Por Vinicios Betiol
Durante a campanha do Donald Trump, o Steve Bannon, com a ajuda de bilionários, investiu boa parte de suas fichas em uma empresa chamada Cambridge Analytica. Dentre inúmeras práticas de manipulação social, eles praticaram o “microtargeting direcionado”.
Basicamente eles compraram dados comportamentais dos usuários do Facebook e, com a ajuda de inteligência artificial, traçaram o perfil psicocomportamental de cada um. Só que com um detalhe sórdido: ao invés de buscarem as preferências positivas, conforme é feito para fins comerciais, os engenheiros de dados da empresa identificaram os sentimentos negativos dos usuários, como medo e ódio.
Conhecendo os piores sentimentos das pessoas, passaram a produzir propaganda política voltada para esses sentimentos. O objetivo não era atingir o eleitorado fiel democrata ou republicano, o objetivo era atingir o eleitorado indeciso. De posse dos dados relativos aos medos dessas pessoas, faziam propaganda personalizada em tom alarmista e apocalíptico.
O foco nunca era convencer o eleitorado indeciso de que o Trump era um candidato perfeito. Bastava convencer as pessoas de que a Hillary Clinton colocaria em prática tudo o que elas mais temiam. Ou seja, as pessoas não votavam no Trump devido às suas propostas, e sim por medo do que a Hillary Clinton poderia fazer. O detalhe é que a maior parte das informações eram falsas.
Pq eu estou falando disso agora? Pq foi divulgado que entre as 20 empresas que mais fizeram propaganda no Facebook e no Instagram, 3 são de propaganda ideológica de extrema direita. Isso pode sinalizar que eles estão pagando para que a META (dona do Facebook e Instagram) entregue discursos políticos personalizados para os usuários que eles não estavam conseguindo alcançar com a rede de comunicação deles.
Se tratando de extrema direita, possivelmente estão fazendo algo similar ao que o Steve Bannon fez nos EUA: utilizando o microtargeting direcionado para levar propaganda ideológica radical e apocalíptica de forma personalizada para os usuários.
Temos então um problema muito grande, já que o microtargeting direcionado é apenas uma das estratégias eleitorais da extrema direita. Eles já possuem uma rede de comunicação extremamente estruturada, além do “voto de cabresto” religioso. Os desafios para as próximas eleições são muito grandes. Eles estão se articulando, na surdina, de forma sorrateira. E nós? Como estamos nos preparando para enfrentarmos essa máquina eleitoral fascista nas eleições municipais do ano que vem?
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