O todo poderoso aparente primeiro ministro parlamentarista, deputado Arthur Lira(PP-AL), chefão do Centrão, não consegue esconder o seu verdadeiro propósito que expõe a cada frase política na relação com Lula: golpe parlamentar.
Para tanto, precisa construir uma justificativa, regada a emenda parlamentar, que arregimente os golpistas nesse sentido, como foi feito, em 2006, com Dilma Rousseff.
A palavra de ordem agora, a partir dessa semana, é a de reforma administrativa e aumento do sarrafo quanto ao corte de gasto para produzir déficit zero em 2024, ano eleitoral.
É a representação do ajuste fiscal neoliberal que não pode ser contornado sob pena de estar se repetindo nova versão de pedaladas fiscais, capazes de justificar movimentos pelo impeachment.
O cenário é o mesmo com variações relativas.
Enquanto, temporariamente, no tempo de Dilma, faltava dinheiro em caixa para cumprir compromissos corriqueiros da administração, o governo lançava débito a ser coberto sempre que arrecadação crescia, com continuidade da administração estatal.
Os neoliberais acumulavam justificativas para ir ao golpe.
O terrorismo parlamentar que o ex-presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha(PMDB-RJ) executou por meio de pautas bombas contra Dilma levou à ingovernabilidade fiscal.
Era o projeto encabeçado pelo PSDB que perdera eleição em 2014 e partira, com o derrotado à frente, ex-senador Aécio Neves, MG, para contestar seu resultado na justiça eleitoral.
Inviabilizou, a partir daí, a governabilidade, criando expectativas negativas e elevando temperatura parlamentar, mediante palavra de ordem de golpe com legislativo, com supremo, com tudo, como pregava o ex-senador Romero Jucá(PMDB-RO).
Tinha como combustível a produção de fake News contra a Petrobrás que havia descoberto a fortuna incalculável do Pré Sal, sob comando do teleguido de Washington, ex-juíz Sérgio Moro, na montagem da Operação Lavajato.
Na frente econômica, era operada a manipulação formulada pelo mercado financeiro, refletida, semanalmente, pelas previsões pessimistas publicadas pela pesquisa Focus, comandada pelo Banco Central etc.
Quando Dilma negou render-se à chantagem de Eduardo Cunha, de forçar mudança ministerial para esvaziar o PT, o impeachment se viabilizou e ela caiu, sob argumento de condução irregular da administração, por ferir Lei de Responsabilidade Fiscal.
Montagem de verdadeira farsa, que, agora, há menos de duas semanas, o TFR-1 desmascarou, o que está levando o presidente Lula e sua base política a articular movimento de pedido de desculpas parlamentares a Dilma, enquanto o poder midiático, que participou ativamente, do golpe estrila, barbaramente, por ver a sua ação golpista, cruamente, exposta.
Retomada escancarada do golpe
Mutatis, mutantis, Lula começa a sofrer as mesmas pressões golpistas que sofreram a ex-presidenta, hoje, presidente do Banco BRICS.
A pregação de déficit zero é completamente irracional.
A economia está crescendo, o emprego, aumentando, a inflação se encontra sob controle e as expectativas são de que com expansão do PIB, os investimentos retornem e a agenda desenvolvimentista lulista ganhe velocidade.
Ou seja, tudo o que a oposição não quer, apavorada com a deterioração política do bolsonarismo e do seu líder maior, ex-presidente Jair Bolsonaro, enredado na CPI do Golpe de 8 de janeiro e no escandaloso episódio das vendas das joias, tudo documentado e disponível para incriminar e prender o fascista negacionista.
Pela lógica econômica, ninguém acredita na possibilidade implausível de déficit zero que levaria a economia à estagnação, queda de arrecadação, dos investimentos, da produtividade e competitividade econômica, da impossibilidade da industrialização, do massacre dos salários, do consumo, com consequente aumento da desigualdade social e fuga de capital.
O jogo ensaiado essa pelo presidente da Câmara de subordinar-se ao jogo dos especuladores do mercado financeiro, apenas, reforçaria o retorno das forças o fascismo e inviabilizaria completamente soberania nacional.
Manobra escancarada da direita
O déficit como estratégia forçada da direita incapaz de disputar competitivamente a eleição no ritmo de retomada econômica é imposição conservadora forçada do teto de gastos que derrotou Bolsonaro em 2022.
É isso, no fundo, o que a direita fascista, com seu líder parlamentarista, apoiado pelo mercado financeiro, ancorado no Banco Central Independente, deseja, ardentemente.
Arthur Lira e sua retaguarda que sustenta golpe do déficit zero tenta reverter situação favorável a Lula que vence o pessimismo alimentado pelo poder midiático bancocrático, contrariado com o que não esperava, na economia, ou seja, crescimento do PIB de 3,2%, no primeiro semestre, comparado ao primeiro semestre do ano passado.
