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QUAL POSIÇÃO DA GLOBO DIANTE DA TERRA IMPRODUTIVA OCUPADA POR SEM-TERRA?

CÉSAR FONSECA - Foto Reprodução/Tv Globo

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Está terminando nesta semana a novela “Renascer”, da Rede Globo, um remake, cujo enredo se desemboca numa questão social e econômica relacionada à propriedade da terra improdutiva contra a qual a esquerda, historicamente, defende para realização da reforma agrária.

O tema transcorre, justamente, no momento em que o governo Lula se mostra propenso a discutir o assunto que sempre polarizou ideologicamente classes sociais antagônicas, motivando golpes de estado, na América Latina, especialmente, no Brasil, como em 1964, derrubando democracia, com apoio de Washington.

CENÁRIO BAIANO

Os sem-terra, na região do cacau, na Bahia, juntam-se, de fora da cerca da propriedade, para ocupar terra improdutiva de um coronel sanguinário.

Conforme o enredo imaginário, mas assentado na realidade objetiva de um Brasil onde o latifúndio, hoje, por meio do agronegócio, representa principal força econômica nacional, o coronel, que vive do suor alheio, para, apenas, comercializar seu produto, resiste a um sem-terra – o Tião Galinha, interpretado pelo ator Irandhir Santos – que atravessou a cerca e se instalou na terra improdutiva.

O que fazer com ele, eis o ponto central da enredo, em torno do qual a Globo fantasia misturando velhos e novos costumes, configurando uma realidade marcada pela luta de classes.

Na propriedade improdutiva, o sem-terra, socialmente, excluído, à margem da lei, cria suas galinhas, bichos e planta suas sementes, gerando benefícios para sua família, mulher e dois filhos, que, claro, viram alvo da ira do coronel, que apela à lei, cumprida pelo delegado, com prisão do assentado.

LEI DOS RICOS

Os advogados dos sem-terra, ligados, por sua vez, a outro coronel, adversário do outro coronel, ambos personagens de velhas lutas familiares, conseguem tirar o sem-terra da cadeia por liminar, sob argumento de que a propriedade improdutiva não cumpre sua função social.

Por isso, passível de ser ocupada, quem a ocupa, para fazer uso devido ao reclamo social, deve ser julgado à luz da justa sabedoria.

Mas, a lei foi feita pelos ricos, e daí?

O sem-terra é libertado, mas sob condição de não mais invadir terra alheia.

Ao lado dele, que atravessou a cerca, dezenas, centenas de outros seus companheiros de jornada, socialmente, excluídos pela concentração de capital, aguardam, ansiosos, o desfecho do enredo ficcionado, ancorado em realidade que se arrasta, historicamente, nesse Brasil injusto onde grassa a desigualdade social.

1% dos mais ricos percebem a renda de 80% do restante da população.

A Globo reconhecerá o direito de os sem-terra ocuparem terras improdutivas, com o devido processo legal, traduzido em desapropriação da propriedade com indenização legal, abrindo espaço para o trabalho de quem está interessado em multiplicar riqueza pelo suor do seu rosto?

TAXAÇÃO DOS RICOS

A desapropriação não seria uma versão forçada da criação de imposto sobre herança que tem, apenas, favorecido uma classe rica ociosa que usa a propriedade para valorização de ativos nos momentos mais adequados para multiplicação de patrimônio.

A cobrança de impostos sobre herança é o desejo maior do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para engordar o caixa do tesouro, em seu esforço de arrecadação para pagar juros e amortização da dívida pública, que engolem, anualmente, R$ 800 bilhões do orçamento geral da União (OGU), de forma a cumprir com o arcabouço fiscal neoliberal, enquanto a pobreza avança.

Tal imposto, travestido de desapropriação, motivada pela ocupação das terras improdutivas, para alavancar, pelos sem-terra, a agricultura familiar, de modo a chegar na mesa do povo alimentação mais barata, seria ou não fator de modernização do capitalismo brasileiro?

Se ao sem-terra que atravessou a cerca na propriedade improdutiva do coronel sanguinário, no cenário fictício da Globo, fosse dada oportunidade de produzir, colher, vender e pagar imposto, ocorreria ou não mais chance de o Brasil sair da crise de realização de lucro do capital super concentrado nas mãos de uma minoria de latifundiários, favorecidos pelas isenções fiscais, em tempos de vacas magras?

CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO

A solução está ou não na desconcentração da renda e na melhor justiça social, como defende Lula em proposta desenvolvimentista nacionalista?

A Globo, sempre aliada dos golpistas neoliberais, na defesa do capital financeiro especulativo, adversário da democracia, está com a palavra, nessa reta final da novela “Renascer”, onde, em torno do problema central – concentração de terra improdutiva nas mãos de uma minoria de latifundiários, tema eterno na sociedade brasileira – circulam os velhos e novos costumes(religião, sexo, amor, ódio, machismo, feminismo etc), alterados pela dinâmica social, envolvida na modernidade tecnológica, misturada com a antiguidade reacionária.

No centro do problema, para além da sua complexidade intrínseca, está a luta de classe, que a direita e a ultra direita e, também, agora, uma esquerda oportunista neoliberal pró-Washington, tentam, inutilmente, contornar e negar.

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