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Economia segue com sinais positivos, e idiotas insistem na Teoria da Sorte

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Por: Reinaldo Azevedo

Ai, ai… Constato o despudor absoluto de alguns “analistas” que jogaram seus textos torpes na cara de Lula, desde a eleição, antevendo a tragédia… Agora, insistem na Teoria da Sorte. É cara de pau de quem escreve e de quem publica.

Estariam esses bravos tentando lidar, sei lá, com Maquiavel e com “O Príncipe”, que se orienta entre a “Fortuna” — as circunstâncias que não são da escolha do governante — e a “virtù”, o conjunto de atributos pessoais do líder? Nada disso. Buscam apenas esconder o próprio erro, sustentando que o imponderável joga a favor de Lula…

É mesmo? Bem, ainda que assim fosse, dizer o quê? Melhor um líder — um “príncipe”, no termo de Maquiavel — a quem, então, assiste a sorte. Preferível este a uma encarnação da urucubaca.

Isso tudo — não Maquiavel, é claro! — é de uma grossa tolice. Em meio à tragédia, as circunstâncias jogaram no colo de Bolsonaro, por exemplo, um Auxílio Emergencial que passou a atender a mais de 60 milhões de pessoas, pagando R$ 600. Não fossem as escolhas que fez e suas obtusidades ideológicas, que tornaram o país refém de sandices, a sua própria história poderia ter sido outra.

Mas eis aí: era uma impossibilidade. Ele tinha o seu padrão e a sua visão de mundo. Chegou à Presidência porque era quem era e porque não era outro. Estava pautado pelas balizas da Fortuna — prosperou na terra devastada com que lhe presenteou a Lava Jato — e estava intelectual e moralmente equipado com as monstruosidades que aquele momento pedia.

Tomem outro exemplo: o meio ambiente. Também Lula, como fez Bolsonaro, vai a fóruns multilaterais e aponta o dedo contra os ricos, seja para deixar claro a responsabilidade que têm no desequilíbrio climático, seja para cobrar os recursos de que precisam os “pobres que têm florestas” para financiar a produção sustentável. Qual a diferença? O atual presidente se compromete com as metas ambientais, em vez de vociferar: “A floresta é nossa e desmatar é parte da nossa soberania. Não se metam.”

O caos não veio

Não deixa de ser divertido ver o desespero da extrema-direita, a lamentar, ainda que de maneira surda, que o caos não veio. Nem virá.

Como Lula “dá sorte”, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse ontem que a pasta deve revisar a projeção de crescimento em 2023 para um patamar entre 2,5% e 3% — hoje, está em 2,4%. “A realidade foi mostrando que nós tínhamos razão, e o nosso cenário será revisado para cima”.

Alguns dirão que ser otimista é um mal dos governos. Talvez. Mas também o Boletim Focus tem trazido a cada semana perspectivas melhores — já que se pintava até outro dia o apocalipse. A projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, caiu de 5,06% para 4,98% no fim de 2023. Para o ano que vem, a previsão recuou de 3,98% para 3,92%. Para 2025, foi de 3,8% para 3,6%.

Em relação à taxa básica de juros, a mediana das expectativas caiu de 12,25% para 12% ao fim deste ano. Para 2024, a previsão ficou em 9,5% — 9% em 2025. O crescimento seria mais modesto do que espera a Fazenda: 2,19% neste ano e 1,28% no próximo.

Também o olhar estrangeiro mudou. E já faz algum tempo. Noticiou ontem o Estadão:
A manutenção das metas de inflação em 3% pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) completa um primeiro semestre de decisões acertadas do governo em termos de política econômica e deve gerar um ganho de credibilidade. A avaliação é do chefe de Economia para Brasil e Estratégia para América Latina do Bank of America, David Beker, que espera aumento do apetite de estrangeiros pelo País. O governo tinha uma lista de coisas que tinha de entregar, e ele, basicamente, completou essa lista. Resolveu o arcabouço, resolveu a questão das metas, que foi um ruído desde o começo, e já estamos discutindo a reforma tributária. O governo conseguiu um ganho de credibilidade por causa dessas decisões de política econômica. Sem dúvida, isso traz um apetite maior do estrangeiro”, afirma Beker, em entrevista ao Estadão/Broadcast.

Sim, claro! Voltem lá ao Boletim Focus. Vejam a perspectiva de se chegar a uma Selic de 9,5% no fim do ano que vem, com inflação de 3,92% — e, pois, juros reais de 5,58%. Continuarão, se assim for, inaceitáveis. Mas, parece-me, nessa área, caminhamos para territórios menos estúpidos.

Observo ainda que a mediana das expectativas antevê uma Selic em 12% ao fim de 2023. Há mais três reuniões do Copom. Seriam necessários dois cortes de 0,5 ponto e um de 0,75. E pensar que, na ata da reunião do começo de maio, o Banco Central chegou mesmo a ameaçar com uma nova elevação da taxa, como se aos atuais 13,75% já não fossem sandice suficiente. Menos de dois meses depois, a ata de fim de junho acena com um corte na reunião dos dias 1º e 2 de agosto. Convenham: precisamos de um BC mais, como direi?, estável…

“Ah, a queda da inflação prova as escolhas certas do BC”. Não prova, não. Se os juros tivessem começado a cair em março, a inflação estaria no mesmo patamar — basta ver os preços que concorreram para a queda. O que o BC fez e está fazendo é comprimir o crescimento. Mas isso fica para outra hora.

Encerro

Jamais vou descartar o fator “sorte”. Mas nada tenho a dizer a respeito porque não faço digressões sobre o imponderável. Entendo que as coisas acabam indo bem quando se fazem escolhas sensatas.

Contra a grita dos “expertos” (com “x”), desmoralizados pelos fatos, o governo optou por um bom arcabouço fiscal. Foi a chave para conter volatilidades artificiais. À extrema-direita, como se nota, ficou sem discurso. Sobra-lhe o berreiro nas CPIs. E aos que viram naufragar suas previsões apocalípticas infalíveis para a economia resta agora explorar supostas contradições entre Lula e Fernando Haddad, como se fosse este a dar sustentação àquele, não o contrário.

Logo um bobalhão sugere que o ministro demita o presidente…

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