Pedro Pinho
Vou contar-lhes uma história sobre a política ambiental e seus desdobramentos geopolíticos. Como se isso fosse necessário!
O caldo desandou e o governo brasileiro não percebeu ainda. O governo Bolsonaro tratava a política ambiental com desdém, jogo claramente aberto, deliberado. E tinha apoio ao fazê-lo. Já no governo Lula, a política ambiental de Marina Silva é de pura fachada, mero discurso pra americano ver.
Tal displicência no campo pragmático, traz impactos geopolíticos que estarão na mesa da COP-30.
Belém e o resto do Brasil estarão sorrindo no baile. O rompimento do colonialismo na América Latina não entra na pauta. Acordo que será renovado tacitamente. O governo brasileiro oferecerá energia limpa, mão-de-obra barata e recursos naturais abundantes, com se isso fosse vantajoso pra nós.
E segue o baile, com muita ciranda, açaí, cocares com pena de arara na cabeça dos gringos. Multicores e alegria contagiante, uma Paris, uma Nova Yorque tropical!!
Voltemos pra dentro do centro de convenções:
Hidrogênio verde, transição energética, economia de baixo carbono. Sustentabilidade ambiental é uma forma de espoliação com anestésico.
Sim vamos aumentar nossas exportações de *energia limpa e barata* . E podem levar o urânio de Caetité (BA) e Santa Quitéria (CE). O nióbio de Catalão (GO) e Araxá (MG). Vai ter promoção de baterias elétricas, fiquem com o lítio de Araçuaí, Capelinha, Itaobim, Minas Novas e Pedra Azul. Óh maldita sina das velhas minas!
Mas haverá contrapartidas! Sim, o territorio brasileiro será provido de infraestrutura, rodovias e ferrovias para escoar a soja e o minério de ferro até os portos.
O gas e o petróleo do Pré-sal e da Margem Equatorial estarão sempre na mira das petrolíferas de além mar, a mercê de novos golpes, híbridos e com paridade internacional de preços.
Ganharemos também novas instalações de energia solar e eólica, novas linhas de transmissão, que serão muito úteis para a instalação de fábricas de multinacionais, afinal produzir na colônia é mais barato que na metrópole.
Soluções concretas o governo não tem, se investir em capacidade do estado, com servidores de alto nível e infraestrutura de ponta, vem logo o grande irmão, com a mídia na coleira, rosnando teto de gastos e outras austeridades fiscais.
Final de festa, digo, encerramento da COP-30: o povo sentado na areia das praias do baixo Amazonas a ver navios. O boto some em um suave mergulho com o pôr do sol ao fundo.
https://redondezadomundo.blogspot.com/2024/07/a-cop-30-e-o-boto-multicolorido.html