieri, 2016).
A introdução da gestão ambiental em processos produtivos foi impulsionada, por um lado pelos cientistas, ambientalistas e a população de uma maneira geral que pressionaram os políticos de organismos multilaterais para garantirem, através de leis e regulamentações a preservação do planeta e, por outro lado pelo sistema econômico que busca constantemente alternativas para garantir a produtividade, a competitividade, a lucratividade com menor teor de externalidades negativas.
Para tanto, as empresas passaram a incluir equipes multidisciplinares no seu quadro administrativo para implementarem estratégias administrativas em processos produtivos como: a) a Produção Mais Limpa (P+L) referência para a administração tomar decisões visando a redução do consumo de recursos naturais, redução da produção e do tratamento de resíduos, de emissões e de efluentes ações para cumprir o compromisso ambiental da empresa e b) A Logística Reversa que visa a reciclagem, o reuso ou a reintegração de resíduos pós-venda e pós-consumo, ou seja, a Avaliação do Ciclo de Vida do produto (ACV) e a rotulagem ambiental (Selo Verde), isto é a introdução da metodologia dos 4 Rs: Reduzir + reutilizar + reciclar + reintegrar seguindo está ordem.
O princípio da P+L é fazer a adaptação ou modificações no produto ou no processo de maneira que a empresa consiga reduzir as emissões e geração de resíduos no ambiente, consequentemente e fundamentalmente diminuir os custos operacionais antes da produção. E a Logística Reversa em linhas gerais significa a área da gestão empresarial que se preocupa com os aspectos logísticos de retorno ao ciclo de negócios ou produtivos as embalagens, os bens de pós-venda e de pós-consumo as quais agregam valores de diversas naturezas tais como: econômico, ecológico, logístico, de imagem corporativa, entre outros.
Na definição da ONU, o desenvolvimento sustentável é a capacidade de suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das gerações futuras, é o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. (ONU, 1987).
Tais recomendações são meramente protocolares, pois não mencionam qualquer referência ao uso indiscriminado de insumos da natureza, bem como de animais e tampouco, a superexploração que a classe trabalhadora sofre para “suprir as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das gerações futuras”.
Sendo assim, o ponto de partida da sustentabilidade aludida na Metodologia de Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental Aplicada consiste em reconhecer a vulnerabilidade da humanidade devido a interdependência entre a vida humana e todas as outras formas de vida no planeta. No que diz respeito as estratégias pedagógicas muitas vezes, confunde-se educação com instrução. Contudo, vemo-las como forças paralelas, de objetivos idênticos. Para entregar-se o homem à tranquilidade de consciência, a educação precisa da sabedoria, e esta não terá vida digna sem a instrução. Na instrução, a criatura precisa mais de mestres que norteiem seus caminhos e de livros que lhes assegurem as experiências. Na educação, o mestre é o tempo e os livros, a natureza que consubstancia todos os valores, entregando-os à consciência. O Educar no sentido de que falamos, primeiramente, deve-se educar-se, educar os princípios relativos aos processos de consumo e, como consequência redefinir, reconfigurar, pressionar os processos produtivos, portanto revisar o uso de insumos da natureza, de animais e do trabalho humano. A educação sem o saber estará sujeita a atrofiar os sentidos e os sentimento, Sócrates já falava há quase dois mil anos, que o primeiro impulso da alma nobre no mundo é querer consertá-lo de uma só vez, mas que o tempo mostrar-lhe-á o engano e ela a consertar-se-á a si mesma.
Enfim, a Metodologia de Desenvolvimento Sustentável Ético-Ambiental propõe aos autores de projetos de desenvolvimento sustentáveis basearem-se nos pressupostos epistemológicos norteadores, afim de que, estes desempem papel relevante na manutenção do equilíbrio ambiental, na construção do conhecimento, no propósito de preservar a qualidade de vida humana e de toda forma de vida do planeta e das futuras gerações.
[1] André Trigueiro é jornalista com Pós-graduação em Gestão Ambiental pela COPPE/UFRJ é Professor da disciplina “Geopolítica Ambiental”. E na PUC-RIO também é professor e criador do curso de Jornalismo Ambiental.
[2] Irvênia Prada é doutora em anatomia dos animais domésticos pela universidade de São Paulo em 1970. Foi professor titular da universidade de São Paulo. Publicou 83 artigos em periódicos especializados e 89 trabalhos em anais de eventos. Recebeu 16 prêmios e/ou homenagens e atua na área de morfologia, com ênfase em anatomia animal. Estuda a lei do progresso como uma das dez “leis morais” aludidas por Allan Kardec, na qual esclarece que há duas espécies de progresso que se prestam mútuo apoio e que, todavia, não marcham lado a lado, quais sejam: o progresso intelectual e o progresso moral.
[3] Parte da ciência que estuda o infinitude do universo.
[4] Disciplina científica que estuda os processos cognitivos