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Rússia Enlouquece o Ocidente

Pepe Escobar, Asia Times

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Lendo Hamlet (1940)

O cemitério. Inflete um rio anil
À direita, no vazio do terreno.
Tu me disseste:
“Vai para um convento!
Ou se queres desposa um imbecil…”

Estas coisas só um príncipe diz,
Discurso que se grava na memória
Por séculos a fio e que se desliza
Manto de zibelina pelas costas.

– Anna Akhmátova (1889-1966), in Poesia da recusa. Org. e trad. Augusto de Campos. Col. Signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006. In Revista Prosa e Verso.*
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Historiadores do futuro poderão registrá-lo como o dia em que o usualmente imperturbável Ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov decidiu que para ele basta, essa conversa acabou:

Estamos já nos habituando ao fato de que a União Europeia tenta impor restrições unilaterais, restrições ilegítimas, e temos de assumir, a essa altura, que a União Europeia é parceira não confiável.

Josep Borrell, chefe da política exterior da União Europeia (UE), em visita oficial a Moscou, recebeu esse soco bem no queixo.

Lavrov, sempre o perfeito gentleman, acrescentou, “Espero que a revisão estratégica que acontecerá em breve firme seu foco nos interesses chaves da União Europeia e que aquelas conversações ajudem a tornar mais construtivos os nossos contatos.”

O ministro russo referia-se à reunião dos chefes de Estado e de governo da EU, no próximo mês, na qual discutirão Rússia. Lavrov não alimenta qualquer ilusão de que os “parceiros não confiáveis” agirão como adultos.

Mas há algo imensamente intrigante na fala de abertura de Lavrov, no encontro com Borrell: “O principal problema que todos enfrentamos é a falta de normalidade nas relações entre Rússia e União Europeia – os dois maiores players no espaço eurasiano. É situação insalubre, que em nada beneficia qualquer dos envolvidos.”

Os dois maiores players no espaço eurasiano (itálicos meus). Guardem bem em mente. Voltaremos à essa questão.

Como estão as coisas, a União Europeia parece irrecuperavelmente viciada em só piorar a “situação insalubre”. A presidenta da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, em evento inesquecível, estragou a jogada de Bruxelas para as vacinas. Essencialmente, mandou Borrell a Moscou para requerer para empresas europeias, direitos de licenciamento para produzir a vacina Sputnik V – cujo uso está para ser aprovado pela UE.

E os eurocratas preferem cenas de histeria para promover Navalny, funcionário da OTAN já condenado por fraude e seus bufões cúmplices – o Guaidó russo.

Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, sob a cobertura da “contenção estratégica”, o comandante do Comando Estratégico dos EUA (ing. US STRATCOM), Almirante Charles Richard, deixou escapar que “há real possibilidade de que uma crise regional com Rússia ou China possa escalar rapidamente para conflito que envolva armas nucleares, se se perceber que perda convencional ameace o regime ou o estado”.[1]

Assim, já se pode distribuir a culpa pela próxima – e derradeira – guerra, conforme o comportamento “de desestabilização” de Rússia e China. Assumem que serão “derrotados” – e, pronto, num surto de fúria, detonam a bomba atômica. O Pentágono será mais que só vítima; afinal, diz Mr. STRATCOM, não estamos “paralisados na Guerra Fria”.

Planejadores do STRATCOM bem que poderiam ler Andrei Martyanov, analista militar craque, que há anos batalha na linha de frente detalhando o modo como o novo paradigma hipersônico – e não os arsenais nucleares – mudaram a natureza da guerra.

Depois de detalhada discussão técnica, Martyanov mostra como “os EUA hoje simplesmente não têm boas opções.” Nenhuma. A opção menos ruim contudo é conversar com os russos, e não em termos do bobajol geopolítico e sonhos molhados de que os EUA, ninguém sabe como, conseguiriam convencer a Rússia a “abandonar” a China –, porque os EUA têm absolutamente nada, zero, a oferecer a Rússia ‘em troca’ da China. Mas pelo menos russos e norte-americanos podem finalmente acertar entre eles as respectivas tolices de “hegemonia” e convencer a China a finalmente sentar com eles, como uma Terceira Grande, para finalmente decidirem como governarão o mundo. Essa é a única chance de os EUA continuarem relevantes no novo mundo.”

