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AS CHANCES DE VITÓRIA AINDA SÃO BOAS

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Petronio Filho
Petronio Filho
Pai de duas, casado, botafoguense e antifascista. Mestrado em Economia pela University of Minnesota. Doutorado em Economia pela Unicamp. Trabalhou no IPEA e na Consultoria do Senado Federal.

As manifestações de Bolsonaro no 7 de setembro foram claras. Se for reeleito vai governar segundo sua leitura distorcida da Constituição. Vai cometer mais crimes do que no primeiro mandato. Não vai aceitar nenhum limite.

Tornou suas intenções explícitas na reunião cujo vídeo foi divulgado pouco antes da demissão de Sergio Moro. Ele não reconhece a autoridade do Supremo, nem do Congresso Nacional, nem dos governadores, nem dos prefeitos. Ele armou a população por um motivo. Deseja uma guerra civil.

Jair Bolsonaro não é candidato a Presidente. Ele é candidato a ditador.

A classe média se ilude se pensa que a política econômica de Paulo Guedes irá beneficiá-la. Ela é toda voltada para banqueiros, rentistas e amigos do presidente. Paulo Guedes nem de longe fez todas as maldades que pretendia. Ele, por exemplo, não privatizou a previdência, o que reduziria as aposentadorias a meio salário mínimo (como aconteceu no Chile).

Guedes tampouco aprovou a “reforma administrativa”, que derrubaria a estabilidade do servidor e lhe permitiria, por exemplo, substituir funcionários da Funai por grileiros, policiais concursados por milicianos e auditores fiscais da Receita por contadores “criativos” nomeados pelo Velho da Havan.

O discurso de Guedes é pura fake news. Repete feito papagaio que a economia está decolando, quando na verdade o PIB cresceu 0,7% durante o primeiro triênio de sua gestão. Finge ser austero quando o Orçamento Primário federal apresentou, no triênio, o rombo anual médio de 290 bilhões, sendo que 54 bilhões devem ser gastos com emendas secretas, ou seja, com a compra de votos de congressistas. E a Dívida Líquida Federal aumentou 46% no triênio 2019-2021 apesar da privataria predatória.

Não podemos desanimar.

Acredito que a Simone Tebet e aquele aloprado do Ciro Gomes (que eu cobri de elogios nos dois livros que publiquei este ano) devem apoiar Lula no segundo turno. O Ciro de 2022 teve 3,1% dos votos, 1/4 da votação de 2018 (12,3%).

Se o Ciro Gomes tivesse desistido — e 50% de seus votos fossem para o Lula — Bolsonaro teria sido derrotado no primeiro turno.

Denunciei os erros do discurso lava-jatista do Ciro Gomes no Facebook e no WhatsApp. Escrevi que Ciro estava cometendo suicídio político e precisava ser salvo. Escrevi que não havia polarização política e sim uma luta entre democratas e fascistas. Acabei saindo, frustrado, do grupo de economistas defensores do PND no WhatsApp.

Mas o Lula é conciliador e pode trazer Ciro de volta para as hostes democráticas. Os 3,1% de votos podem fazer diferença. Ciro Gomes me decepcionou muito. Imitou o discurso anticorrupção de Bolsonaro, mentiu sobre a falsa polarização entre os extremos. E viu 3/4 de seus votos serem transferidos para o Mito. Caluniador por caluniador, o eleitor prefere quem mente mais.

Não podemos desanimar.

Lula ficou a 1,6 ponto percentual da vitória no primeiro turno. Ele obteve 48,4% dos votos válidos, quase o mesmo percentual obtido no primeiro turno de 2006, quando se reelegeu: 48,6%.

E lembro que, em todas as eleições presidenciais desde o fim da ditadura, quem venceu no primeiro turno venceu no segundo.

Lula tem carisma para ganhar a eleição e, como presidente eleito, terá poder suficiente para fechar um pacto político de governabilidade. O poder do governo federal, para o bem ou para o mal, é gigantesco.

Oremos para que Lula tenha saúde para tanto. E que os democratas que ainda restam se unam para impedir que o protoditador termine de destruir o Brasil.

Brasília, 3 de outubro de 2022
Petronio Portella Filho

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