O ranking de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional (TI) é o indicador de corrupção mais respeitado do mundo. Ele é fruto de pesquisas com empresários sobre sua percepção quanto à prevalência da corrupção no setor público. O viés político do ranking é direitista-liberal.
O ranking abrange 180 países. Quanto menos corrupto o país, melhor sua colocação. Em 2021, Finlândia, Dinamarca e Nova Zelândia dividiram o 1° lugar. O Sudão do Sul foi o 180°. O Brasil foi o 96° colocado. Ficamos abaixo da média mundial e da média da América Latina e Caribe.
O gráfico abaixo mostra a evolução do Brasil no ranking entre 2012 e 2021. Nunca fomos o país mais honesto do mundo, mas pioramos muito a partir de 2016, ano do impeachment. Todas as quatro piores posições do Brasil no ranking foram obtidas nos governos Bolsonaro (três delas) e Temer (a outra). Ironicamente, o atual presidente ganhou a eleição com uma plataforma anticorrupção.
O pior ranking de corrupção da série histórica do Brasil foi obtido em 2019. Durante aquele ano, Sergio Moro foi o todo-poderoso Ministro da Justiça. O ex-juiz só iria renunciar ao cargo em 24 de abril de 2020. Paradoxalmente, a TI apoiou as medidas anticorrupção propostas pela Operação Lava-Jato em seu início. Depois, tornou-se crítica feroz do movimento encabeçado pela Operação.
Consta também da biografia de Moro ter sido o juiz que interferiu na eleição para garantir a vitória de Bolsonaro, o Presidente que — durante a gestão do então Ministro da Justiça — aparelhou a máquina pública e desmontou o combate à corrupção. Por incrível que pareça, a plataforma eleitoral com que Moro pretendeu concorrer à Presidência em 2022 tinha como carro-chefe (ou carro único) o combate à corrupção.
No “site” da Transparência Internacional está disponível para download gratuito a “Retrospectiva Brasil 2021”, um relatório detalhado sobre a corrupção no Brasil. Ele tem 109 páginas e atribui ao Presidente Jair Bolsonaro vários retrocessos.
A Transparência Internacional acusa o governo Bolsonaro pelo “desmantelamento contínuo das estruturas criadas, ao longo dos últimos anos, para combater a corrupção, promover os direitos humanos, preservar o meio ambiente e, em última análise, proteger a democracia do país”.
O relatório cita os seguintes exemplos de retrocesso no combate à corrupção no Brasil:
1) o controle de Bolsonaro sobre o Congresso, por meio do chamado orçamento secreto;
2) a omissão do Procurador-Geral da República (PGR) , Augusto Aras;
3) a perda de independência de órgãos de combate à corrupção; e
4) o desrespeito sistemático à Lei de Acesso à Informação”.
Segundo o Relatório, a falha no combate à corrupção prejudica os direitos humanos no Brasil e facilita a violência contra quem os defende. Em 2021, 17 defensores de direitos humanos foram assassinados no Brasil!
A Transparência Internacional é a mais influente entidade que investiga a corrupção no mundo. Fundada em 1993, ela atua há quase três décadas no combate à corrupção. Sua base central fica em Berlim e ela está presente em mais de 100 países. Seus relatórios são respeitados tanto por instituições públicas como privadas. A TI é membro dos “think tanks” do G20 e do Pacto Global das Nações Unidas.
Leiam a íntegra do relatório da TI sobre a corrupção no Brasil em 2021 no link a seguir:
21/04/22
Petronio Filho