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“Não é acaso que o conflito no Donbass seja revivido agora que, sob o novo governo Biden, Antony Blinken assumiu suas funções de secretário-de-estado. De origem ucraniana, Blinken foi o principal realizador do putsch da praça Maidan, na função de conselheiro adjunto de segurança nacional no governo Obama-Biden.”
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Caças F-16 norte-americanos, enviados da base de Aviano, estão ativos em “operações aéreas complexas” na Grécia, onde começou, dia 12 de abril, o exercício Iniochos 21.
São parte do 510º Esquadrão de Caças estacionado em Aviano, e cuja função vê-se clara no emblema: o símbolo do átomo, com três raios que atingem a Terra, ‘cuspidos’, pode-se dizer, pela águia imperial. Os aviões que a Força Aérea dos EUA deslocou para a Grécia são portanto aviões de ataque nuclear. Em 2020, a Grécia deu acesso aos EUA para utilização de todas as duas bases militares.
Os caças-bombardeiros F-16 e F-15 de Israel e dos Emirados Árabes Unidos participam também de “Iniochos 21”. O exercício desenrola-se no Mar Egeu, próximo da zona que compreende o Mar Negro e a Ucrânia, onde está concentrado o megaexercício militar Defender Europa 21 do exército dos EUA.
Essas e outras manobras, que fazem da Europa uma grande praça de armas, criam crescente tensão com a Rússia, focalizada sobre a Ucrânia. A OTAN, depois de ter destruído a Federação Iugoslava, metendo a cunha da guerra nas fraturas internas, faz agora pose de digna defensora da integridade territorial da Ucrânia.
O presidente da Comissão Militar da OTAN, o comandante da Royal Air Force britânica, Stuart Perch, em encontro em Kiev com o presidente Zelensky e o chefe do estado-maior Khomchak, declarou que “os aliados da OTAN estão unidos para condenar a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia e suas ações agressivas no leste da Ucrânia”.
Apenas repetiu, portanto, a versão fake segundo a qual a Rússia teria anexado a Crimeia à força. E apagou o fato de que os russos da Crimeia decidiram, por referendo, separar-se da Ucrânia e reintegrar-se à Rússia, para evitar de serem atacados como aconteceu aos russos do Donbass, pelos batalhões neonazistas de Kiev.
Os mesmos batalhões foram utilizados em 2014 como força de contato durante o “putsch” da praça Maïdan, desencadeado por atiradores de precisão georgianos, escondidos, que atiraram contra manifestantes e policiais, e nas ações que se seguiram: vilas incendiadas e moradores assassinados, militantes queimados vivos na Câmara do Trabalho de Odessa, civis desarmados massacrados em Mariopol, bombardeio com bombas de fósforo branco em Donetsk e Lugansk.
Foi golpe de Estado sangrento, sob direção dos EUA e da OTAN, que tinha o objetivo estratégico de provocar nova guerra fria na Europa para isolar a Rússia e, ao mesmo tempo, reforçar a influência e a presença militar dos EUA na Europa.
O conflito no Donbass, cujas populações auto organizaram-se em Repúblicas Populares, de Donetsk e de Lugansk, com as respectivas próprias milícias populares, conheceu período de relativa calmaria, com abertura de conversações em Minsk para encontrar solução pacífica.
De repente, o governo ucraniano retirou-se das conversações, sob o pretexto de que se recusaria a se render a Minsk, ‘porque’ Belarus ‘não é país democrático’. Simultaneamente, as forças de Kiev reiniciaram os ataques armados no Donbass.
O chefe do estado-maior Khomchak, que Stuart Perch felicitou, em nome da OTAN por seu “engajamento na busca de solução pacífica para o conflito”, declarou que o exército de Kiev “prepara-se para a ofensiva no leste da Ucrânia” e que, nessa operação “espera-se a participação dos aliados da OTAN”.
Não é acaso que o conflito no Donbass seja revivido agora, sob o novo governo Biden, quando Antony Blinken assumiu as funções de secretário-de-estado. De origem ucraniana, Blinken foi o principal realizador do putsch da praça Maidan, na função de conselheiro adjunto de segurança nacional no governo Obama-Biden.
Biden nomeou Victoria Nuland, secretária-de-estado adjunta, e também diretora adjunta, em 2014 da operação dos EUA na Ucrânia, que custou mais de 5 bilhões de dólares e visava a estabelecer “boa governança” (como a própria Nuland declarou) naquele país.
Não se pode excluir a possibilidade de que, hoje, já tenham plano feito: promover uma ofensiva das forças de Kiev contra o Donbass, apoiada de fato pela OTAN. Moscou pode ver-se diante de uma escolha que de qualquer modo sempre satisfará Washington: deixar que as populações russas do Donbass sejam massacradas; ou intervir militarmente para apoiá-las.
EUA e OTAN estão brincando com fogo, e não em sentido figurado, acendendo a mecha de uma bomba no coração da Europa.*******
Esse artigo foi retirado da publicação feita no site “il manifesto”, do dia 13 de abril de 2021.
Tradução: Coletivo Vila Mandinga