Haveria, para Lula, uma alternativa, senão o diálogo, nesse instante de tensão política entre governo e militares em decorrência do frustrado golpe de 8 de janeiro contra democracia?
Não é ele que, ao lado da sua política desenvolvimentista, confere-lhe preferência popular de 60%, segundo pesquisa Genial Quaest?
Os quartéis estão em polvorosa, porque a CPI do golpe, no Congresso, está com as provas de que os generais estavam por trás das articulações.
Estas foram realizadas sob comando deles, sem maiores disfarces.
Colhem, agora, os tormentos decorrentes do mau comportamento institucional adotado ao não conferir prioridade ao papel constitucional que dizem cumprir, de poder moderador, como determina o artigo 142 da carta maior.
Ao contrário, agiram para apoiar o golpe, como mostram gravações incontornáveis.
Diante do clima de tensão indisfarçado, o presidente da República, maior vítima dessa articulação antidemocrática, que está a ameaçar seu governo, teria que cruzar os braços ou conversar francamente com os militares sobre o assunto, sendo esta sua maior arma?
O diálogo se faz ou não necessário, sabendo que o presidente da República, é o chefe maior das forças armadas?
Vocacionado para essa tarefa, exercitando-a, incansavelmente, ao longo de sua vida política e sindical, como maior líder dos trabalhadores, na história brasileira, e agora sob os holofotes internacionais, na reunião dos BRICS, na África do Sul, Lula segue seu destino, sua missão.
Sobretudo, busca a conciliação, em meio às adversidades visíveis.
Congresso propenso ao golpe
No Congresso, enfrenta uma maioria contrária ao desenvolvimento econômico sustentável.
Ela se mostra, apenas, interessada em praticar a “democracia monetária”, manipulando orçamento da União em favor de interesses antipopulares.
Foi com esse espírito congressista meramente carreirista de barganha que o fascista Bolsonaro governou para sustentar neoliberalismo ultrarradical cuja função foi destruir direitos sociais e privilegiar interesses do capital financeiro especulativo.
Na hora do impasse, Bolsonaro, diante da derrota eleitoral, nas urnas, buscou manipulá-las, lançando mão de hackerismo criminoso.
Contou para esse fim, com os militares, que utilizaram esse expediente para confecção de relatório que respaldava o governante fascista, empenhado em romper com a democracia. Ou seja, os militares, nesse momento, estão com a ficha suja.
É de se ressaltar que vigora no país lei da ficha limpa, responsável por colocar na berlinda centenas de políticos marcados por fichas pessoais manchadas de irregularidades, dependuradas nos tribunais.
Péssimos alunos
Os militares copiaram o que de pior apresentam os políticos quanto ao exemplo de ética abastardada.
Apoiaram aliados de Bolsonaro que, como se sabe, levaram a ele hackers para fraudar as urnas e confeccionar relatórios para os generais, cujos conteúdos serviriam para respaldar o golpe.
Lula, vítima dos militares golpistas, como foi o caso da ação antidemocrática do ex-comandante do Exército, Villas Bôas, responsável por ameaçar o STF para não conceder ao ex-presidente habeas corpus para disputar eleição em 2018, exercita a democracia.
O que lhe restaria fazer, senão isso, sabendo que a ambiguidade que o artigo 142, da Constituição, contém em si mera fantasia.
Ele é o falso retrato do poder dos quartéis como moderador da República, ato das elites – não dos trabalhadores – para tentar eternizar a submissão histórica delas aos profissionais de farda, ao longo da história.
Por que, agora, que tal elite dispõe de maioria esmagadora no Congresso, não coloca em discussão esse controvertido texto constitucional, quando os militares se encontram, totalmente, desmoralizados pelo seu rompimento com o sistema democrático?
Negação da história
Os próprios militares negaram a história que tentam emplacar ao afirmarem que são o legítimo poder moderador, para equilibrar as tensões na vida republicana.
Ocorreu, com o fascismo bolsonarista, que apoiaram, justamente, o contrário.
Eles intervieram na política para mostrar que esse poder não pode jamais ser exercitado por ser absolutamente falso.
Afinal, ele revela mecanismo da força para subjugar o processo democrático. A lição da vitória de Lula é a da supremacia do poder civil sobre o poder militar, que tem que ser exercida não pela força, mas pelo diálogo.
Criticar o presidente como faz a colunista Miriam Leitão, ao desinformar que ele busca fatores compensatórios, monetários, para acalmar a agitação nos quartéis, é inverter a realidade.
A inquietude militar decorre justamente do erro histórico que os militares praticaram de não cumprir os mandamentos democráticos e se colocarem como ameaças às instituições.
Negaram o próprio artigo 142, que, por isso, mesmo, deve ser revogado pelos democratas, se eles querem fazer valer a democracia como um valor universal em si mesmo, o que a história, infelizmente, tem negado.
Mas, a maioria fascista antidesenvolvimentista que comanda o Congresso quer saber disso ou continuar usando os militares para falsear o processo democrático?
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