Ao destruir trabalhador, capital concentrador de renda e promotor de exclusão social destrói a si mesmo.
Elimina consumidor que remunera capital.
Sem consumidor capital perde valor.
A desvalorização do capital é a sua própria destruição.
Essa visão Getúlio Vargas a teve logo depois da revolução de 1930, que colocou abaixo a República Velha.
As duas principais providências iniciais dele foi, primeiro, criar o Ministério do Trabalho, segundo, as leis trabalhistas.
O nacionalismo se ancora não no capital, mas no trabalho.
O trabalho, regulamentado por legislação conduzida pelo Ministério do Trabalho institucionalizado, foi a base fundamental do consumo sem o qual os capitalistas não sobreviveriam.
Getúlio não estava empenhado em revolução para destruir o capitalismo.
Se tivesse, sua palavra de ordem não seria Ministério do Trabalho nem Consolidação das Leis do Trabalho(CLT), mas destruição da propriedade privada para instauração do comunismo, destruir o capital e colocar no poder político os trabalhadores.
Seguiria Lenin e Trotsky para implementar ditadura do proletariado.
A remoção da propriedade privada é preparação para instauração do seu oposto, propriedade coletiva.
A CLT getulista é a segurança do trabalhador para não cair na uberização atualmente em vigor que leva à revolução violenta gerada pelo capitalismo sem lei.
Biden, ao vestir macacão de trabalhador, para defender greves que se disseminam nas indústrias americanas, afetadas pelo subconsumismo, expresso no salário-mínimo de 7 dólares a hora, clama por Getúlio como reformador social para capitalismo americano, como reformou o capitalismo colonial brasileiro, tirando-o do século 19.
O fascismo bolsonarista(2018-2022), gerado pelo neoliberalismo golpista de 2016, que derrubou Dilma-PT do poder e, em seguida, golpeou, também, Lula, em 2018, bloqueando sua candidatura à presidência, é o parteiro da uberização universal.
Uberização americana brasileira
Tanto no Brasil, como nos Estados Unidos, o fenômeno tem suas semelhanças em meio a diferenças tópicas, disfarçadas por uma falsa democracia de ricos, essencialmente, anti-trabalhista.
Nos Estados Unidos, na prática, organicamente, vigora o reinado do fascismo anti-trabalhista.
A elite americana, como disse Norman Mailer, é, fundamentalmente, fascista.
Por lá não há leis sociais nem saúde pública.
O desejo oculto de Obama em campanha eleitoral era aprovar um SUS para os americanos e, agora, para Biden, o desejo de consumo dele é defender lei trabalhista.
Para ganhar eleição, Biden implora por uma CLT, projeto nacional-social-trabalhista, como destacou Darci Ribeiro.
Por isso, o presidente americano, nesse instante, recorre aos préstimos de Lula, em escalada de prestígio global, como presidente do G20 e líder destacado dos BRICS.
O X do problema, porém, é que Lula está prisioneiro do neoliberalismo, que destruiu, com o fascismo bolsonarista, as leis trabalhistas de Getúlio e acabou de destruir o monopólio do petróleo iniciado pelo neoliberal sob orientação do Consenso de Washington.
Tanto para Biden, como para Lula, a solução, para ganhar eleição é uma só: trabalhismo getulista, a combinação do social e do econômico para produzir no Brasil o social trabalhismo.
Desde 2014, no entanto, o Brasil vive retrocesso tanto econômico como social para comprovar a lei de Getúlio, que, também, é a mesma de Lula, segundo a qual não há capitalismo sem consumo assegurado por consumo economicamente sustentável.
Em 1954, um ano depois de criar a Petrobrás, sob pressão insuportável dos Estados Unidos e das multinacionais do petróleo, que o levaram ao suicídio como armas de resistência, para proteger o monopólio estatal petroleiro, Getúlio autorizou aumento de 100% do salário-mínimo.
Os capitalistas tupiniquins protestaram, mas, naquele ano, a economia cresceu, como resposta ao estímulo à classe trabalhadora, 12%.
Foi a expansão do consumo dos trabalhadores, associado às leis trabalhistas, que impulsionou investimentos na produção de petróleo e construção de refinarias.
Vargas criara a máquina estatal para fazer dinheiro para o povo se transformar na base do desenvolvimento sustentável a partir de justa distribuição da renda.
Biden, certamente, mira Getúlio, como Roosevelt, que, em 1933, seguiu os conselhos do presidente brasileiro para elevar gastos públicos em programas sociais distribuidores de renda, no seu famoso New Deal.
Em entrevista aos repórteres, quando esteve no Brasil, como relata o jornalista e escritor, José Augusto Ribeiro, em “A Era Vargas”, Roosevelt confessou que seguiu Vargas para montar seu famoso programa, como alternativa para enfrentar crash de 1929.
Agora, Biden, com economia de guerra abrindo o bico, socorre-se com um dos maiores líderes trabalhistas sul-americanos, para tentar ganhar segundo mandato em 2024.
O problema é que Lula herdou a desgraça neoliberal de Bolsonaro que o deixa de pés e mãos amarrados por política macroeconômica financeirizada, conduzida não por ele mas por Banco Central Independente, serviçal não do povo brasileiro, mas dos interesses do império americano.
A contradição da relação Lula-Biden é total e absoluta.
Ambos estão condicionados por modelo econômico anti-social que condena o trabalho ao desaparecimento por meio da uberização neoliberal.
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