Nos últimos três meses, o Brasil perdeu, entre outros, quatro grandes talentos: Jô Soares, Gal Costa, Isabel Salgado e, por último, Erasmo Carlos.
Pela quarta vez, não houve nenhuma nota oficial de luto do governo federal.
Que gente é essa que nunca foi jovem e curtiu uma paixão ao som de uma canção do Roberto e Erasmo? Que nunca se emocionou com uma interpretação da Gal Costa?
Que gente é essa que nunca deu gargalhadas assistindo a um show do Jô Soares?
Que gente é essa que nunca torceu pela seleção feminina de vôlei?
Que gente é essa que não gosta da música, nem da cultura, nem do esporte nacional?
Ainda que force a memória, não lembro de nenhuma manifestação oficial de pesar nos últimos quatro anos, quando perdemos vários outros artistas, atletas e personalidades marcantes. Nem mesmo as 689 mil vítimas da pandemia foram lamentadas. As homenagens póstumas do presidente ficaram restritas a membros de sua seita, como Olavo de Carvalho.
Mas ele foi eleito presidente do Brasil, não presidente de uma seita. E o Brasil ficou inegavelmente mais pobre sem os quatro brasileiros ilustres que se foram no último trimestre.
Desejar pêsames é respeitar a dor dos parentes, amigos e fãs dos que se foram. É um ato singelo de solidariedade humana. Uma gentileza que não nos custa nada.
É algo que faz de nós pessoas civilizadas.
Que gente é essa que tem tão pouco apreço pela vida humana?
Que gente é essa que não consegue ter empatia pela dor de seus semelhantes?
23/11/22
Petronio Portella Filho