Caros amigos, convidámo-nos a ler o artigo da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova “Terra Viva e Morta”, publicado
no jornal Komsomolskaya Pravda em 25 de agosto de 2023.
A ideia de utilizar urânio empobrecido em munições anti blindagem foi implementada pela primeira vez pelos nazis. Em 1943, a Alemanha teve problemas com a importação de volframita, pelo que o Ministro dos Armamentos e da Indústria de Guerra da Alemanha nazi, Albert Speer, ordenou a utilização de urânio empobrecido.
Naquela altura, ainda não se sabia quão perigoso era o urânio como arma. Até aos anos 90, todos os dados disponíveis sobre o assunto eram controversos. No entanto, a utilização de urânio empobrecido pelas tropas da NATO durante a agressão à Jugoslávia foi uma experiência desumana e demonstrou o efeito real da sua utilização em seres humanos.
Entre 2015 e 2017, o Parlamento da Itália (país cujo contingente de tropas mais utilizou munições de urânio empobrecido durante a agressão da NATO nos Balcãs) publicou um relatório de 252 páginas sobre os efeitos produzidos pelo urânio empobrecido e o tório radioativo nos militares das Forças Armadas italianas. Os estudos realizados a pedido da Comissão Parlamentar italiana registaram um aumento múltiplo das taxas de cancro nos locais onde foram utilizadas munições de urânio empobrecido. Foram publicados dados exatos sobre o pessoal militar italiano que utilizara munições de urânio empobrecido.
De 7500 pessoas expostas a substâncias tóxicas e radiação, 372 morreram (a taxa de letalidade é de 5%, um em cada 20 homens). A maioria das mortes foi causada pelas complicações cancerígenas excruciantes: disfunção renal, cancro do pulmão, cancro dos ossos, cancro do esófago, desenvolvimento degenerativo da pele, linfoma Hodgkin, leucemia.
Agora, infelizmente, há provas de que a ameaça para a qual a Rússia alertou repetidamente a população ucraniana veio ao território ucraniano. Recebendo munições de urânio empobrecido radioativas e altamente tóxicas britânicas e norte-americanas, a Ucrânia vem-se transformando numa terra imprópria para a vida. A contaminação radioativa do solo já está a ocorrer, o que é confirmado pelos dados objetivos.
Confira abaixo os dados referentes à Região de Khmelnitski, na Ucrânia. Em maio passado, o nível de radiação na região disparou de 80 nanosieverts (nSv) para algo entre 140 e 160 nanosieverts (nSv). Uma elevação drástica da taxa de radioatividade foi também registada naquele mesmo período nas regiões oeste da Polónia. A causa foi provavelmente a mesma da Ucrânia – a explosão de munições de urânio empobrecido num depósito na cidade de Khmelnitski.
Em maio passado, as autoridades locais até emitiram avisos sobre o que fazer em caso de aumento do nível de radiação.
Com o passar do mês de maio, o nível de radiação voltou ao normal, devido, entretanto, à clássica precipitação radioativa: o pó radioativo precipitou-se por gravidade sobre o solo.
Aparentemente, toda a área atingida pela nuvem radioativa que se elevou sobre o depósito de munições e nas imediações já está contaminada com radionuclídeos. Será necessário um longo e dispendioso processo de descontaminação para recuperar este terreno.
Cada depósito de munições de urânio empobrecido, cada carro de combate dotado dessas munições pode provocar, em potencial, um surto de doenças oncológicas, contaminar a terra e representar um perigo mortal para todos os seres vivos.
Os ucranianos têm de compreender que os britânicos estão a fornecer-lhes um verdadeiro veneno, uma garantia de tumores cancerígenos, e exigir que as munições de urânio empobrecido sejam retiradas do país o mais rapidamente possível.