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Rocha, o advogado que visitou Lula todos os dias na cadeia repudia veto lavajatista a Aras

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Rocha, o advogado que visitou Lula todos os dias na cadeia repudia veto lavajatista a Aras

Poucas pessoas conhecem tão bem Lula quanto o advogado curitibano Luiz Carlos da Rocha, o Rochinha. Ele e seu primo Manoel Caetano Ferreira Filho, o Maneco, reconhecido professor da Faculdade Direito da Universidade Federal do Paraná, prestaram atendimento diário a Lula no cárcere da Polícia Federal em Curitiba.

Manoel Caetano foi nomeado por Lula para o Comitê de Ética Pública da Presidência. Rochinha preferiu ficar exclusivamente na advocacia.

Rochinha é uma personalidade da política. Formado no velho Partidão do seu pai, o gigante Espedito Rocha, transita como poucos pelo espectro amplo partidário e ideológico, sempre expondo com firmeza e fidalguia suas posições, da velha e boa esquerda nacionalista.

Rochinha é um dos conselheiros do presidente Lula que – assim como o senador Jaques Wagner e o ministro da Casa Civil Rui Costa – defende abertamente a recondução do Procurador-Geral da República Augusto Aras.

Em artigo para o prestigioso portal jurídico Consultor Jurídico – Conjur, “A última e arriscada do lavajatismo: ‘bolsonarizar” Aras e Lula”, ele traça de modo definitivo o quadro de fatos e argumentos que estão na mesa do Presidente da República.

Se Lula errar, não será por falta de aviso. Mas Lula está plenamente consciente da responsabilidade que recai sobre os seus ombros e o custo para a República de não ter na cadeira de procurador-geral da República um estadista. Os erros anteriores pesarão na escolha. Lula disse que ninguém tem mais experiência que ele na escolha de procurador-geral, pois indicou três nos seus mandatos e agora “escolherá com mais critério” (https://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2023-08/lula-diz-que-vai-escolher-novo-pgr-com-mais-criterio. Para começar, Lula já não quer ouvir falar na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República – ANPR. Vai escolher com critérios republicanos e não sindicais.

O homem sábio aprende não apenas com os seus próprios erros. Dilma indicou Janot e o reconduziu. Sob a gestão de Janot a Lava Jato fez o que fez contra o desenvolvimento soberano do Brasil. Lula aprendeu também com os erros de Dilma.

Não é de esquerda ou de direita que se trata. É de estabilidade institucional e coragem política para cumprir o mandato que o Constituinte cometeu ao Ministério Público, cujo chefe maior é o PGR: defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses individuais e sociais indisponíveis (art. 127 da Constituição da República).

Rocha diz que “a última cartada do lavajatismo é ‘bolsonarizar’ o procurador-geral, embora seja público e notório que Aras não tenha nenhuma ligação orgânica com o bolsonarismo e venha de uma família de longa tradição de esquerda na Bahia, razão pela qual boa parte do PT nacional e a totalidade do PT baiano, Jaques Wagner e Rui Costa à frente, defendam abertamente sua recondução.”

Mas a arriscada estratégia leva o lajavatismo e seu esquema midiático à armadilha de ter de tirar do esgoto o grito de “Lula ladrão”:

“ Um terceiro aspecto a ser observado é que a insistência em atribuir um suposto “bolsonarismo” ao procurador-geral cria um grave problema para o lavajatismo: para “bolsonarizar” Aras, a mídia lavajatista precisa lógica e inevitavelmente também “bolsonarizar” Lula. O lavajatismo não tem como escapar da armadilha argumentativa em que se meteu: ao repetir à exaustão que Aras protegeu Bolsonaro da responsabilização por ilícitos e que, por isso, sua recondução é inaceitável, está sugerindo que, ao considerar fortemente a hipótese reconduzir Aras, o que Lula quer é ser protegido das consequências legais por futuros malfeitos. É como se a recondução do procurador-geral representasse um Habeas Corpus preventivo para Lula. É a volta do grito de guerra lavajatista de “Lula ladrão”.

Ou seja, observa o advogado “para convencer Lula a não reconduzir Aras, a mídia lavajatista chafurda — ainda que sob a forma de grotescos e covardes sussurros — na perfídia que levou Lula à prisão: o “Lula ladrão” sepultado pela Justiça e pela História. Se não reconduzisse o procurador-geral por temor dessa covarde insinuação, Lula estaria dando razão aos que lhe acusam de querer um procurador-geral para chamar de seu.”

Observe o tempo do verbo: “se não reconduzisse”. Com a autoridade de quem conviveu diariamente com Lula na prisão, Rocha avisa aos navegantes: “Tendo sofrido a dor e a indignação da prisão injusta, engana-se quem pense que Lula se ajoelhará diante do verdugo lavajatista ainda insepulto que quer lhe retirar a prerrogativa de indicar à aprovação do Senado um procurador-geral independente e capaz de enfrentar campanhas de uma mídia (mal) acostumada a pautar as autoridades.”

O amigo de Lula chama a atenção para a batalha final que acontecerá nos próximos dias, quando Aras publicará livro defendendo o legado da atuação do Ministério Público da União na luta contra a Covid:

“Alea jacta est, pois. Lula observará atentamente o confronto de ideias e fatos entre a mídia lavajatista e o procurador-geral. Do intrépido movimento de Aras, resultará, de duas, uma: ou ficará confirmado que ele foi um engavetador bolsonarista e Lula não deve indicá-lo à recondução ou se revelará que ele é o procurador-geral que, como quer Lula, não faz “denúncia falsa” (daí o arquivamento de inúmeras denúncias apressadas e sem fundamento contra o ex-presidente Bolsonaro), sendo, por isso, ‘o melhor para o Brasil’.”

Enfim, para o advogado comunista que visitava Lula todos os dias na prisão:

“É preciso que os democratas compreendam que não será possível um combate seguro contra o bolsonarismo com o lavajatismo à espreita. A tarefa central do futuro imediato no âmbito do Ministério Público é a erradicação das práticas punitivistas do lavajatismo, de modo que a criminalização da política não retorne jamais. Diante da grandeza estratégica do que está em jogo, ao presidente Lula tem que ter respeitada a mais ampla liberdade de escolha, inclusive reconduzir o procurador-geral sem ser acusado da infâmia lavajatista de que pretende um Ministério Público domesticado.”

Vale ler e pensar sobre cada palavra da análise lúcida do advogado Luiz Carlos da Rocha. Leia o artigo como se você fosse o presidente Lula. Ele, claro, lerá o artigo do conselheiro que de modo leal atendeu-o diariamente na masmorra lavajatista. A masmorra de um lavajatismo que agora quer tutelar o presidente, impondo veto à recondução do procurador-geral. Mas, é compreensível. Afinal, nada assusta mais a Lava Jato que um Augusto Aras fortalecido pela recondução para levar até o fim o saneamento do Ministério Público.

Leia o texto original na íntegra.

 

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