A Curadoria das Residências Oficiais, após três meses de busca, não encontrou 83 móveis do Palácio da Alvorada. São coisas que acontecem todos os dias. Quem nunca perdeu, dentro da própria casa, um sofá, uma cama ou um armário?
O fato é que a família Bolsonaro devolveu o Palácio da Alvorada praticamente desmobiliado. Fotos batidas no final do governo Temer mostram o Palácio mobiliado, limpo e desocupado. Temer não quis morar nele. Seja lá o que tenha acontecido, os móveis não foram roubados. Eles “desapareceram”. Quando muito, eles foram “incorporados ao acervo pessoal” do Mito. Foi o que aconteceu no caso das joias árabes. Nossa imprensa tratou do escândalo das joias sem usar as palavras propina, roubo ou corrupção.
A grande imprensa apoiou a eleição do ex-presidente em 2018 porque sua plataforma econômica era ultraliberal e desestatizante. Então, por uma questão de viés ideológico, ela evita prejulgá-lo. Foi um ponto fora da curva o tratamento editorial “discreto” dado às rachadinas, às 51 compras de imóveis em dinheiro vivo, às joias e às numerosas venda de empresas estatais e bens públicos sem licitação e por preço vil.
Tanta “discrição” fez mal ao Brasil. Durante a última eleição presidencial, quem era acusado de corrupção nos editoriais da grande imprensa era quase sempre o Lula, quase nunca o Bolsonaro. O escândalo da Imobiliária Bolsonaro surgiu um mês antes do 1° turno das eleições, mas não é que a grande imprensa, durante o mês das eleições, tirou o assunto da pauta?
Quando é que o “desaparecimento” dos 83 móveis do Alvorada vai ganhar as manchetes que merece? Quando é que vão solucionar o grande mistério? Quando é que a imprensa moralista vai se indignar com o “sumiço” dos móveis e tentar solucionar o “mistério “?
Petronio Filho