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Bolsonaro: destruidor do futuro

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Samuel Pinheiro Guimarães
Samuel Pinheiro Guimarães
Professor, diplomata e economista brasileiro. Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ), ingressou no Itamaraty nesse mesmo ano. É mestre em economia pela Universidade de Boston (1969). Foi secretário-geral das Relações Exteriores do Ministério das Relações Exteriores de 9 de janeiro de 2003 até 20 de outubro de 2009. Foi então empossado como ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE). Em 19 de janeiro de 2011, o embaixador foi designado Alto-Representante Geral do Mercosul para um mandato de três anos. Foi professor da Universidade de Brasília (UnB), entre 1977 e 1979. Foi também Coordenador da Escola de Políticas Públicas e Governo da Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor do Curso de Mestrado em Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Foi coordenador do curso de Pós-Graduação em Comércio Exterior e Câmbio da FGV. Atualmente, é professor do Instituto Rio Branco (IRBr/MRE), onde leciona a disciplina Política internacional e política externa brasileira. É autor dos livros Quinhentos anos de periferia (UFRGS/Contraponto, 1999) e Desafios brasileiros na era dos gigantes (Contraponto, 2006). Por este último, foi eleito Intelectual do Ano, recebendo o Prêmio Juca Pato da União Brasileira de Escritores. Em março do mesmo ano, foi condecorado por mérito diplomático à Ordem do Mérito Militar no grau de Grande-Oficial pelo vice-presidente José Alencar.

1. Ainda que sejam aspectos relevantes de sua personalidade e de seu comportamento e que não devem ser minimizados, não é correto afirmar que o Presidente Jair Bolsonaro é um psicopata, desvairado, incoerente, manhoso, ignorante, violento, fascista e genocida e que seu governo é incompetente e sem rumo, sem um projeto para o Brasil.

2. Bolsonaro é tudo isto e pior do que isto tudo. Seu governo tem um projeto e este projeto tem como objetivo a destruição do futuro do Brasil.

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3. O projeto do Governo Bolsonaro se caracteriza pela destruição, como ele declarou: “Eu não vim para construir. Vim para destruir.” Jair Bolsonaro, 2019.

4. O projeto econômico de Bolsonaro é um projeto ultra neoliberal cujas premissas são simples: todos os problemas econômicos podem ser resolvidos pela empresa privada; a empresa privada ainda não os resolveu devido à nefasta ação regulamentadora e empresarial do Estado.

5. A política econômica de Bolsonaro procura, com ardor, desregulamentar as atividades econômicas; privatizar as empresas do Estado; vender os bens do Estado; permitir a auto-regulamentação pelas empresas; reduzir os direitos dos trabalhadores.

6. Na área externa as medidas econômicas têm, com objetivo, abrir amplamente a economia ao capital estrangeiro e às importações; “aferrolhar” essa política econômica neoliberal pela adesão do Brasil à OCDE e a obrigação de seguir seus “códigos”; negociar acordos de livre comércio e neles abandonar a possibilidade de usar tarifas de importação; transformar o Mercosul em uma área de livre-comércio.

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7. O projeto social de Bolsonaro é uma reversão aos valores mais conservadores da sociedade brasileira, que começaram a ser reformados em 1930.

8. O projeto social de Bolsonaro para o Brasil tem como premissa que grupos marxistas estimularam e implantaram o ateísmo; atacaram a religião cristã e suas igrejas; agridem os princípios da Família; atacam aos valores da Pátria e da Nacionalidade; incentivam a libertinagem sexual.

9. Acredita Bolsonaro que o interesse do indivíduo é sempre superior ao interesse coletivo; que a corrupção na sociedade é causada pelo Estado; que a intervenção do Estado na educação é a causa principal da perda dos valores; que as reivindicações das minorias são indevidas por serem essas minorias “inferiores”; que o uso da força para preservar valores é legitima.

10. Os instrumentos de política social de Bolsonaro são eliminar a ação cultural do Estado; beneficiar ao máximo as entidades religiosas, em especial evangélicas; privatizar o ensino e legalizar o ensino em casa; ridicularizar a ciência, os cientistas e os professores; estimular o ódio às minorias étnicas, às mulheres, aos LGBTQIA+; fortalecer as polícias e o Ministério Público para combater a corrupção e “enquadrar” seus “inimigos”.

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11. O projeto político de Bolsonaro é a implantação de um sistema político e governamental autoritário, uma ditadura fascista que garanta a liberdade para o capitalismo (para as empresas) e a submissão dos trabalhadores; consolidar na legislação valores sociais ultraconservadores e a própria perpetuação dessa ditadura. É um projeto de reversão à situação política anterior a 1930, de fortalecimento dos Estados em relação à União.

12. Seu principal instrumento é armar a população, as polícias e a milícia que pretende usar no golpe fascista, que procuram dar em 2022.

13. Outros instrumentos desse projeto político são passar competências e recursos da União para os Estados e Municípios; contratar pessoal sem concurso; nomear indivíduos inexperientes e contrários à ação do Estado em cada área; reduzir recursos das entidades públicas e assim “justificar” sua privatização; controlar o Poder Judiciário.

14. Bolsonaro em suas “lives” ultrajantes e no seu “cercadinho” desacredita os Poderes do Estado; acusa seus adversários de comunistas, ateus e pervertidos; acusa o sistema eleitoral de fraudulento; acusa o Congresso e o Judiciário de “não deixá-lo trabalhar”; desacredita os juízes do TSE; afirma que “desejam matá-lo” e entre outras afirmações, ofende a imprensa e jornalistas e minimiza a COVID-19 e ridiculariza os que temem.

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15. Na política externa, Jair Bolsonaro revelou e continua a revela sua admiração pelos governos e líderes de extrema direita; sua devoção irrestrita aos Estados Unidos e sua fiel adesão às posições americanas; sua admiração por Israel; seu antagonismo em relação à China; e segue a orientação de Steve Bannon, o americano ideólogo e articulador da extrema direita nos EUA e no mundo.

16. Jair Bolsonaro dedicou-se a destruir a política externa brasileira em seus fundamentos e assim retirou o Brasil da CELAC; retirou o Brasil da Unasul; participou, com outros Governos de direita, na criação do Prosul; designou um general para integrar o IV Comando Americano; permitiu a presença de tropas americanas em treinamento no Brasil; participou das manobras de golpe de Estado na Venezuela; anunciou a mudança da Embaixada em Israel para Jerusalém, em afronta às decisões do Conselho de Segurança da ONU.

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17. Se em algum momento antes de outubro de 2022 Bolsonaro avaliar que não tem chances de vitória nas eleições, tentará o golpe de Estado, sua única possibilidade de escapar dos numerosos processos que terá de enfrentar na Justiça pela enormidade e diversidade de seus crimes contra os brasileiros e o Brasil.

Artigo retirado do “jornal 247”

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