Bom domingo. Volto ao tema da invasão do brasil pelo audiovisual estadunidense. Há quem diga que o “monopólio” da Globo era ruim para o país. Era. De fato, o youtube e tais dão oportunidade para quem antes não tinha (manual do mundo, por ex.).
Mas o benefício de ligeira maior pluralidade esconde trágico fato econômico. Youtube é uma televisão igual a Globo. Atrai audiência com programação para vender publicidade a quem assiste. Apenas: a programação do youtube é fragmentada em milhares de produtos; enquanto a da Globo, concentrada em uns poucos.
Esta diferença em nada altera o fato de que o receita da publicidade nacional, que antes ficava no país (pagava mão de obra nossa!) agora é retirada da economia daqui e vai regar a economia do país do youtube. É disso que falo. O “monopólio” da Globo deveria ter sido quebrado por concorrência feita a ela por empresas brasileiras.
A servidão intelectual ao colonizador, que nos impede de desenvolver um automóvel nacional, é a mesma que nos impede de criar um TUBO brasileiro para exibição de maior diversidade, e outros trânsitos de dados. Fossem nacionais as empresas da comunicação eletrônica e os recursos da publicidade brasileira permaneceriam no país.
A TV Globo, malgrado sua desleal atuação na política, foi a única resistência, economicamente de sucesso, do audiovisual brasileiro a ganância estadunidense. Ao “monopólio” dela hoje se opõe o monopólio de 3 ou 4 empresas estrangeiras a nos drenar os recursos econômicos da publicidade. E eles empregam pouco e pagam muito mal.
Ciro Gomes aponta a desindustrialização do brasil em outras áreas. Importamos hoje o que já produzíamos ontem, diz ele. Viveremos da agricultura em latifúndios de monoculturas até quando? Não deveríamos nos atualizar, modernizar e, até, ultrapassar o presente? Prevejo os danos que a desindustrialização do audiovisual brasileiro trará ao país. E não vejo o assunto entrar na pauta das preocupações políticas.
Talvez a composição atual do congresso seja mais favorável aos interesses estadunidenses do que aos nacionais. Talvez a riqueza brasileira prefira vender o país a estrangeiros do que ver nele surgir a justiça social. É disso que tento falar.