99% Uni-vos!
Criação do BRIC’s
O acrônimo BRIC derivado de “tijolo (brick)” foi criado, em 2001, pela equipe do então economista-chefe da Goldman Sachs, Jim O’Neil, acreditando no potencial econômico, nas próximas décadas dos países Brasil/Rússia/Índia/China. Em 2008, a ideia foi efetivada com o arranjo institucional pelos dirigentes Lula/Medvedev/Singh/Hu Jintao. Em 2011, por ocasião da III Cúpula, a África do Sul foi incorporada ao bloco, que adotou a sigla BRICS.
De um bloco entre países para o vencedor Super Bloco BRICS
O potencial de crescimento do Bloco, prenunciado por O’Neil em 2001, foi confirmado pelo forte crescimento chinês e do Brasil ao passarem sem grandes perdas pela Crise de 2008 (em 2010, o Brasil cresce 7,5% e traz o imenso potencial da província do Pré Sal). Em 2010, o bloco alcançou o PIB conjunto de US$ 11 tri – 18% do PIB Mundial ou US$ 19 tri, 25% do PIB Mundial, pela Paridade do Poder de Compra-PPC.
Em 2017, conforme dados do World Economic Outlook-WEO (https://www.brasildefato.com.br/2020/10/22/artigo-pib-chines-em-paridade-de-poder-de-compra-ultrapassa-pib-estadunidense) o PIB-PPC do BRICS alcançou 29,3% do PIB-PPC-Mundial maior do que os EUA-16,1% e da UE-12,9%. As estimativas, para 2019, eram BRICS- 30,6%, enquanto EUA-15,9% e UE-12,5%.
Atualmente, a China se consolida como o maior PIB mundial em PPC, tem passado com poucas perdas econômicas pelos anos do Covid 19. A economia russa, apesar de perdas pela recessão mundial, tem se consolidado como potência energética e militar. Já o Brasil a Índia e a África do Sul sofreram por falhas políticas e administrativas perdendo substância econômica conjuntural, sem, entretanto, perder seus fundamentos de médio prazo.
A China não só revela ao mundo a tecnologia do 5G, como desenvolve o projeto “Belt and Road Initiative- BRI” significando rotas de Comércio para o mundo, onde os EUA e a UE são seus maiores compradores.
Então, o Super Bloco significa Comércio&Paz para o mundo, não?
Sim, o comércio entre nações sempre significou algo como positivo de interação entre povos e desenvolvimento! Só que no contexto geopolítico o predomínio de um país vendedor sobre outro, pode significar desequilíbrio no poder econômico e político global. E, principalmente, quanto um país, a China ultrapassa a barreira tecnológica da informação e comunicação com o 5G e a Rússia ou equipara ou supera a tecnologia bélica da nação ainda hegemônica financeiramente. O que dirá se ainda os 3 países restantes do bloco, Brasil, Índia e África do Sul estiverem unidos politicamente fortalecendo com matérias primas e combustível o poder econômico e comercial do BRICS?
O atrito geopolítico gerado!
Então o que vemos? Em janeiro de 2021, no Fórum Econômico Mundial, desta vez realizado na forma virtual (vide: https://paraiso-brasil.org/2021/03/02/xi-jinping-e-putin-confirmam-expectativas-do-debate-civilizatorio-pos-covid-redencao-ou-barbarie/), Rússia e China, na figura de seus 2 líderes Putin e Xi Jinping afirmaram a necessidade da multipolaridade para o progresso do mundo e para o necessário fortalecimento da gestão global de forma relevante para o enfrentamento à peste assassina- o Covid 19. Putin lembrou dos riscos, inclusive bélicos, ameaçando a existência terrena, pela manutenção da unipolaridade e Xi Jinping reafirma o fortalecimento das instituições mundiais para fins da gestão global perante à pandemia e oferece um modo de “Ganha/ganha” perante um mundo ainda desigual pelo poder econômico concentrado.
A partir de janeiro o que vemos até agora é a reação do poder unipolar se sentindo ameaçado. Diante do impasse o mundo posterga um enfrentamento à pandemia de maneira global e se prejudica entre perdas humanas e baixa recuperação econômica!
Qual a solução?
I-Vacinação tecnicamente possível: O mundo transformou a possibilidade de vacinação universal em guerra das vacinas. Nos últimos 2 anos de pandemia, foi dito, inicialmente, que uma vacina só apareceria em 4 anos. A Ciência surpreendeu e surgiu vacinas em menos de 2 anos, a vacinação começou, mas ainda é claramente insuficiente ou por desigualdade econômica&logística ou por discussões políticas. O fato é que vacinação sempre foi um ato de amor à humanidade, mas agora além disto é pragmaticamente necessária: em um mundo globalizado a não vacinação de forma relevante é, simplesmente, a contínua geração de novas cepas!
É caro?: A OMS estima uma necessidade de 8 bilhões de doses, a um custo médio de US$ 15 por dose, seriam US$ 120 bi ou 0,22% do PIB conjunto de EUA, UE, e dos BRICS igual a US$ 55 tri ( vide https://pt.tradingeconomics.com/matrix). Então, menos de 1% para salvar a humanidade e recuperar a economia!
II-Comércio mundial tecnicamente possível: A China é a maior fornecedora de produtos para os EUA e UE. A Rússia é a maior fornecedora de gás natural para a UE. O dólar é a moeda universal. Consumidores estadunidenses estão acostumados a comprarem produtos “made in China”. Então, como travar o que já funciona há décadas? Como a administração estadunidense pode retrair um fluxo de comércio estabelecido e consolidado? Como enfrentar uma inflação de custos se retirar produtos e insumos chineses com seus custos reduzidos? Só seria possível através de constrangimentos políticos internacionais gerados por parte da administração estadunidense. E esta parte administrativa representa os interesses verdadeiramente estadunidenses?
III-Comércio e Paz politicamente negociada: Estamos diante de 2 dilemas mundiais, a necessidade da Vacinação Universal e a liberação de sanções ao Comércio Internacional.
Mas quem faria isso? O Papa e lideranças mundiais! As 2 questões estão lançadas, se faz necessário uma grande concertação mundial, mas ainda falta mais alguém, sim o mesmo que na primeira década participou ativamente de avanços institucionais mundiais, sim, falta Lula na grande concertação, o mesmo que participou da expansão do G7 para o G20, o mesmo que participou da criação do Super Bloco BRICS!
Então, por que não Lula, como Chanceler do BRICS?
Salvem a humanidade!
Helio Silveira – Economista aposentado do BNDES
Rogerio Lessa – Jornalista econômico
Gustavo Galvão-Doutor em Economia, autor do livro Finanças Funcionais e a Teoria da Moeda Moderna
Guilherme Estrela-Geólogo aposentado da PETROBRAS