Quem planta colhe.
Bolsonaro plantou violência e a está colhendo agora; ao não repudiar assassinato de petista, que odeia, apenas, por ser petista, ele reafirma violência como arma política.
Diante do fato incontestável – ódio que leva à invasão de domicílio de adversário político para matá-lo –, tenta passar o pano na enormidade bárbara que produz, envolvendo família do petista assassinado como culpado e não como vítima do assassino bolsonarista.
O presidente, no desespero, se enrola para tentar se justificar do fato evidente segundo o qual é ele mesmo o promotor da violência; qualquer ser humano, minimamente, inteligente, conclui que ele tenta enganar a população invertendo os fatos à vista de todos.
Será, portanto, ópera bufa e ridícula a que ele tenta aprontar ao convocar irmãos do petista assassinado pelo assassino bolsonarista, para dizer, quem sabe, que o crime foi provocado pela vítima por tomar partido de Lula, saudado como motivo para uma festa de aniversário.
A vítima teve sua casa invadida pelo assassino, mas, como na velha estória do lobo e do cordeiro, está errada por professar seu desejo e direito de optar politicamente pelo candidato que deseja seja futuro presidente do Brasil.
A opção dele, segundo os bolsonaristas, não pode ser explicitada; serve de condenação à morte de si mesmo.
O ato insano que Bolsonaro programa realizar como algo semelhante à intolerância suprema é deixar claro, do ponto de vista dele, que está proibido divergir do bolsonarismo por meio de escolha alternativa pelo lulismo.
Que falta para taxar tal ato de pura insanidade fascista eleitoral?
Falta, talvez, quem sabe que o presidente baixe decreto para oficializar proibição de formalização de opinião por atos, palavras e gestos contrários aos desejos daquele que busca, a qualquer custo, segundo mandato, para além do que já vem sendo feito pela sua base política no Congresso, como, por exemplo, institucionalizar orçamento secreto no contexto da lei de diretrizes e bases.
Roubo institucionalizado de dinheiro público pelo voto de aliados.
O legislativo se subordina, completamente, ao executivo, negando-se a si mesmo como casa do povo ao oficializar o que deve, democraticamente, ser transparente.
Rasgou-se a lei da transparência.
USURPAÇÃO DEMOCRÁTICA
Democracia usurpada é o que a sociedade assiste, nesse momento, com os poderes republicanos, sintonizados na tarefa de esconder dela os fatos, pelos que são responsáveis pela sua condução.
O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco(DEM-MG), o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira(PP-AL), e o presidente da República, para garantir à sua base bolsonarista, no parlamento, condições objetiva$ de vitória, rasgam regras democráticas. Transformam as eleições em ato antidemocrático, inconstitucional, por temerem derrotas parlamentares.
Articulam, por isso, manobras espúrias que conformam institucionalização do fascismo na disputa eleitoral, expresso na liberdade de matar como programa político.
Sem dúvida, esse é o resultado concreto das ações do governo bolsonarista que conseguiu, no Congresso de maioria fascista, aprovação de legislação que garante direito de matar às forças de segurança como legítimo direito de defesa.
Essa façanha se estendeu à cidadania como reflexo de direito adquirido para praticar crime em legítima defesa por ter contrariada posições políticas e ideológicas.
O direito da força, enfim, triunfa sobre a força do direito.
A fraude antidemocrática bolsonarista expressa-se no ato de eliminar adversários e seus respectivos votos antes que estes sejam colocados na urna eletrônica condenada antecipadamente pelo presidente capitão e os generais que se subordinam a ele em pré-atentado à justiça eleitoral, previamente condenada.
Autor: César Fonseca