O último boletim Focus (22/11) mostra que as expectativas para a Brasil seguem piorando. Os analistas esperam que a inflação feche o ano em 10,12%, chegando aos dois dígitos. A taxa esperada de crescimento do PIB baixou para 4,80% em 2021. Como em 2020 tivemos queda de 4,1%, o crescimento deste ano mal vai repor as perdas do ano anterior.
Em 2022, a Focus prevê crescimento de 0,7% — ou seja, é esperada a volta da estagnação em que estávamos desde o impeachment. Na verdade, desde a guinada ultraliberal iniciada em novembro de 2014, quando a Dilma entregou o comando da economia a um Chicago boy.
O boletim Focus do Banco Central é baseado na opinião de mais de 100 economistas do mercado financeiro. Eles são animadores de torcida, lobistas profissionais. Tente imaginar cheerleaders, com saias curtas, sutiãs ousados e pompons. A cada medida que beneficia o mercado, as meninas saltam e aplaudem.
Mas a pesquisa Focus mostrou cheerleaders desanimadas. Elas não acreditam que o Brasil vai ter, após a pandemia, uma recuperação econômica em V — como profetizou o Sinistro da Economia. Que grande surpresa. Mal consigo conter minha perplexidade.
O Sinistro esteve este mês no Catar fazendo o mesmo que o restante da comitiva brasileira. Mentindo. O Zero-Zero disse que a floresta Amazônica não queima por ser úmida — está igualzinha como Cabral a encontrou em 1500. Na mesma toada, o Sinistro assegurou a investidores que a economia do Brasil estava decolando.
A mitomania, também conhecida como mentira patológica, é a tendência duradoura e incontrolável para a mentira. Quem sofre de tal enfermidade precisa procurar um psiquiatra. E tomar drogas farmacêuticas controladas.
O Sinistro e o Zero-Zero mentem como respiram. Mas, no Catar, mentiram para as pessoas erradas. Confundiram investidores árabes com os tiozões “patriotas” do YouTube. Os árabes, bem informados, devem ter percebido que o Brasil é governado por mitômanos e loucos. É provável que fujam do Brasil como o diabo da cruz.
Resta aos ultraliberais a desculpa de que a crise de estagflação brasileira foi herdada do exterior. A economia do restante do mundo está tão mal quanto a do Brasil, certo?
Errado. Segundo as últimas projeções do FMI, o PIB do mundo deve crescer 5,9% em 2021 e 4,9% em2022. Ou seja, vai crescer a uma taxa média de 5,4% no biênio.
Se forem confirmadas as previsões do boletim Focus para 2021 e 2022, qual será a taxa média de crescimento do PIB durante o governo do Zero-Zero?
Bem, o PIB cresceu 1,2% em 2019, -4,1% em 2020 e cresceria 4,8% em 2021 e 0,7% em 2022. A taxa de crescimento média seria de 0,65% no quadriênio (2019-2022). Este é o país que, segundo o Sinistro da Economia, estaria “decolando”.
Devemos lembrar que a população cresce 0,7% ao ano. O PIB per capita deve diminuir durante a gestão Bolsonaro. Renda per capita em queda significa empobrecimento nacional. Mas, na verdade, a situação é muito pior do que isto.
O PIB precisa crescer 3% ao ano em média para criar emprego para os jovens que entram todo ano no mercado de trabalho. Um crescimento médio de 0,65% ao ano significa aumento do desemprego, da exclusão social e da pobreza.
25/11/2021
Petronio Portella Filho