O Paraíso Brasil tem a honra de publicar este que esperamos seja o primeiro de muitos artigos do grande brasileiro e querido amigo Aluízio Palmar. Ainda teremos oportunidade de falar a respeito dele. Por ora, saibam os nossos leitores que ele foi proprietário e editor do jornal Nosso Tempo, em Foz do Iguaçu. Seu sócio, Juvêncio Mazzarollo, foi o último preso político do Brasil, a quem eu visitei na cadeia juntamente com Teotônio Vilela e Euclides Scalco.
A vida de Aluízio nunca foi fácil, como não é dos que lutam todos os dias, os imprescindíveis de que nos fala Brecht. Luta, muita luta, sempre pela libertação do povo brasileiro do jugo da miséria, da ignorância, da exploração. Quando necessário, na clandestinidade, parte da qual está tristemente retratada no livro “Onde foi que vocês enterraram os nossos mortos?”
Depois, luta junto ao velho Brizola. Com quem mais poderia ser, né Briza?
Hoje na juventude ativa dos seus 78 anos lidera o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular de Foz do Iguaçu (https://www.cdhmp.com.br/ ), que eu tive a honra de dirigir juntamente com o pastor presbiteriano Olmar Klich, e mantém o site Documentos Revelados (https://documentosrevelados.com.br/), importante espaço de memória e educação histórica.
Neste primeiro artigo para o Paraíso Brasil ele conta a deliciosa história vivida por ele e seus companheiros de luta presos na Ilha das Cobras no dia da estreia da seleção brasileira contra a Checoslováquia na Copa do México.
No começo do jogo foi luta política e resistência ideologica: “O primeiro gol foi de Petras , da Checolosváquia e fizemos uma festa danada dentro da cela (éramos 15 presos numa caverna, onde estiveram presos Tiradentes , Claudio Manoel da Costa e Antonio Cândido)”
Mas depois …. ah! Depois … explode coração!!
Se foi possível unir carceiros e presos políticos naquele fugaz momento é porque há algo que nos une a todos. O nome desse algo é Nação! Né,Brizola?
Samuel Gomes – Editoria do Paraíso Brasil
Deliciem-se com o causo que nos conta Aluízio Palmar.
Após 52 anos, volto a ter o mesmo dilema que tive na copa de 70. Naquele então, a gente estava preso no Presídio da Marinha, na Ilha das Cobras (RJ) e o jogo era entre o Brasil e Checoslováquia, no Estádio de Jalisco, no Mexico. O militar comandante do Presídio mandou colocar um aparelho de TV no pátio, e a gente assistiu o jogo pedurados na grade.
Era um momento de alta tensão, com muitos companheiros sendo assassinados pela ditadura militar. Sem combinar, a gente torceu contra a Seleção. O primeiro gol foi de Petras, da Checolosváquia e fizemos uma festa danada dentro da cela (éramos 15 presos numa caverna, onde estiveram presos Tiradentes , Claudio Manoel da Costa e Antonio Cândido). Gente, quando o Jairzinho empatou o jogo aos 22 minutos ficamos quietos. O silêncio continuou quando Pelé fez o gol de desempate aos 15 minutos do segundo tempo. A partir daí, o desbunde foi geral e só festa quando Jairzinho fez o terceiro e quarto gol da Seleção. A gente pulou, festejou, mas nada de cantar aquela porra de “Pra frente Brasil, salve a seleção”.
Aluízio Palmar