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Carro elétrico, a revolução geopolítica e econômica do século XXI e o desenvolvimento do Brasil

Por Gustavo Galvão, Bruno Galvão, Rodrigo Loureiro Medeiros e Roberto Pereira D' Araújo

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Gustavo Galvão
Gustavo Galvão
Gustavo Galvão. Economista e Doutor em Economia pela UFRJ. Autor do livro "Finanças Funcionais e a Teoria da Moeda Moderna" (clique aqui para ver ou comprar https://www.amazon.com.br/Finanças-Funcionais-Teoria-Moeda-Moderna-ebook/dp/B08BKTNFDJ) e do livro que será publicado no primeiro trimestre de 2021: "Problemas, Limites e Oportunidades das Finanças Funcionais e da Teoria da Moeda Moderna – MMT: Inflação, Câmbio e Restrição Externa"

Este trabalho analisa as grandes transformações mundiais possivelmente decorrentes da difusão do carro elétrico, que é a principal tecnologia para o novo mundo de baixo carbono. O automóvel revolucionou o século XX. A rede urbana, a estrutura econômica, a produtividade agrícola, a economia dos serviços, as grandes corporações se organizaram e cresceram por causa dele. A indústria automobilística foi sinônimo de desenvolvimento. Isso decorre também da sua importância dentro da metal-mecânica nas Indústrias Centrais, da qual faz parte também a química e a eletrônica. Essas indústrias correspondem a aproximadamente 70% das inovações e das exportações mundiais de manufaturas. A migração da automobilística tradicional para a China ameaça desorganizar a estrutura centro-periferia e é uma ameaça à prosperidade dos desenvolvidos, especialmente Japão e Europa. As barreiras ambientais, o carro elétrico e a revolução tecnológica associada é a grande esperança de proteger a metal-mecânica do Primeiro Mundo dos chineses e indianos. Por diferentes razões, a China também vai apostar no carro elétrico. Sua popularização será a chave para manter o alto crescimento, mas agora liderado pelo mercado interno e pela economia dos serviços, e sem os inconvenientes da gasolina. Essas razões estratégicas de lado a lado podem romper a aliança secular pelo paradigma da gasolina. Porém será uma grande ameaça às apostas de desenvolvimento
brasileiras feitas nos últimos 3 anos: pré-sal, etanol, metal-mecânica do diesel e carros populares e carnes. Para estar preparado para a tendência de motorização elétrica, o Brasil precisa também investir em carros elétricos e híbridos. A melhor forma de fazê-lo é através de campeões nacionais. A tecnologia mais promissora para o Brasil para abastecimento da motorização elétrica é provavelmente a célula combustível a etanol e só um campeão nacional pode garantir espaço de mercado para o país impor essa solução que lhe favorece.

Ninguém jamais ousou imaginar que o governo americano um dia estatizaria a General Motors – GM qualquer que fosse a crise. Primeiramente, porque a GM foi durante a maior parte do século XX a maior empresa do mundo e orgulho do capitalismo americano. A gigante já passou incólume por muitas crises incluindo a grande depressão dos anos 30. Segundo, porque os EUA sempre foram os grandes defensores da livre iniciativa, das privatizações e combateram as estatizações em todo o mundo. Jamais alguém imaginou que o governo americano iria controlar uma empresa industrial. Isso é um abalo absolutamente inusitado em nossas crenças sobre economia e política.

Deixando de lado a questão ideológica, faz-se necessário avaliar o motivo dessa medida tão inesperada. Para tal, vamos buscar entender em que se baseia a riqueza de uma nação. A riqueza de uma nação é normalmente medida pela renda per capita. Dada a população, quanto mais alta a renda per capita, mais rico um país. Entretanto, uma elevada renda per capita significa também um grande consumo per capita.

Para sustentar muito consumo, é necessário muita produção e inevitavelmente muita importação, pois nenhum país pode ser auto-suficiente. As importações precisam ser pagas em moeda internacional. Se o país não emite moeda internacional, só pode obtê-la com exportações ou empréstimos. Como mostra a história brasileira e mundial, grande volume de dívida externa causa dependência e crises cambiais. Portanto, uma grande nação precisa ter um elevado nível de exportações per capita e evitar que as importações per capita cresçam muito (Dos Santos, 2005).

Nesse sentido, a importância do setor automobilístico no consumo, nas exportações e no desenvolvimento tecnológico pode explicar o cuidado dedicado pelo governo de Obama, que reelegeu a empresa como “Campeã Nacional” e fez de tudo para garantir a continuidade operacional e mantê-la em mãos nacionais.

Essa conclusão parece óbvia, mas não é isenta de polêmica. Os EUA já abriram mão de diversos setores, como têxtil, calçados e eletrônicos de consumo. Por que agora seria diferente?

Para ler o artigo completo: Carro Elétrico e a nova Revolução Industrial

 

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