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Como diria João Saldanha, “isso me dá um orgulho danado de ser brasileiro”

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Olha, eu ando há muito tempo afastado dessa maluquice aqui.

Primeiro pra assegurar minha sanidade mental, segundo porque não sou lá muito fã de Mr. Zuckerberg.

Mas hoje não tá dando, não. Hoje eu vou ter que usar isso aqui, e vou usar com gosto.

Queria começar com uma coisinha simples, que deve estar nas memórias da maioria das pessoas que ainda não as perderam:

Sabe aquele tipinho de gente deslumbrada que quando vai pra Orlando ou Miami por algum motivo e volta com papinho de que “tem vergonha de ser brasileiro?”

Pois bem, eles tem todo o direito de se sentirem assim. Mas isso fica pra depois.

Mas, por incrível que pareça, nesse final de semana, quase todo um estádio (botei o “quase” na frase pra reconhecer meio a contragosto que deve ainda haver seres humanos na Península Ibérica um pouco mais pra lá d’A Raia) chamou um compatriota meu de “macaco”.

Esse compatriota, não, não é um macaco, e foi cruel e impiedosamente vitima de um coisa que eu nem preciso dizer o nome, porque todo mundo sabe o que que é.

Esse cara de 22 anos sofreu assedio, provocações, foi vitima da incompetência de um juiz cobarde e pusilânime, que, ao invés de interromper uma partida de futebol, achou mais fácil resolver a vida e a carreira dele como soprador de apito expulsando a vitima de uma atrocidade que eu, sinceramente, achava que tinha acabado depois de Nuremberg.

A torcida do time contrário ao do nosso compatriota é covarde, ignorante, burra, nazista, torpe, vil, canalha, xexelenta, porca, suja, fascista, violenta, assassina, calhorda, imbecil, idiota, escrota, cretina, pascácia, lorpa, pateta, parva e, já esgotados os sinônimos que eu conheço, cara de mamão.

Foi simplesmente uma das demonstrações mais vergonhosas da historia da humanidade no século XXI o que se sucedeu em Valencia, no dia 21 de Maio de 2023. Para parafrasear Franklin Delano Roosevelt, essa data viverá pra sempre na infâmia.

E o que mais me surpreendeu, foi que, após o espetáculo horroroso perpetrado durante 90 e tantos minutos por uma escumalha de 46 mil pessoas da (talvez) mais rala canalhice e estarrecedoramente cruel e abusiva que já tenha havido na historia do chamado Esporte Bretão, houve supostos repórteres a entrevistar um verdadeiro ser humano e um verdadeiro herói esportivo, o Sr. Carlo Ancelotti, cidadão italiano.

Uma seguradora de microfone chegou a perguntar ao Sr. Ancelotti o que ele considerava de ter sofrido mais uma derrota depois de ter perdido outra partida em outro campeonato.

A resposta de Ancelotti foi igualmente memorável, corajosa e mesmo naquele momento de estarrecimento com o que de mais podre há no comportamento humano, uma aula de como se dá um belíssimo tapa de pelica em uma pessoa sem o mínimo de caráter:

“Você quer falar de futebol?”

E a perguntadeira, de microfone em punho, ainda teve o topete de perguntar:

“Você não vai falar de futebol?”

Resposta do nosso amigo Ancelotti:

“Não. Não quero falar sobre futebol quero falar sobre o que aconteceu aqui hoje.”

Não satisfeita, a tal fofoqueira de puteiro de beira de estrada travestida de jornalista ainda teve o topete de dizer que Ancelotti estava sendo agressivo. E ainda teve a ousadia de insinuar que os gestos do no nosso compatriota ao sair de campo de alguma forma justificavam a conduta imunda da torcida desse poço de lixo humano, lama e estrume e que se chama Valencia Club de (que horror) Fútbol.

Ah, e vários outros debéis mentais loucos para fazerem parte de uns Einsatzgruppen da imprensa espanhola deram mais exemplos da mais completa estupidez, como um que disse que talvez houvessem entendido “tonto” (bobo) como “mono” (macaco) subestimando a inteligência não só de Ancelotti como de todo o planeta, que assistiu aquele comportamento atroz ao vivo e a cores em Dolby 5.1 e 4k de resolução.

Pois se há alguma coisa que não representa nem o esporte nem o Futebol e nem o mínimo que se espera de um comportamento humano é essa associação e essa torcida deprimentemente imorais que se denominam Valencia Club de Fútbol.

E tão vergonhosa quanto foi a reação de um tratante odioso e ordinário, o presidente da tal La Liga e de grande parte da imprensa espanhola, que agiram de forma bizarra e insensível, querendo culpar a vítima. Não vou nem mencionar a que grupos esse cidadão presidente é associado, pra não dar trela à atual briga de merenda em que se transformou a polarizada sociedade brasileira. Mas quem tem a minha idade lembra de um outro excremento em forma humana chamado Jean Marie Ballestre, que era da mesma turminha.

Diz a tal organização que se pretende ser um clube de Futebol que banirá os baldes de ódio e violência moral doentia travestidos de seres humanos que perpetraram esse espetáculo dantesco acontecido no domingo.

Quer saber? Acho pouco. Não acho que vá servir de coisa alguma, porque orgamizações como a torcida desse dito “clube” de futebol que são compostas de cretinos, fascistas, nazistas e toda outras espécies de excrecência de gente são como a mítica Hidra de Lerna. Cortem algumas cabeças e logo outras duas, ou mais, nascerão. Esses biltres vão tomar um gancho e na temporada que vem, darão um jeito de voltar aos estádios, ressentidos com o que consideram uma injusta punição, e ainda trarão consigo outros correligionários, cúmplices e comparsas que perpetuarão a barbárie ignóbil desses cafajestes.

E sabe o que o tal Valencia Club de Fútbol iria fazer se não tivesse havido a repercussão mundial do ato safado e escabroso que se viu no domingo?
A mesma coisa que aconteceu com os outros nove (NOVE) atos semelhantes que ocorreram em outras situações, com o nosso mesmo compatriota, nessa mesma organização bisonha intitulada La Liga. NADA. Absolutamente NADA. E Ancelotti ainda deu a dica, hein, rapazeada?

Ah, e lembram de que eu comecei lá em cima falando daquele povinho que diz que tem vergonha de ser brasileiro?

Pois bem. Lá na Espanha pode ser que não, mas aqui no meu país, quem comete atos tão exorbitantemente desprezivéis quanto os vistos no dia 21 de maio de 2023 em Valencia são considerados criminosos e podem com algum grau de certeza verem o sol nascer quadrado de uma janela de um xilindró. Sem direito a fiança.

E como diria Joao Saldanha, isso, meus amigos, me dá um orgulho danado de ser brasileiro.

Texto de Fernando Neves.

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