A onda protecionista desencadeada por Trump, nos Estados Unidos, em 2018, a pandemia da Covid-19, em 2020, e, mais recentemente, a Guerra na Ucrânia, que fez disparar os preços da energia, afetaram duramente toda a economia mundial, não apenas reduzindo o crescimento e aumentando a inflação, como também desorganizando as cadeias de suprimento e estimulando a divisão e os conflitos internacionais.
Ninguém escapou, mas algumas regiões e países, ou por deficiências estruturais pré-existentes, ou por decisões erradas dos governos, foram mais afetados do que outros. E entre os que mais sentiram as consequências desse quadro negativo, entre as economias líderes, está a Europa, dentro Europa, a Alemanha, e dentro da Alemanha, a sua indústria.
Tida como sinônimo de eficiência e qualidade durante décadas, a indústria alemã está envelhecendo, perdendo força e se tornou presa fácil para concorrentes mais competitivos, em particular, da China. Segundo o jornal inglês, Financial Times, “A indústria da Alemanha deixou de ser o motor econômico da Europa e agora está entre as de pior desempenho da região após uma série de choques, incluindo a desestruturação das cadeias de suprimentos globais causada pela pandemia e a crise de energia desencadeada pela invasão da Ucrânia pela Rússia”. Ainda segundo o jornal, “Esses reveses agravaram problemas estruturais de mais longa data, entre os quais a escassez de mão de obra, elevação das barreiras ao comércio exterior, crescimento da burocracia e a falta de investimentos em transporte, educação e infraestrutura digital”.
Para alguns críticos, o tecido industrial da economia alemã, o maior da Europa, está em uma lenta degradação, com mais empresas transferindo a produção e os investimentos para o exterior. A Basf, maior empresa mundial de produtos químicos, por exemplo, optou por construir uma nova unidade de produtos petroquímicos, de € 10 bilhões, na China, ao mesmo tempo em que reduziu o porte de sua sede às margens do rio Reno, em Ludwigshafen. “Além disso, a capacidade da Alemanha na produção automobilística está sendo ameaçada pela China. O sucesso da economia asiática na produção de veículos elétricos fez com que ela ultrapassasse a Alemanha no ano passado como a segunda maior exportadora de automóveis em termos de volume. Embora o total das vendas externas tenha aumentado, os negócios com a China – uma fonte fundamental de crescimento nas últimas décadas – vieram abaixo. As remessas para seu segundo maior mercado de exportações, depois dos EUA, caíram 8,1% nos primeiros sete meses deste ano, quando comparadas ao mesmo período de 2022”, informa o Financial Times.
A produção industrial do país caiu 2,1% ao ano em julho, prolongando um declínio que reduziu a produção do setor em 12,2% desde o início de 2018. Os setores mais intensivos na utilização de energia da Alemanha sofreram um declínio ainda maior, de 20%. Segundo a agência Bloomberg (11/9), “A Comissão Europeia reduziu sua perspectiva para a economia da zona do euro prevendo que ela será contida este ano por uma contração na Alemanha. O PIB do bloco dos 20 países que compartilham o euro deverá crescer 0,8% em 2023, comparado a uma previsão anterior de 1,1%, segundo projeções atualizadas divulgadas ontem pelo braço executivo da União Europeia (UE). A previsão para o ano que vem foi reduzida na mesma proporção, para 1,3%”.
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