Conflito Venezuela x Guiana pode servir de motivo para instalação de base dos EUA e deposição de Maduro
Por Marcos de Oliveira
Enquanto se discute se o referendo realizado no último domingo na Venezuela, convocado pelo governo de Nicolás Maduro sobre a disputa na fronteira de Esequibo, com a Guiana, teve ou não grande comparecimento às urnas, uma questão se sobressai na cortina de fumaça: será a disputa Venezuela x Guiana uma armadilha em que caiu o presidente venezuelano?
A questão foi levantada por Dennis Small, do EIRNS. Para ele, o verdadeiro vencedor do plebiscito é Londres (mais exatamente, a City londrina, a banca, como diria Pedro Augusto Pinho, habitual colaborador do Monitor).
“Este é um caso clássico de manipulação geopolítica britânica, que poderá muito bem acabar com o Comando Sul dos EUA estabelecendo uma base militar em território guianense para proteger os vastos direitos petrolíferos da ExxonMobil naquele país – e lançar uma guerra para derrubar o governo esquerdista de Maduro na Venezuela. Isso garantiria que a Iniciativa Cinturão e Rota da China fosse bloqueada em toda a região, que é a principal missão declarada do Comando Sul dos EUA”, analisa Small sobre o conflito Venezuela x Guiana.
Caracas convocou o referendo depois que a Guiana começou a leiloar blocos de petróleo em Esequibo, em agosto de 2023. No mês passado, a Guiana anunciou uma nova descoberta “significativa” de petróleo na região, somando reservas estimadas de pelo menos 10 bilhões de barris – mais do que o Kuwait ou os Emirados Árabes.
“Quer o inepto presidente Maduro tenha convocado o referendo por razões políticas internas, tendo em conta as eleições presidenciais em 2024, ou por preocupações legítimas de segurança, o fato é que ele caiu diretamente numa armadilha britânica. É uma armadilha que o seu antecessor e mentor, Hugo Chávez, reconheceu e evitou habilmente”, explica Dennis Small.
Chávez, prossegue Small, citando um artigo recente no Caracas Chronicles, “apontou que toda a disputa era obra imperialista dos Estados Unidos, que queriam promover uma guerra Venezuela x Guiana para derrubar o então presidente de esquerda da Guiana, Forbes Burnham (1980–1985). ‘A mesma coisa que aconteceu no Médio Oriente, com Irã, Iraque e Saddam Hussein’, explicou Chávez.”
“Eles nos disseram que a Guiana estava se tornando outra Cuba, que tínhamos que invadi-la… Eles nos fizeram planejar uma invasão completa de Georgetown, estudando os mapas e tudo mais”, prosseguiu o líder venezuelano, que teria declarado: “O governo venezuelano não será um obstáculo para qualquer projeto que aconteça no Esequibo que beneficie os habitantes da região.”
Armadilha brasileira
O Brasil tem fortes interesses na região do conflito Venezuela x Guiana, não só pela fronteira com ambos os países, como pela fronteira petrolífera na Margem Equatorial.
Neste caso, o Ministério do Meio Ambiente brasileiro, ministra Marina Silva à frente, dribla os interesses nacionais para tentar impedir a Petrobras de fazer explorações na região – a quase 500 km da foz do Rio Amazonas, como muitos tentam ludibriar.
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