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Deflação chinesa mata capitalismo ocidental

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A China apavora o capitalismo mundial com deflação produzida globalmente pelas suas exportações de bens de consumo industrializados.

Keynes, autor de “Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” disse que a inflação aleija, mas a deflação mata.

Entre sair aleijado ou morto, melhor a primeira opção, é claro, do ponto de vista do utilitarismo capitalista.

A inflação, como se sabe, é o principal instrumento do capitalismo para elevar lucros por meio da oferta escassa, enquanto, ao mesmo tempo, arrocha salários.

Dupla exploração do trabalhador.

É o momento de máxima rentabilidade do capital produtivo de bens e serviços.

A deflação, ao contrário, é o reinado da oferta superior à demanda que joga os preços no chão, enquanto eleva os salários.

É o momento em que o trabalhador, diante do capital, vê aumentar o seu poder de compra.

Mas, evidentemente, essa evidência tem sido, historicamente, vitória de Pirro.

O capitalista, diante da deflação, reduz a produção, para fugir da queda da taxa de lucro, de modo a produzir inflação, “a unidade das soluções”, segundo Keynes.

Banco público chinês: pavor total da capital

Assim, se os chineses assombram o mundo com a deflação nas exportações de bens de consumo, jogando inflação para baixo, a perspectiva, do ponto de vista do capital, é o fim do capitalismo ocidental, que não suporta a deflação, impulsionada pela financeirização, que força a solução salvacionista: alta da taxa de juro, já que, se o custo do dinheiro cai, eleva produção e acentua, ainda mais a deflação.

A vantagem da China, nas exportações, contra as quais o ocidente, perde a corrida, é que os chineses estão cobrando juro de 2% para as indústrias produzirem para exportação, enquanto a financeirização precisa do juro alto para capitalizar a especulação, alternativa à reprodução do capital de modo a fugir da tendência deflacionária.

O aumento da oferta em relação à demanda, afetada, no capitalismo, pela crônica insuficiência de consumo decorrente das reformas neoliberais que levam ao subconsumismo, agrava ainda mais a situação da competição do ocidente com o avanço chinês.

O partido comunista chinês, via banco estatal, ao forçar a deflação, mediante juro muito baixo, destrói concorrentes e fragiliza o capital que requer a inflação como instrumento de reprodução ampliada, levando à fuga da produção para a especulação.

Revolução agrária à vista

Um dos próximos alvos dos chineses que pode entrar em crise de realização de lucros é a agricultura capitalista.

Ao financiar os pequenos e médios agricultores na África e na América do Sul, para atender a demanda chinesa de 650 milhões de toneladas de grãos/ano, os chineses estão oferecendo juro abaixo de 2% para a agricultura familiar.

Serão incrementadas as pequenas e médias propriedades com oferta de tratores de médio porte que poderão ser fabricados nos países africanos e latino-americanos, com elevada produtividade a custo financeiro baixo.

A pequena e média propriedade com máquinas plantadeiras e colheitadeiras chinesas – e transferência de tecnologia para produção local com capital chinês ofertado por bancos públicos – alcançará grande competitividade que proporcionará avanço dos pequenos e médios agricultores não apenas à produção de alimentos, mas, igualmente ao plantio de soja, milho e sorgo em larga escala, deslocando o agronegócio.

Pequenos e médios produtores financiados pela China podem ultrapassar grandes produtores do agronegócio, especialmente, porque a partir da África os chineses pagam a metade do frete que pagam pelos percursos Brasil-China.

A elevação da oferta maior que a demanda forçará deflação que jogaria em dificuldades o grande produtor rural, atualmente, prisioneiro dos fundos de investimentos internacionais que dominam suas terras empenhadas para a compra de insumos e fertilizantes.

Sobretudo, a deflação criará condições para discussão política da reforma agrária na América do Sul, afetando os interesses da grande propriedade, atualmente dependente do capital externo controlado pelos fundos de investimentos especulativos.

Leia também: https://www.brasil247.com/economia/exportacoes-chinesas-contribuem-para-a-deflacao-global-de-bens-de-consumo?tbref=hp

https://www.brasil247.com/economia/china-lanca-plano-para-ampliar-sua-seguranca-alimentar?tbref=hp

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