A indústria, os serviços e o consumo das famílias, segundo o IBGE, criaram novo cenário que assusta maioria conservadora no Congresso, diante do aumento da popularidade lulista.
Há pouco mais de duas semanas, a pesquisa Quaest apontava crescimento da aprovação popular do presidente na casa dos 60%, antecipando sensação de satisfação popular que viria ser confirmada com o crescimento surpreendente do PIB.
A mídia conservadora, porta voz dos especuladores, havia embarcado no pessimismo de que o PIB não estaria crescendo e que notícia ruim estaria por vir, no final do primeiro semestre, o que não aconteceu, pelo contrário.
As consequências do novo cenário são mobilizações da consciência popular em favor de agenda desenvolvimentista lulista que viabiliza vitória eleitoral nas eleições municipais de 2024 e na eleição presidencial e parlamentares de 2026.
É o que mais assusta a direita e a ultradireita.
Tal cenário sinaliza reversão da composição parlamentar favorável à remoção do neoliberalismo imposto por política econômica antinacionalista que somente favorece a bancocracia, dependente de cortes nos gastos públicos em programas sociais e econômicos, para sobrar mais verbas orçamentárias para ela em forma de pagamento especulativo dos juros escorchantes sobre a dívida pública.
Popularidade lulista desperta novo impeachment
A direita inconformada com a popularidade crescente do presidente nacionalista desenvolvimentista busca barrar sua escalada rumo à reeleição impulsionada por agenda positiva que, como denota os números do crescimento do PIB, no primeiro semestre, tende a avançar e criar ambiente propício aos investimentos, ao aumento da arrecadação, do emprego, do consumo, da melhor distribuição da renda.
O clima favorece, sobremaneira, a pregação feita pelo governo de que os ricos têm que pagar mais impostos, para que os pobres possam sobreviver, visto que, com salários insuficientes, não tem como contribuir além do que já é imposto pelo violento imposto regressivo sobre o consumo.
O receituário de Lula de jogar dinheiro na circulação para favorecer os mais pobres produz o que os neoliberais rejeitam, isto é, o ajuste fiscal pelo crescimento e não pela recessão, sem pressão inflacionária, nem arrocho salarial e fiscal insuportável.
Os conservadores, sobretudo, estão incomodados com a surpreendente recuperação do PIB, mas, igualmente, inquietam-se com a crescente influência da política externa lulista a refletir positivamente no plano interno, conforme ventos otimistas emanados dos BRICS, bombeador do mundo multipolar, da cooperação internacional etc.
Congelar os gastos públicos, por meio da agenda anti-desenvolvimentista que Arthur Lira articula com proposição de reforma administrativa, enquanto resiste à maior distribuição de renda, taxando os mais ricos, é insistência ultraneoliberal para barrar ajuste fiscal flexível que Lula e o ministro Haddad negociam com congressistas.
O presidente da Câmara age nos bastidores para promover o terrorismo legislativo pelas ameaças de disparo de gatilhos fiscais automáticos contra administração lulista, revertendo situação favorável que se desenha com a arrancada do PIB.
Aposta golpista indisfarçável
Os gatilhos se darão se não houver arrecadação suficiente para cobrir gastos públicos, o que é, perfeitamente, previsível, se Lira conseguir fazer triunfar sua proposição neoliberal de reforma administrativa na linha proposta pelo FMI, Banco Mundial e credores da dívida pública.
É a tentativa de retomada da agenda do Consenso de Washington, que Lula interrompeu depois que resolveu pagar as dívidas com Fundo Monetário e ficar livre do seu garrote.
O somatório de congelamento defendido por Lira com política monetária restritiva do BC Independente de Campos Neto interromperia investimentos públicos, justamente, o que o capitalismo produtivo – e não o especulativo – demanda, para dinamizar, sustentavelmente, o crescimento econômico até 2026 com as obras do PAC.
Lira quer empacar o PAC.
Sobretudo, essa ação política conservadora lirista, de barrar agenda desenvolvimentista que acelera gasto produtivo sem pressão inflacionária, pois ocupará espaço das empresas que estão com investimentos já realizados em capacidade já instalada, coloca em xeque os programas sociais que viabilizam apoio popular ao presidente.
O déficit zero e suas consequências nefastas para a política econômica e social visa, portanto, volta da direita, em 2026.
Assim, não é surpresa que o maior parceiro de Lira, o golpista deputado Aécio Neves, já prega abertamente o golpe semelhante ao que comandou contra Dilma.
E você caro leitor, o que pensa sobre isso? Comente aqui!