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Tecnologia do século 21, vida do século 19 – Poder da banca – Tragédia

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Pedro Pinho
Pedro Pinho
Administrador aposentado.

Reflexões sobre a transição energética e seu impacto na sociedade e geopolítica global

A comunicação foi a primeira preocupação da banca, então representada por capitais tradicionais e fiduciários da Inglaterra e País de Gales, ao ter início a reconquista do poder após perdê-lo na 1ª Grande Guerra para os industrializados Estados Unidos da América (EUA).

O mundo irá se concentrar, por quase todo o século 20, em disputas ideológicas: nazismo, fascismo, comunismo, democracia, mas, sob esses enfrentamentos, se desenvolvia o renhido combate das finanças contra a industrialização.

Em 1987, o pesquisador, homem de ciências e político, José Walter Bautista Vidal escrevia:

Os métodos de ação do colonialismo vêm ganhando em sofisticação e precisão de controle. Hoje o domínio é mais abrangente e o poder, centrado nos EUA, toma a forma tentacular do Poder Trilateral, sob a égide do sistema financeiro internacional.

JWBV, “De estado servil a Nação Soberana – civilização solidária dos trópicos”, Vozes, Petrópolis, 1988, 2ª edição

Sábias palavras deste que foi o criador da energia da biomassa no Brasil, quando o presidente Ernesto Geisel o ouviu e criou, em novembro de 1975, o Programa Nacional do Álcool, o Proálcool.

Habituados por séculos de domínio colonial pelas potências europeias, que levavam suas forças militares, sistema judicial, modos de vida, transplantados da Europa para “gente remota” de “terras viciosas”, é-nos difícil entender que a colonização já é mais ideológica do que resultante do domínio presencial de qualquer país.

No entanto, a dominação ideológica também é antiga. Quem destruiu o Império Romano senão a ideologia cristã, que dominou o mundo ocidental pelo período que denominamos medieval? Quem combateu a presença da Grã-Bretanha, da França, da Itália, da Alemanha, Espanha, Portugal, na África e Ásia senão a ideologia marxista-leninista, difundida pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) no pós 2ª Guerra?

Porém as reflexões ocidentais raramente se aplicam à evolução das civilizações orientais.

A China, potência neste século 21, sempre foi civilização ateísta; os cultos honravam os antepassados familiares e não invocavam seres imaginados pela insegurança humana. Entre os que se declaram ateus, sem religião, e os que apenas cultuam seus antepassados, estão mais de 90% da numerosa população chinesa. E, entre os 10% restantes, os mais numerosos são os budistas, igualmente sem deuses, que seguem a filosofia difundida por Sidarta Gautama (564 a.C.), que ensinou desapegar-se de tudo o que é transitório, que “o ódio não termina com o ódio, mas com o amor”, um receituário para a vida sem deuses.

Temos, assim, que a banca, o sistema financeiro apátrida, que nos domina desde 1980, também domina os EUA, os colonizadores países europeus, fazendo de cada um, conforme seus poderes, agentes da banca, sejam militares, políticos, ou apenas transferidores de recursos naturais primários, como o Brasil.

E, como tropa de vanguarda, estão as diversas formas de comunicação, do boca a boca até os sistemas digitais das redes sociais, controladas fora do domínio tecnológico e jurídico dos países vítimas. Cria expressões para denegrir seus opositores.

O que é “teoria conspiratória”? Expressão criada na Central de Inteligência Estadunidense (CIA) para desmoralizar aqueles que denunciavam suas ações de sabotagem, corrupção, chantagem do interesse dos EUA para dominar os países no período da “guerra fria”, hoje em desuso. O jornalista Beto Almeida ironizava a expressão cunhada pela CIA, afirmando não conhecer esta “teoria”, mas ter ciência das “práticas” conspiratórias.

A expressão atual é “energia limpa”; seu simples uso já é forma de combate às energias que as áreas sob domínio da banca não exercem igual poder, como a Venezuela, países do Oriente Médio, como o Irã, a Rússia, onde estão as maiores reservas de petróleo (óleo e gás) do planeta.

O petróleo, cujo consumo supera 50% em todas as nações, como o principal gerador de energia, é o inimigo. Então surgem as falácias, a guerra suja da desinformação, para países e pessoas, principalmente para aquelas que não dispõem de informações técnicas geológicas; que não sabem o que são movimentos das placas tectônicas, onde estão continentes e oceanos, que desconhecem as alterações que permanentemente deslocam o eixo da Terra, o que são explosões no magma que resultam em tormentas, em mudanças climáticas, nas grandes tragédias de terremotos, inundações e outras catástrofes.

