É muita cara de pau do imperador Joe Biden de posicionar-se imediatamente a favor de Israel conferindo veracidade à versão do primeiro ministro Benjamin Netanyahu sem sequer ouvir o outro lado, pelo menos dos aliados dos palestinos, que se adensam na sequência do massacre brutal no hospital de Gaza matando 500 inocentes; o titular da Casa Branca falou como ventríloquo de Bibi, evidenciando estar fechado com o estado sionista para o que der e vier, sem nenhuma preocupação de lançar palavras acauteladoras quanto à necessidade de esforços para conter o conflito; pelo contrário, ele chegou impulsivo no Oriente Médio nessa quarta-feira, como comandante de linha de frente de ataque, predisposto a jogar lenha na fogueira e fazer valer o compromisso com o que interessa ao império: apoio incondicional ao aliado sem nenhum questionamento, sem colocar nenhuma dúvida nos seus argumentos, como se fosse verdade absoluta.
A posição intransigente de Biden não deixa margem a qualquer possibilidade de os Estados Unidos levarem em consideração ponderações possíveis na votação da resolução brasileira, no Conselho de Segurança da ONU, presidida pelo Brasil, no momento; deixa explícito que o conselho maior representativo das nações não pode expor uma média de opiniões, que, nesse instante, é de condenação aos ataques brutais do exército de Israel, na sua exibição da Lei de Talião, olho por olho dente por dente em proporções quadruplicadas.
Washington se coloca antecipadamente como guardião das posições do império americano cuja essência histórica é a mesma da de Israel, desde 1948, de expansão territorial sobre as terras dos palestinos, rompendo todas as resoluções em contrário da ONU, favoráveis à criação do estado da Palestina.
Jogo imperial
A consternação e revolta global à lógica imperialista pouco adianta em face de um projeto aparentemente oculto do sionismo judaico apoiado pelo sionismo americano de ampliar a dominação territorial imperialista no Oriente Médio.
A clarividente é consolidar espaços para garantir o que os Estados Unidos consideram a sua própria sustentabilidade existencial, expressa na garantia de ter acesso ao petróleo árabe, sem o qual sua força se esvai.
A presença de Biden, nesse momento, em Israel, equivale à chegada de tropas, armas, bombas e mísseis, como linguagem de guerra ao vivo, enquanto seu braço armado de Bibi Netanyahu vai empurrando os palestinos do norte para o sul rumo às fronteiras do Egito, que tem de se virar para suportar imigração forçada, cujas consequências são politicamente explosivas.
Consolidada a expulsão da população palestina, conforme o plano explícito de Israel-EUA, o foco de tensão mundial se estabelecerá em terras egípcias, visto que os emigrados para lá transferidos pelo êxodo forçado das forças de destruição israelense-americanas criarão fato consumado a demandar construção de uma infraestrutura emergencial que exigirá investimentos cuja origem, por enquanto, é incógnita.
A promessa explosiva do Irã e das forças revolucionárias que apoia, a do Hezbollah, aliando-se à resistência heróica do Hamas, para contra-atacar Israel, é, justamente, o que mais desejam as forças imperialistas, na medida em que são criadas as motivações ideais aos interesses da indústria armamentista.
Afinal, a base industrial de guerra constitui o âmago da economia política imperialista, expressa na existência do Estado Industrial Militar Norte-Americano, na definição de Eisenhower.
A palavra de Yellen
Não poderiam estar mais bem encaminhadas, desse modo, as justificativas que fazem mover a máquina de guerra financiada pela dívida pública americana como fator de multiplicação do próprio capitalismo, essencial à sobrevivência do sistema.
Trata-se de fazer girar a bicicleta do capital no seu modo fundamental de produção e de multiplicação de lucros no contexto da financeirização econômica que deixou para trás o capitalismo da produção e do consumo, como insuficiente para a reprodução ampliada do do sistema capitalista.
A secretária do tesouro americano, Janet Yellen, considerou, em reunião na OTAN, necessário suprir as demandas de guerra que se abre no Oriente Médio, ao mesmo tempo em que garantiu tal possibilidade ser plausível de conviver com continuidade dos gastos com a guerra na Ucrânia, embora esta esteja sendo arrefecida pela imposição das forças russas.
Ou seja, a voz da guerra depende da máquina de fazer dinheiro do tesouro nacional americano, para sustentar duas frentes de luta simultâneas sem comprometer, segundo ela, a pujança imperialista para garantir essa tarefa, razão de ser do imperialismo de Tio Sam.
Não existe preocupação alguma com equilibrismo orçamentário no império nos termos em que ele coloca para os aliados obrigados à lógica imperialista de imposição do tripé econômico neoliberal.
A presença de Biden em Israel nesse momento é o aval do império americano à frente de luta aberta por Netanyahu como outra etapa de continuidade do status quo de guerra que representa garantia da demanda econômica essencial para sobrevivência econômica dos Estados Unidos.
Trata-se da estratégia indispensável(emissão de dívida pública, enxugada pelo lançamento de títulos do tesouro, para sustentar inflação baixa),capaz de garantir nível sustentável de emprego nos Estados Unidos e o grau de intensidade dos investimentos na modernização e avanço tecnológico, dependente da expansão dos conflitos com capacidade de espraiar sobre a totalidade da estrutura produtiva e ocupacional do Estado Militar Norte-Americano.
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