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Há 3 anos atrás Saturnino, com 88 anos, torcia estar vivo este ano para comemorar no Bicentenário a adesão do Brasil a seu projeto: Potência da Paz

Por Roberto Saturnino Braga

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Meu ânimo se recusa a falar mais de Bolsonaro e sua troupe. E  nem há mais o que dizer. Todo mundo já sabe quem ele é. Só não sabem por que votaram nele e nem como é que vão aguenta-lo por quatro anos!

A última é que o Brasil não precisa mais de filosofia e de sociologia.

Chega. Mudo de assunto.

O  desenvolvimento  econômico  e  político da  Europa  Ocidental,  após  os  longos  séculos  da estagnação medieval, foi um processo que acompanhou quase simultaneamente o progresso da ciência na região, deflagrado a partir de uma decisão política tomada em Portugal em meados do século XV.

Com a presença árabe em retirada, surgiu a ciência organizada do Ocidente em Portugal, com propósitos expansionistas, quando o Infante D. Henrique reuniu um notável grupo de geógrafos, cartógrafos, geômetras, técnicos navais e mestres de engenharia, para formar uma sólida base de conhecimentos capaz de dar suporte à grande aventura histórica de descobrir o mundo.

Claro que havia o interesse econômico do comércio com as Índias. O ponto de vista da História, entretanto, focaliza e destaca a primeira congregação de cientistas do Ocidente ocupados com tarefas que compunham o megaprojeto do Descobrimento. Muitos chamaram esta congregação de Escola de Sagres.

O  êxitos  extraordinários  de  Vasco  da Gama, Colombo  e Cabral  geraram  entretanto  grandes projetos políticos de poder e dominação que, provavelmente, ofuscaram aquele interesse anterior no desenvolvimento científico nos países ibéricos, enquanto Galileu na Itália, Des Cartes na França, Bacon na Inglaterra e Huygens na Holanda cresciam como expoentes de uma ciência que, iniciada em Portugal, seguia seu curso com interesse crescente daquelas nações.

A  continuidade  deste  processo,  a  objetividade  prática  dos  ingleses, a  sabedoria  da  Rainha Elizabeth investindo na grande armada, o ouro do Brasil financiando, via Portugal, os investimentos do crescente processo de industrialização da Ilha  fizeram da Inglaterra a primeira Grande Potência mundial do fim do sec XVIII ao fim do século XIX.

O Império Britânico dava a volta ao mundo (Canada, Egito, África do Sul, Índia e Austrália, além de muitos pontos menores), o inglês passou a ser a língua do mundo, a Libra era a moeda do mundo, e Londres, a City, era a capital econômica do mundo.

As  guerras contra  rivais europeus  acabou  por  minar, e até  destruir esta  hegemonia  absoluta, favorecendo principalmente seu grande aliado americano que, ao fim da primeira guerra, já repontava sua liderança e ao fim da segunda confirmou sua hegemonia absoluta no Ocidente. Encontrou, todavia, uma liderança rival no oriente, emergida também na segunda guerra, a União Soviética, antiga Rússia, que trazia, ademais, uma proposta nova de organização política, o  Socialismo, adotada, logo, pelo novo gigante que emergia na Ásia como nova potência, a China.

Dos gigantes  territoriais e demográficos  do mundo — uma  classificação  que  não  compreende o Canadá, pela relativa pequenez da sua população e pela grande proporção de terras geladas no seu território — dos gigantes do mundo, a Índia e o Brasil não atingiram, no segundo milênio, o estágio de grandes potências, não obstante a influência política forte de que desfrutam no concerto.

A Índia, pelo gigantismo da sua população, e pela forte tradição cultural e histórica que possui, tem uma presença algo mais forte que o Brasil, uma vantagem que tende a crescer nos próximos anos pela grandeza dos investimentos em ciência e tecnologia que tem feito.

Sobre  o  Brasil  pesa, de  fora, a  sufocante  liderança norteamericana,  que  tem  uma  história de grande preocupação deles com a grandeza do Brasil, desde o momento da nossa independência como um IMPÉRIO, ao tempo em que eram pouco mais do que treze pequenas colônias que se haviam tornado um país independente.

De dentro, pesa  sobre o Brasil a  influência  dominante de  uma elite alienada, uma elite de origem agrária que se urbanizou sem ter funções definidas nas cidades, uma elite frustrada que passou a ajuizar pejorativamente seu próprio país, e se ocupou em seguir os caminhos e os padrões das potências mais ricas, incapaz de forjar um projeto nacional próprio, de desenvolvimento brasileiro.

Entre  parênteses,  piorou  agora, neste  momento  em  que assumiu  o  poder um presidente curto, oriundo desta elite, que não gosta de filosofia nem de sociologia.

Claro  entretanto  que, não  obstante  estas  limitações, crescemos  muito   e podemos  sem  óbices maiores, formular nosso próprio Projeto e reunir forças políticas internas para a sua consecução. Estivemos próximos a esta configuração, e até avançamos substancialmente, quando, pela adesão soberana de nossos vizinhos e irmãos históricos, conseguimos criar e estruturar a UNASUL, que nos unia para nos fortalecer, e que foi, possivelmente, pela sua importância, a decisão política que desencadeou a reação e o golpe (Império + elite atrasada) para a destruição deste projeto.

Começaremos  tudo  de  novo,  evidentemente,  e  as  experiências  vividas  contribuem  sempre, positivamente, para o êxito das seguintes.

Tenho 88 anos – mais de sessenta nesta luta – e meu desejo maior é, vivo, poder ver a vitória final nesta Guerra de Autonomia, com as nossas Forças Armadas do nosso lado, sustentando o  Grande Projeto Brasil Potência da Paz.

Quem sabe, quem sabe  não possamos festejar  esta vitória-efeméride  em 2022, ao comemorar, com uma grande unidade política nacional, o aniversário de 200 anos?!

Quantas vezes o sonho é a realidade vivida com antecipação?

 

Ver também: Brasil, Potência da Paz e Brasil, Potência da Paz II

O artigo foi retirado de uma publicação do site Conversa Afiada

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