“É obrigação de todos jogarem dentro das quatro linhas da Constituição. Com uma reeleição, nós traremos para dentro dessas quatro linhas todos aqueles que ousam ficar fora delas.” — Jair Bolsonaro, no 7 de setembro.
As “quatro linhas da Constituição” são aquelas traçadas por ele e por sua seita de lunáticos. Ele deixou claro que, com a reeleição, não se tornará um moderado. Pelo contrário. Prometeu ser mais radical.
A 25 dias das eleições, o presidente prometeu, caso reeleito, enquadrar “nas quatro linhas” os que ousam discordar de sua leitura da Carta Magna. Vai tentar subjugar o Supremo (mencionado em seguida), o Congresso e a imprensa. Ele armou a população pensando nisso.
Interessante observar o ato falho. Ele não disse “com a reeleição”, disse “com uma reeleição”. Ele não tem a intenção de entregar o poder em 2023 — nem em 2027. Quer virar um ditador.
Sua base de apoio lembra muito a de Nicolás Maduro. Curiosamente, o poder do líder da Venezuela se baseia no exército e nas milícias. Maduro montou um corpo de um milhão de fanáticos armados com rifles e dispostos a dar suas vidas pela “revolução”. A diferença é que o gado bolsonarista é direitista, racista e entreguista.
Talvez a menção a “uma reeleição” nem tenha sido um ato falho. Ele parecia dizer algo decorado. Algo escrito por seus assessores. Ou então escrito pelos empresários espertalhões que estão enriquecendo durante seu governo.
Uma coisa é certa. Ganhando ou perdendo a eleição, Bolsonaro vai tentar o golpe. Ganhando, suas pretensões adquirem respaldo popular. Pense nisso antes de votar.
Brasília, 7/9/22
Petronio Portella Filho