Angus Deaton argumenta, em mea culpa, que o foco dos economistas nos mercados, na eficiência e o apego às teorias tiveram consequências de vida ou morte para milhões
Filho de um escocês ex-mineiro de carvão, Angus Deaton passou meio século ascendendo ao topo da profissão de economista, ganhando o prêmio Nobel em 2015 e comemorado desde então ao lado da esposa e coautora, Anne Case, identificando as “mortes por desespero” da meia-idade que atormentaram os EUA nas últimas décadas. Assim, quando o professor emérito da Universidade de Princeton lançar um novo livro com o sóbrio título Economia nos EUA, pode-se antecipar uma celebração de despedida das maravilhas da disciplina.
É tudo menos isso. O que Deaton chama de mea culpa é um ataque à sua profissão e a algumas de suas figuras mais célebres. Os economistas e seu incansável foco nos mercados e na eficiência, bem como o seu dogmático apego às teorias (mesmo depois de terem sido refutadas), tiveram consequências de vida ou morte para milhões, argumenta ele. O livro, lançado no dia 3 de outubro, já desencadeou um debate que o fez enfrentar pelo menos um outro colega de destaque.