A marca da Horda Dourada

Assim como são praticamente inexistentes as probabilidades de a UE conseguir dar jeito na “situação insalubre” com a Rússia, não há sinal de que o que Martyanov esquematizou venha a ser considerado pelo Estado Permanente* dos EUA.

O caminho adiante parece irretorquível: sanções perpétuas; expansão perpétua da OTAN sobre as fronteiras russas; formação de um anel de estados hostis em torno da Rússia; interferência perpétua dos EUA em assuntos internos da Rússia – além de um exército de 5ª-colunistas; e guerra de informação perpétua de pleno espectro.

Lavrov tem dito com clareza cada dia mais absoluta que Moscou já nada espera. Mas os fatos continuarão a se acumular ‘em solo’.

O Gasoduto Ramo Norte 2 (Nordstream 2) será concluído – com sanções ou sem sanções – e fornecerá o muito necessário gás natural para Alemanha e UE. Navalny – fraudador condenado –, com 1% de “popularidade” real na Rússia – permanecerá na prisão. Cidadãos em toda a UE receberão a vacina Sputnik V. A parceria estratégica Rússia-China continuará a se solidificar.

Para compreender como chegou-se a essa confusão russofóbica nada abençoada, encontra-se um mapa do caminho essencial em Russian Conservatism, novo e excitante estudo de filosofia política de autoria de Glenn Diesen, professor associado na Universidade do Sudeste da Noruega, conferencista na Escola Superior de Economia de Moscou, e um dos meus muito ilustres interlocutores em Moscou.

Diesen começar pelos pontos essenciais: geografia, topografia e história. A Rússia é potência terrestre muito extensa, sem suficiente acesso por mar. A geografia, argumenta Diesen, condiciona os fundamentos das “políticas conservadoras definidas pela autocracia, um complexo ambíguo de nacionalismo e o duradouro papel da Igreja Ortodoxa” – algo que implica resistência contra o “secularismo radical”.

É sempre crucial lembrar que a Rússia não tem fronteiras naturais defensáveis; foi invadida ou ocupada por suecos, poloneses, lituanos, pela Horda Dourada Mongol, pelos tátaros da Crimeia e por Napoleão. Para nem mencionar a imensamente sangrenta invasão nazista.

O que se esconde numa palavra? Tudo: “segurança”, em russo é byezopasnost. É palavra ‘de negação’, iniciada por byez, que significa “sem”. E opasnost significa “perigo”.

O complexo da Rússia, sua constituição histórica sem paralelo sempre apresentou sérios problemas. Sim, houve forte afinidade com o império bizantino. Mas se a Rússia “exigisse que a autoridade imperial se transferisse de Constantinopla, seria obrigada a conquistá-la.” E fazer o sucessor, papel e legado da Horda Dourada relegaria a Rússia ao status de potência apenas asiática.

Na trilha da modernização russa, a invasão mongol não provocou só um cisma geográfico, também deixou sua marca na política: “A autocracia tornou-se necessidade, depois do legado mongol e do estabelecimento da Rússia como império eurasiano com expansão geográfica fracamente conectada”.

“Um colossal Oriente Ocidente”

Rússia tem a ver integralmente com Oriente encontra Ocidente. Diesen nos lembra como Nikolai Berdyaev, um dos principais líderes conservadores do século 20, já dissera em 1947: “A inconsistência e a complexidade da alma russa podem ser devidas ao fato de que na Rússia unem-se duas fontes da história do mundo – Oriente e Ocidente – que se empurram e influenciam-se mutuamente (…) A Rússia é uma seção do mundo – um colossal Oriente Ocidente.”

A ferrovia Transiberiana, construída para reforçar a coesão interna do império russo e para projetar poder na Ásia, foi importante fator que mudou o jogo: “Com os assentamentos de agricultores russos em expansão para o oriente, a Rússia ia cada vez mais substituindo as antigas estradas, que, antes, haviam conectado e controlado a Eurásia.”

