A culinária amazônica: um tesouro gastronômico a ser usado para impulsionar o Brasil e a região amazônica
O jornal Valor comentou recentemente sobre a culinária da Amazônia surge como uma poderosa arma na defesa e no desenvolvimento da região, revelando um novo conceito chamado gastrodiplomacia. Esse fenômeno, já bem-sucedido em países da Ásia e da América do Sul, tem o potencial de impulsionar as exportações brasileiras e melhorar a imagem internacional do país.
Através do investimento em “soft power” – uma nova abordagem nas relações internacionais baseada na influência cultural, valores e moda – a gastronomia amazônica pode desempenhar um papel estratégico e contemporâneo na projeção da região. A proposta vai além da narrativa, buscando convencer e seduzir por meio da atração.
Roberto Smeraldi, renomado cozinheiro, jornalista e vice-presidente do Instituto Atá, destaca a importância de explorar os ingredientes e a culinária amazônica para fortalecer a região. Ele analisou a cadeia produtiva de alimentos como mandioca, açaí e cacau, identificando lacunas na produtividade amazônica.
A gastronomia como “soft power” já foi adotada com sucesso por países como a Tailândia, cujas exportações quadruplicaram em oito anos, e a Coreia do Sul, que viu o número de visitantes aumentar de 4 milhões para 17 milhões anualmente. Agora, é a vez da Amazônia e do Brasil explorarem esse potencial.
Para alcançar resultados semelhantes, especialistas sugerem investimentos em relações públicas, certificação de restaurantes e produtos, além da participação do setor privado. O Peru, por exemplo, viu o turismo crescer cerca de 10% ao ano após promover sua culinária. A Coreia do Sul, por sua vez, focou no kimchi como um símbolo de sua cultura, resultando em um aumento significativo de restaurantes coreanos no exterior.
No caso brasileiro, a Amazônia enfrenta desafios de imagem relacionados ao desmatamento e a conflitos territoriais. A falta de conhecimento e sistematização sobre a culinária regional também limita o potencial gastronômico. Para reverter esse cenário, é necessário gerar informações qualificadas sobre a gastronomia amazônica, estimular o intercâmbio cultural e empreendedorismo, além de promover festivais e restaurantes especializados em cidades estratégicas.
Um plano de “soft power” bem executado poderia melhorar a imagem do Brasil, impulsionar o turismo, conservação e a economia da região amazônica. A diversidade regional e os produtos tradicionais se tornam elos essenciais para promover a gastronomia amazônica e construir uma marca forte para o país.