A esta altura, deveríamos estar escrevendo sobre a retomada de alguma “normalidade”. Mas não é absurdo em 2021 essa continuada gravidade, apesar do início da vacinação. Em 2020, foram várias reveses causadas pelo vírus, culminando com novos picos de casos e mortes. As recentes mutações assustam com pesquisas e governantes.
A pandemia segue a exibir respostas complexas e muitas ainda desconhecidas. Envolvem uma combinação de medidas de predição e vigilância epidemiológica, médico-hospitalares, sanitárias, tecnológicas, sociais e econômicas. Caracterização genômica incessante do vírus, testagem na ordem de milhões de cidadãos, oferta de vacinas em diversas bases tecnológicas, ampliação de milhares de UTIs, distanciamento social e de postos de trabalho. E todas ainda limitadas na contenção da pandemia e suas consequências em inúmeras dimensões da vida humana.
O padrão epidemiológico da covid-19, seu recente recrudescimento e tendências incertas, assim como a perspectiva de surgimento de outras epidemias, indicam que tais medidas poderão ser adotadas novamente em grande escala, senão de forma permanente, ao menos de forma recorrente, exigindo novos arranjos institucionais.
No caso brasileiro, a omissão e o descaso no enfrentamento da pandemia são agravados pela desconstrução de políticas sociais, ambientais e tecnológicas, bem como pela contínua perda de dinamismo econômico, que em conjunto apontam para consequências trágicas. A covid-19 não é apenas uma pandemia, mas uma síndrome provocada por um padrão de exploração econômica insustentável.
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Esse artigo foi retirado da publicação feita na revista “valor”, do dia 19 de fevereiro de 2021.