É fascinante assistir ao modo como o desenvolvimento econômico russo levou à teoria da Terra Central de Mackinder – segundo a qual para controlar o mundo seria necessário controlar o supercontinente Eurasiano. O que apavorou Mackinder é que as ferrovias russas conectando a Eurásia, minariam toda a estrutura de poder da Grã-Bretanha como império marítimo.

Diesen também mostra como o Eurasianismo – que emergia nos anos 1920s entre emigrados, como resposta a 1917 – foi de fato uma evolução do conservadorismo russo.

O Eurasianismo, por várias razões, jamais se tornou movimento político unificado. O centro do Eurasianismo é a noção de que a Rússia não era meramente um estado da Europa Oriental. Depois da invasão pelos mongóis no século 13 e da conquista dos reinos tátaros no século 16, a história e a geografia da Rússia já não podiam ser só europeias. O futuro exigiria abordagem mais equilibrada – e engajamento com a Ásia.

Dostoievsky formulou brilhantemente essa ideia, em 1881, antes de todos:

Os russos são tão asiáticos quanto europeus. O erro de nossa política pelos últimos dois séculos tem sido fazer crer ao povo da Europa que seríamos verdadeiros europeus. Servimos bem demais à Europa, assumimos parte grande demais nas querelas domésticas europeias (…) Curvamo-nos como escravos diante dos europeus e deles só recebemos ódio e desprezo. É hora de nos afastarmos da Europa ingrata. Nosso futuro está na Ásia.

Pode-se dizer que Lev Gumilev (1912-1992)** foi o superastro de uma nova geração de eurasianistas. Para Gumilev, a Rússia tinha base sobre uma coalizão natural entre eslavos, mongóis e turcos. The Ancient Rus and the Great Steppe, publicado em 1989 [parece não existir edição em inglês (NTs)], teve imenso impacto na Rússia depois do colapso da URSS – como ouvi, de primeira mão, de meus anfitriões russos, quando cheguei a Moscou, pela Transiberiana, no inverno de 1992.

Como Diesen apresenta o quadro, Gumilev oferecia uma espécie de terceira via, para além do nacionalismo europeu e do internacionalismo utopista. Foi criada uma Universidade Lev Gumilev no Cazaquistão. Putin referiu-se a Gumilev como “o maior eurasiano de nosso tempo”.

Diesen nos faz lembrar que George Kennan, em 1994, reconheceu a luta dos conservadores por “esse país tragicamente ferido e espiritualmente diminuído”. Em 2005, Putin foi muito mais severo:

O colapso da União Soviética foi a maior catástrofe geopolítica do século. E para o povo russo, foi drama real (…) Os velhos ideais foram destruídos. Muitas instituições foram desmanteladas ou simplesmente reformadas às pressas (…) Com controle ilimitado sobre os fluxos de informação, grupos de oligarcas serviram exclusivamente aos seus próprios interesses corporativos. A pobreza em massa começou a ser aceita como normal. Tudo isso, sobre o pano de fundo da mais severa recessão econômica, finanças instáveis e paralisia na esfera social.


Aplicando a “democracia soberana”

Assim chegamos à crucial questão europeia.

Nos anos 1990s, liderada por Atlanticistas, a política externa russa era focada na Europa Expandida, conceito baseado no Lar Europeu Comum [ing. Common European Home], de Gorbachev.

Mesmo assim, a Europa pós-Guerra Fria, na prática, acabou configurada como a expansão non-stop da OTAN e o nascimento – e expansão – da União Europeia. E fizeram-se todos contorcionismos liberais imagináveis, para incluir toda a Europa, e excluir a Rússia.

Diesen tem o mérito de resumir todo o processo, em uma frase: “A nova Europa liberal representou uma continuidade britânico-norte-americana, em termos da dominância de potências marítimas e do objetivo de Mackinder, de organizar o relacionamento entre Alemanha e Rússia como jogo de soma zero, para impedir que os respectivos interesses se alinhassem”.

