Foto: Felipe Varanda
O fotógrafo Felipe Varanda narrou assim seu encontro profissional com Jô Soares:
“Tive o privilégio de fotografar um ídolo da minha infância em 2005. É uma sensação estranha, um frio na barriga, retratar alguém que você admira e que de certa forma tem essa intimidade distante que estabelecemos com certas figuras que estão no nosso cotidiano através dos meios de comunicação.
Talvez um receio de me decepcionar com a pessoa real por trás do personagem. Puxei assunto sobre seu livro Xangô de Backer Street para quebrar o gelo. Ele se mostrou uma pessoa doce no nosso breve bate papo. Na hora da foto, ele quebrou a rigidez da cena que eu montei no Copacabana Palace sentando com agilidade na cadeira e estava feito o clic para revista Época em uma matéria sobre o livro que ele lançava. Inteligentíssimo, visionário, democrata e tricolor.”
Jô Soares pairou acima da mesmice da televisão brasileira das últimas décadas. Manteve seu lugar, e o respeito pela sua atuação como figura pública. Não precisamos falar de seu bom humor, embora muitos comediantes tenham perdido o humor ao lidar com o “grande público”. Talvez porque Jô zelasse pela coisa pública, e pelo espírito democrático, na melhor acepção do princípio de poder das massas. Mesmo em canais de massa, especialmente dados à alienação, ele nunca privou o povo de cultura, de senso crítico, do contraditório. Por isso entrevistava populares com a mesma maestria que figurões. Alguns destes, diga-se, foram expostos – sem piedade mas sem deselegância da parte do Jô – em sua própria mediocridade.
https://twitter.com/jairmearrependi/status/1555504720231518208?t=GktVbiQzl2IJcDIH6RbbxQ&s=08
https://twitter.com/fsmcruz/status/1555512427126689794?s=21&t=teDmEB7MfwWsZrGj10Cnjg
Já quando encontrava um grande figurão, como Zeca Pagodinho, nos deixou momentos históricos, que só em nossa brasilidade podemos compreender e nos deleitar.
Obrigado por tudo, Jô. Que seu sorriso e alegria se espalhe pelos céus.
Texto: Thiago Varanda
Foto: Felipe Varanda