E que o petróleo não é “energia suja”; ao contrário, é o mais rico e escasso bem natural, produtor de inúmeros produtos que vão de remédios a armas de guerra, da salvação ao extermínio da vida, e cujo custo é dos menores entre todos os insumos energéticos.

Porém, na campanha midiática, as finanças apátridas financiam cursos, programas de pós-graduação, elaboração de teses e pesquisas acadêmicas, “comprovando” as aleivosias e detrações do interesse da banca, fraudando realidades geológicas e geográficas pelas quais a Terra passou e passa, alterando continuamente climas e condições ambientais, que jamais poderiam ser imputadas a esta fonte de energia que só passou a existir nos últimos 150 anos. Ridículo e trágico!

O poder da comunicação é tanto maior quanto menos referências tiverem os receptores das mensagens.

Vemos então o domínio neopentecostal, com canais de televisão, estações de rádio, bancadas em assembleias legislativas e um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) escolhido por sua qualificação de “tremendamente evangélico”, ao lado das escolas públicas, em todos os níveis, sendo fechadas por falta de verbas e de professores.

Também ocorre com o desemprego, a uberização do trabalho, a miséria que enfraquece corpo e mente, o desinteresse de tudo que não seja o prato de comida para a própria pessoa e seus dependentes, tirando a atenção da origem dos males, e que jamais compreenderia o que está tão longe de suas preocupações, como o Consenso de Washington, ocorrido nos EUA, em 1989.

A transição energética

O grande projeto de dominação dos países elaborado pela banca é a transição energética. No que consiste esta transição energética?

Primeiro é necessário que as pessoas não considerem as fontes de energia como fontes limpas e renováveis e fontes poluidoras e danosas à existência humana, mas conforme a sua origem, ou seja, as fósseis, hídricas, nucleares e renováveis.

Tratemos destas fontes conforme seus usos estatisticamente contabilizados por uma das empresas de petróleo que estão promovendo as “energias limpas”, a BP, originalmente Anglo-Persian Oil Company (1909), depois British Petroleum (1954) e, desde 2001, simplesmente BP, que edita, desde 1952, a BP Statistical Review of World Energy.

Usaremos a 71ª edição, a primeira que não mais figuram as estatísticas das reservas de carvão mineral nem as de petróleo, e computa os dados ao fim de 2021.

O consumo de petróleo, nas formas líquida (oil) e gasosa (gas), representou 55% do consumo mundial de fontes primárias de energia. Com o carvão mineral, também de origem fóssil, esta percentagem sobe para 82%. Não deve ser opção suicida, mas resultante da racionalidade das políticas nacionais, na busca pela energia mais eficiente e mais barata, para mover seus países.

Os EUA e Canadá somados seus consumos aos da Europa representam mais de um terço do mundo, 36% de óleo e 39% de gás natural, embora concentrem somente 14% da população.

Porém a limpa hidroeletricidade não alcança um terço do consumo europeu, estadunidense e canadense, embora seja até significativa no Canadá. Porque a Europa se industrializou, nos séculos 18 e 19, sem qualquer preocupação ambiental e ecológica que, hoje, por suas Organizações não Governamentais (ONGs), cobra dos governos de países em processo de industrialização.

O Brasil tem matriz energética mais “limpa” do que a de qualquer outro país, que lhe está constantemente cobrando e exigindo medidas, que nem adotam em seus territórios, para inibir a industrialização brasileira. O petróleo nem responde por metade do consumo, embora o País seja autossuficiente na produção de petróleo cru e só não mantém na produção de derivados pelas políticas de privatização e de preço que favorecem a importação: o PPI, preço de paridade de importação. Óleo e gás respondem por 47% do consumo de energia, hidroeletricidade, 27% e potencialmente renováveis, 19%, no mesmo ano das estatísticas da BP.

Transição energética para vento e Sol é verdadeiro retrocesso tecnológico, social, econômico. É viver no século 21 como no século 19, com energias intermitentes, que não podem ser garantidas nas 24 horas em qualquer dia. Ou seja, geram inseguranças, incertezas que atingirão, como sempre, os mais necessitados, os despossuídos, os que mais dependem do poder público.

Poder público porque a importância da energia para os países não permite a privatização do planejamento, das decisões, das avaliações e controle; eventualmente, a execução de algum projeto, a produção de algum equipamento ou material, mais como incentivo ao desenvolvimento industrial do que para tirar a presença do Estado na energia.