Não surpreende que Putin, subsequentemente, tenha tido de ser coroado Espantalho Supremo, ou “o novo Hitler”. Putin rejeitou rápida e completamente o papel da Rússia como mera aprendiz da civilização ocidental e – o corolário daquele papel – a hegemonia (neo)liberal.

Mas ainda permanecia conciliador. Em 2005, Putin destacou que “acima de tudo mais, a Rússia foi, é e será grande potência europeia”. Queria apartar o liberalismo e a política do poder – , rejeitando os fundamentos da hegemonia liberal.

Putin dizia que não há modelo único de democracia. Essa noção foi adiante conceptualizada como “democracia soberana”. Não pode haver democracia sem soberania. E assim se descartava a “supervisão” do Ocidente, para fazer ‘funcionar’ as democracias.

Em observação aguda, Diesen diz que, se a URSS foi “eurasianismo radical de esquerda, algumas de suas características eurasianas poderiam ter-se transferido para o eurasianismo conservador.” Diesen registra que Sergey Karaganov, às vezes chamado de o “Kissinger Russo”, mostrou o quanto “a União Soviética foi central para a descolonização e serviu de parteira na ascensão da Ásia, ao privar o Ocidente da capacidade para impor a própria vontade ao mundo mediante força militar – o que o ocidente sempre fez, do século 16 até os anos 1940s”.

É constatação amplamente aceita em vastas áreas do Sul Global – da América Latina e África até o Sudeste da Ásia.

Península ocidental da Eurásia

Assim, depois do fim da Guerra Fria e do fracasso da Europa Expandida, o movimento de pivô feito por Moscou para construir a Eurásia Expandida teria sempre, fatalmente, ares de inevitabilidade histórica.

A lógica é impecável. Os dois nodos geoeconômicos da Eurásia são a Europa e o Leste da Ásia. Moscou quer conectá-los economicamente num supercontinente: é onde a Eurásia Expandida encontra a Iniciativa Cinturão e Estrada (ICE). Mas há ainda a dimensão extra da Rússia, como escreve Diesen: uma “transição para longe da periferia usual daqueles centros de poder e na direção do centro de um novo constructo regional”.

De uma perspectiva conservadora, enfatiza Diesen, “a economia política da Eurásia Expandida capacita a Rússia a superar a própria obsessão histórica com o Ocidente e a estabelecer uma via russa orgânica rumo à modernização”.

Isso implica desenvolver indústrias estratégicas; corredores de conectividade; instrumentos financeiros; projetos de infraestrutura para conectar a Rússia europeia com a Rússia da Sibéria e do Pacífico. Tudo isso sob novo conceito: uma economia política industrializada conservadora.

E acontece que a parceria estratégica Rússia-China é ativa nesses três setores geoeconômicos: indústrias estratégicas/plataformas techno, corredores de conectividade e instrumentos financeiros.

Assim, outra vez, a discussão é empurrada para o imperativo categórico supremo: o confronto entre a Terra Central e uma potência marítima.

Historicamente, as três grandes potências eurasianas foram os citas, os hunos e os mongóis. A causa chave da fragmentação e da decadência das três é não terem conseguido alcançar – e controlar – as fronteiras marítimas da Eurásia.

A quarta grande potência eurasiana era o Império Russo – e a potência que o sucedeu, a URSS. Uma das razões decisivas do colapso da URSS é que, tampouco ela, conseguiu alcançar – e controlar – as fronteiras marítimas da Eurásia.

Os EUA cuidaram de impedir que acontecesse, usando uma fórmula em que se misturavam Mackinder, Mahan e Spykman. A estratégia dos EUA chegou até a ser conhecida como “mecanismo Spykman-Kennan de contenção” – todos os tais “deslocamentos adiante” na periferia marítima da Eurásia, na Europa Ocidental, no Leste da Ásia e no Oriente Médio.

Hoje, todos já sabemos que a estratégia geral offshore dos EUA – e razão básica pela qual os EUA entraram nas duas Guerras Mundiais – era impedir, por todos os meios necessários, que emergisse um hegemonia eurasiano.

