Opinião sobre o artigo, Nas entrelinhas: a posição da Ucrânia pôs o Brasil numa encruzilhada, publicado nesta terça-feira (30), pelo Correio Braziliense e assinado por Luiz Carlos Azedo. Leia no link.
Prezado Luiz Carlos,
Li sua coluna de hoje.
Em primeiro lugar, nós somos do Ocidente sim, mas somos do Ocidente Profundo. Não somos do Ocidente vindo da barbárie, que habitava para além das muralhas de Adriano. Somos filhos da Ibéria, a região mais ocidental do Império Romano. Por isso como a parte mais Oriental da Europa, a Rússia, temos, como América Latina, claras divergências com o que se chama Ocidente. Lembro que a Espanha e os anglo-saxões nunca foram convergentes. E Portugal só convergiu por conveniência e se arrepende muito disso.
Esse termo “Ocidente Coletivo” é uma falácia. Colocar o Japão, Taiwan e Coreia do Sul abre caminho para qualquer aliança, por mais esdrúxula que seja, em termos de cultura ou civilização.
A crítica à atuação de Celso Amorim me parece descabida já que ele reflete uma política externa independente sempre presente no Itamaraty e não é uma contraposição a ela.
O artigo de Sola e Viola só faz sentido se ele colocasse que a diplomacia presidencialista fosse uma exceção no mudo de hoje. Reconheço que o Lula fala demais e além da conta até porque em termos de politica externa o ditado “falar é prata, calar é ouro” é perfeitamente apropriado.
Essa contestação é inviável. Todos a fazem. No resto o artigo é raso.
O grave do seu artigo é coonestar a bobagem de que os interesses geopolíticos foram deixados de lado no choque atual. O neorrealismo(?) diplomático foi deixado de lado(sic). Como os interesses de curto prazo vigoram acima dos de longo prazo para as nações?
A Índia saiu do Quad. Deu um passa fora no premiar japonês. É um grande comprador de petróleo russo. A África do Sul como ela se absteve de condenar a invasão da Rússia.
Logo sua matéria por se ater ao que a dupla escreveu tem impropriedades.
Contudo, a matéria postada por eles tem uma qualidade a crítica que fazem a Lula por buscar ser um mediador do conflito entre a Ucrânia e a Rússia e da maneira que o faz.
Agora colocar o nacional desenvolvimentismo e a tradição anti-imperialista como motor da defesa do interesse nacional é de um primarismo analítico óbvio. A China é nosso principal parceiro comercial. A Rússia também se coloca contra o mundo unipolar. Qual o nosso lugar? Esse enigma está longe de ser decifrado e qualquer alinhamento agora é precipitado.
E isto o Celso Amorim e o Itamaraty sabem o disso. Por isso deixa de lado os arautos do alinhamento pois esses sempre estiveram sem alternativas. Viva a encruzilhada pois para países da dimensão do Brasil elas sempre existiram e ainda bem para nós.
Logo pela edição que considerei mal feita não mais opino sob artigos que vejo agora encomendados.
Texto por: Darc Costa