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A lei da Terra e o desmando dos homens.

Adhemar Bahadian

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A semana foi vivida em Chicago, the “wind city”, a nos trazer bons ventos com a Convenção do Partido Democrata e a nos recordar os Estados Unidos que sempre admiramos.

“Longe vá temor servil” da Convenção do Partido Republicano, em que Trump andava pelos salões com o mesmo passo e gingado atrevidos dos “bang-bang” dos anos 50, sempre resolvidos a tiros no por do sol dos currais sem lei do Oeste americano.

Em Chicago, ouviram-se os tambores da paz diante dos obsessivos gestos de guerra, sempre presentes nas palavras e atitudes de Trump.

Talvez você seja admirador dos Obamas, os Fred Astaire e Ginger Rogers, da oratória política contemporânea de um Estados Unidos à busca do tempo perdido. Ou talvez você tenha preferido a inesquecível determinação de Hillary Clinton, e da própria Kamala, em defesa da Democracia e da liberdade, em especial da liberdade sobre os destinos de nosso corpos e de nossas vidas.

Ou, finalmente, você se tenha surpreendido com as palavras de Oprah Winfrey, ao sair de sua zona de conforto para registrar sua defesa inquestionável da Democracia, num país hoje tão dividido, exceto no reconhecimento de Oprah como uma das mais importantes formadoras de opinião nos Estados Unidos.

E ela sabia do risco que corria ao se definir tão publicamente em favor de Kamala nos tempo enviesados de hoje.

Fato é que Kamala Harris abre uma nova era nos Estados Unidos da América. Ela veio para defender a lei da terra e alertar os homens e seus desmandos diante do Direito das gentes. Kamala não teme Trump. Como ela mesmo disse, seus anos na defensoria pública lhe permitem catalogar o perfil lombroseano dos criminosos de todo os gêneros, inclusive daqueles vestidos com o manto sagrado da causa pátria para fazer da nobre política a manjedoura de ambições inconfessáveis.

Curiosamente, na aparência, tanto Trump quanto Kamala parecem desejar a volta de um país como o sonhado pelos primeiros imigrantes trazidos pelo Mayflower. Ledo engano.

Trump estimula o renascimento de um Estados Unidos patologicamente desviado das aspirações dos primeiros que nele aportaram em busca de liberdade cívica e religiosa.

Trump hoje confunde o destino maior dos Estados Unidos com a desunião de raças, com o não reconhecimento do papel do Estado como protetor de seus cidadãos e almeja apenas uma sociedade em que só os detentores de capital tenham acesso ao melhor sistema escolar e ao mais bem sucedido sistema de preservação da saúde.

A lei da terra nas montanhas de Trump são as que levaram os Estados Unidos da América a desmontar todo o sistema de “Checks and Balances”, pedra de sustentação de um capitalismo progressista, contrário ao abuso do poder autocrático que se tornou evangelho segundo o globalismo e o neoliberalismo parasitários.

Ao contrário de Kamala, que reconhece nos direitos fundamentais do Homem o ponto de apoio para finalmente se repararem as injustiças econômicas e sociais dos últimos 50 anos, Trump defende e apregoa o aprofundamento do ódio como parte essencial de uma ideologia econômica excludente, de uma saúde pública estiolada, em que os preços de medicamentos e procedimentos hospitalares se tornam proibitivos para a classe média que deles tanto necessita.

De tudo que vi e ouvi nas Convenções dos Paridos americanos, o que mais me preocupou foi a advertência tanto de Clinton quanto de Obama : não nos iludamos, as eleições de 2024 não estão nem de longe resolvidas e a vitória de Trump, digo eu, significará o abastardamento ainda maior do Brasil.

De todos os males por que passamos ao longo da História, nada se poderá comparar ao eventual sucesso da criminologia política extremista com que estamos a conviver. Uma Europa garroteada pela extrema direita e os Estados Unidos ameaçados de se acreditar o líder do mundo ocidental com uma política obscurantista culturalmente e antropofágica economicamente.

Ou será que você não vê que partem das mesmas mentes equivocadas ,quando não predatórias, os ataques ao Capitólio nos Estados Unidos da América e aos tres poderes da República em Brasília?

Ou Será que não vemos a incoerência de criticarmos o Supremo Tribunal Federal quando unanimemente decide dar pelo menos transparência a emendas parlamentares jamais tão onerosas ao orçamento público e tão indefensáveis ate pelo mais comezinho
princípio ético?

A hora, portanto, é de acreditarmos na sensibilidade política da maioria do povo americano. O erro eventual que leve Trump de novo ao poder fará desta geração hoje vivente – dentre as quais está a minha- ser conhecida como a mais irresponsável e mais carcomida politicamente desde os ingênuos anos do pós-guerra em que chamávamos os Estados Unidos da América.

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