Quanto a EUA posicionarem-se como hegemonia, a ideia seria exposta– com a inevitável arrogância imperial – pelo Dr. Zbig “Grande Tabuleiro de Xadrez” Brzezinski em 1997: “Para impedir a colusão e manter os vassalos dependentes para terem segurança; para manter os tributários obedientes e protegidos; e para impedir que os bárbaros se unam”. Bom velho Dividir e Governar, aplicado via “dominação por sistema”.

Esse é o sistema que agora está ruindo – para desespero dos suspeitos de sempre. Diesen observa que “no passado, empurrar a Rússia na direção da Ásia relegaria a Rússia à obscuridade econômica e eliminaria seu status como potência europeia.” Mas agora, com o centro da gravidade geoeconômica pendendo para a China e Leste da Ásia, todo o jogo muda completamente.

A demonização ininterrupta, dia e noite, todos os dias, de Rússia-China, combinada à mentalidade de “situação insalubre” da gangue dos países da EU, só ajuda a empurrar a China mais e mais, cada vez para mais perto da China – exatamente a situação na qual está chegando ao fim a dominação pelo Ocidente, que durou apenas dois séculos, como Andre Gunder Frank demonstrou conclusivamente.

Diesen, talvez diplomaticamente demais, lembra que que “as relações entre Rússia e o Ocidente também mudarão com a ascensão da Eurásia. A estratégia ocidental de hostilidade anti-Rússia apoia-se no pressuposto de que a Rússia não teria para onde correr, e teria de aceitar o que o Ocidente ofereça em termos de “parceria”. A ascensão do Oriente altera fundamentalmente o relacionamento de Moscou com o Ocidente, ao permitir que a Rússia diversifique suas parcerias”.

É possível que estejamos bem rapidamente nos aproximando do ponto em que a Rússia da Eurásia Expandida presenteará a Alemanha com oferta do tipo pegar-ou-largar. Ou nós construímos juntos a Terra Central, ou os russos a construiremos com a China. – E vocês serão coadjuvantes históricos. Claro, sempre há a possibilidade de se formar um eixo Berlim-Moscou-Pequim, embora ainda distante. Coisas mais estranhas já aconteceram.

Mas Diesen confia que “as potências terrestres eurasianas eventualmente incorporarão a Europa e outros estados em sua periferia interior da Eurásia. Lealdades políticas mudarão incrementalmente, conforme interesses políticos migrem para o Oriente, e a Europa converta-se gradualmente em península oriental da Eurásia Expandida”.

Isso sim é assunto para tirar o sono dos charlatães peninsulares, vendedores de “situação insalubre”.*******

* Epígrafe acrescentada pelos tradutores.

[1] Em “Eu poderia…”, 6/2/2021, Andrei Martyanov, Blog Reminiscence of the Future – Si Vis Pacem, Para Vinoaqui (ing.) e traduzido no Blog Bacurau Homenagem ao Filme [NTs].

* Orig. Deep State (lit. “Estado Profundo”). Já há algum tempo temos optado por traduzir a expressão por “Estado Permanente”. Depois de muito discutir, chegamos a um consenso: “Afinal de contas, o tal Deep State (i) não é ruim por ser profundo: é ruim por ser eterno, permanente, imutável, inalcançável pelas instituições e forças da democracia; e além disso, (ii) nem ‘profundo’ o tal Deep State é: ele vive à tona, tem logotipos, marcas e nomes na superfície, é visível, portanto; mesmo assim, se autodeclara “profundo”. Não. Ele que se autodeclare o que queira. Nós o declaramos “Estado Permanente” (e anotamos nossos motivos, aqui, em nota dos tradutores (NTs).

** Lev Gumilev (1912-1992) é filho da extraordinária poeta russa Ana Akhmatova – aqui homenageada pelos tradutores, na epígrafe (Nota acrescentada pelos tradutores).

Esse artigo foi retirado da publicação feita no site “Asia Times”, do dia 10 de fevereiro de 2021.

Tradução: Coletivo Vila Mandinga  

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