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Israel vira oxigênio do capitalismo de guerra americano para renovar sua força pós fracasso na Ucrânia

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Nova guerra à vista no Oriente Médio coloca em evidência o mandamento de Keynes, em 1944, para Roosevelt, tornando-o mais atual do que nunca quanto às expectativas de sustentabilidade do império americano, até quando não se pode precisar:
“Penso ser incompatível com a democracia capitalista que o governo eleve seus gastos na escala necessária capaz de fazer valer a minha tese – a do pleno emprego –, exceto em condições de guerra. Se os Estados Unidos SE INSENSIBILIZAREM para preparação das armas, aprenderão a conhecer sua força.” (Crise da Ideologia Keynesiana, Lauro Campos, Boitempo)

Os orçamentos militares americanos nunca mais pararam de crescer, no pós-segunda guerra, bem acima da média, acumuladamente, a cada ano, quanto mais foram se solidificando a relação EUA-Israel.

Eisenhower reconheceria que a economia americana tinha sua base essencial no Estado Industrial e Militar Norte-Americano, de modo que sua expansão contínua virou razão de ser do império.

Washington, com moeda inconversível, sem lastro, ancorada no poder bélico, espacial e atômico, com suas centenas de bases militares espalhadas pelos cinco continentes, segue adiante insuflando conflitos, um atrás do outro, independentemente, se sai ou não vencedor, pois esse não é ponto, como destaca o historiador José Luis Fiori, em “História, Estratégia e Desenvolvimento – Para uma Geopolítica do Capitalismo”.

Até os anos de 1970, Washington desempenhou a figuração de política econômica baseada em reservas de ouro – padrão ouro –, até que jogou tudo pelos ares, deixando a moeda flutuar.

Impôs, na sequência, aberturas comerciais e financeiras ad infinitum para uma moeda sem necessidade de lastro, já que a palavra de ordem imperialista é do direito da força no lugar da força do direito etc.

Israel – e seus poderosos financistas que se alinham ao poder imperial – é, desde 1948, tributário dessa força imperialista, para o bem ou para o mal, na sua tarefa de exercitar o mesmo movimento do universo, ou seja, de expansão contínua da sua própria força, submetendo-se a si as demais concorrentes existentes, seja em que canto do mundo estiverem etc.

Dialética da guerra

Washington, que acaba de perder, virtualmente, mais uma guerra, na Ucrânia, onde, aliado da OTAN, ou melhor seu principal animador, não alcançou seu propósito de mudança no regime nacionalista de Moscou, volta-se, agora, para nova preparação das armas, na linha recomendada por Keynes.

Como sempre, precede as ações de Washington a provocação, agora, por meio do seu maior aliado: Israel.

Como ressaltou o atilado repórter da TV 247, Joaquim de Carvalho, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netaniahu cuidou de provocar previamente os palestinos para uma nova guerra ao apresentar na ONU, recentemente, o novo mapa do Oriente Médio, do qual exclui o território da Palestina.

Trata-se do Oriente Médio que interessa a Israel e aos Estados Unidos, seu apoiador na empreitada.

Estava ali, no discurso de Netaniahu, a prova do crime, praticado, inicialmente, não pelo Hamas, mas por Israel ao anunciar antecipadamente sua disposição de aniquilar os palestinos, desde a tribuna da ONU perante todos os povos.

Seria o modo pragmático de jogar pá de cal nas resoluções da ONU, favoráveis à criação do Estado Palestino, como alternativa de paz, para conviver com o Estado israelense.
A reação do Hamas foi a mesma de Putin de antecipar as agressões de Washington-OTAN, a partir da Ucrânia, em defesa do território russo.

Antes de ser mais uma vez atacado pelo terror israelense, que se estende há 75 anos, os palestinos romperam a linha Maginot das fronteiras armadas de Israel com a Palestina, comprovando a vulnerabilidade das forças de segurança do estado judeu.

Conspiração ou paranoia supor que tenha sido montada armadilha israelense, com apoio dos Estados Unidos, para atrair o Hamas ao território inimigo, para, em seguida, massacrá-lo, como está acontecendo ao longo dessa fatídica semana?

Jogo combinado

Imediatamente, o governo americano articulou com seus aliados ocidentais reação em cadeia de acusação ao Hamas e de bate pronto Biden mandou deslocar dos Estados Unidos para o Oriente Médio o seu maior navio de guerra em todo o mundo, para dar cobertura ao genocídio israelense em marcha na faixa de Gaza.

O imperador americano foi claro especialmente em alertar os Aiatolás do Irã para que fiquem quietos e não estimulem o Hezbollah a apoiar os palestinos que dominam a Faixa de Gaza, nessa altura do campeonato reduzida a escombros.

É essa tensão subjacente pré-anunciada por Biden que está no ar como prenuncio de nova guerra generalizada.

Washington não aceita contestação apaziguadora dos povos em torno da ONU, congelada em sua inutilidade prática, enquanto emerge em toda a sua onipotência o Estado Militar Industrial Norte-americano, nos termos destacados por Eisenhower – a vontade imperial como fator de reprodução ampliada do capital, não mais da produção e do consumo, mas da especulação desenfreada para sustentar guerras.

Capital vai à guerra

O cenário da guerra não cabe mais capitalismo da produção e do consumo, sujeito a colapsos intermitentes, incapazes de estimular investimentos produtivos com segurança de retorno ao capital investido.

Tal tarefa somente é possível no ambiente da especulação, para girar a montanha felomenal(como diria o artista) de capital sobreacumulado, impossível de se reproduzir nas operações de produção e consumo, no cenário de incertezas globais – inflação, desemprego, choques cambiais, concorrência e oligopólios.

Assim, o grande economista inglês, John Maynard Keynes, mais uma vez é chamado por Tio Sam, para dar a sua receita infalível, até o momento: expansão da dívida pública para puxar demanda imperialista, mantendo oculta a hiperinflação, escondida na barriga hiperinflacionária da própria dívida.

Com os títulos da dívida americana como seguro, a indústria armamentista se move de forma brutal.

O sistema promove esse mecanicismo desde a crise de 1929, sendo o mais recente o crash de 2008, de modo que é plausível a repetição pelo imperialismo do mesmo remédio sempre que possível, quando o sistema corre perigo das corridas bancárias especulativas, sempre presentes e ameaçadoras.

Foi acionado na guerra da Ucrania como pode ser novamente acionado se o conflito no Oriente Médio se internacionalizar.

Nada mais conveniente para a indústria armamentista.

Os perigos que rondam o império nessa dança do endividamento público americano explosivo continuarão sendo ampliados, com solução sempre paliativa.

É o que acaba de acontecer em Washington, com derrubada do presidente da Câmara, do Partido Republicano, Kevin Mackarthy, que tentou contemporizar com Biden no financiamento da dívida pública americana que supera 35 trilhões de dólares.

O deslocamento do maior navio de guerra do mundo para o Oriente Médio, para dar suporte ao genocídio israelense contra o Hamas, é a prova de que Tio Sam não tem outra saída senão continuar apostando no keynesianismo de guerra, sem o qual o império desaba.

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