Dispensar a mais importante fonte de energia atual, confirmada pelas estatísticas de consumo, que é o petróleo, apenas para satisfazer a ideologia neoliberal, imposta pelas finanças apátridas, deveria ser considerado crime.

Neném Prancha, como ficou conhecido Antonio Franco de Oliveira (1906-1976), filósofo do futebol, treinador e olheiro do Botafogo de Futebol e Regatas, clube carioca, foi também frasista, sendo das suas mais célebres criações a que afirma: “Pênalti é uma coisa tão importante, que quem devia bater é o presidente do clube”. Pois energia é tão importante para qualquer país que deveria ter sua gestão por monopólio estatal, diretamente subordinado ao presidente da República.

A verdadeira transição energética é a que objetiva o futuro da nação, o bem-estar da sociedade, que coloca o país na contemporaneidade.

O gênio Darcy Ribeiro descreve em seus Estudos de Antropologia da Civilização, O Processo Civilizatório (Editora Civilização Brasileira, RJ, 1968), após advertir o “quanto é temerária a tentativa de reformulação de teorias de alto alcance histórico”:

ÀS FORÇAS RENOVADORAS DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL SOMAM-SE DOIS EFEITOS CRUCIAIS. PRIMEIRO, OS DA REVOLUÇÃO TERMONUCLEAR, DA QUAL SE DEVE ESPERAR UMA FUNÇÃO HOMOGENEIZADORA DAS FORMAÇÕES MAIS AVANÇADAS, QUE CULMINARÁ POR CONFIGURÁ-LAS NO MESMO TIPO DE FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL. SEGUNDO, UMA FUNÇÃO ACELERADORA DO PROGRESSO, QUE POSSIBILITARÁ A RECUPERAÇÃO DO ATRASO HISTÓRICO DOS POVOS.

Com humildade, acrescentaríamos ao texto magistral, a Revolução Cibernética, também homogeneizadora e impulsionadora de nova sociedade, com a “progressiva redução das diferenças de classe, a integração da ciência no sistema adaptativo e a compulsão aceleradora, inovando o próprio processo de evolução, colocando a humanidade diante de novo limiar de desenvolvimento e da regência intencional da história”.

Vê-se a ação das forças financeiras apátridas, residentes em paraísos fiscais, usando todo tipo de fraude, corrupção, para que o Brasil retroceda, não avance, como outros povos estão fazendo.

Finalizemos com a notícia de 16/9/2023, da agência Xinhua:

“A China está construindo instalações que irão abrigar as tecnologias utilizadas principalmente para a produção de energia de fusão, a mesma energia que alimenta o Sol e as outras estrelas. Trata-se do Comprehensive Research Center for Fusion Technology (CRAFT), localizado na cidade de Hefei, província de Anhui. Este local procurará replicar a geração de energia solar a partir de reações de fusão nuclear. Para alcançar esses processos, os cientistas precisarão desenvolver tecnologias e sistemas-chave para o Reator de Teste de Engenharia de Fusão Chinês (CFETR), anunciado como “sol artificial da próxima geração da China”.

“Este novo dispositivo Tokamak está planejado para produzir energia de fusão com potência máxima que pode chegar a dois gigawatts (GW). O CFETR estará concluído em 2035. Por outro lado, os chineses explicaram que, uma vez concluídos os trabalhos do CRAFT, este se tornará plataforma de investigação abrangente com tecnologia relevante para centrais elétricas de demonstração de fusão (DEMO), bem como para aplicações industriais. O CRAFT, cuja construção teve início em dezembro de 2018, estará totalmente concluído em 2025. Estas instalações permitirão à China alcançar a independência tecnológica para o desenvolvimento de reatores de fusão nuclear”.

Segundo a mídia estatal, a China iniciou seus estudos relacionados à energia de fusão nuclear na década de 1970. Após vários anos de pesquisa, especialistas chineses conseguiram construir o Advanced Experimental Superconducting Tokamak (EAST), reator de energia de fusão magnética totalmente supercondutor. Isto porque utiliza campos magnéticos para confinar o plasma a altas temperaturas. Este dispositivo, em forma de rosquinhas de 400 toneladas, conhecido como “sol artificial chinês”, estabeleceu recorde mundial em 28 de maio, depois de atingir a temperatura plasmática de 120 milhões de graus Celsius durante 101 segundos.

Leia o texto original na íntegra.

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