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Colonialismo cultural: um contexto estratégico para a dominação imperialista

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O progresso tecnológico e os avanços na legislação trabalhista, duramente alcançados através da luta dos trabalhadores (principalmente a partir do final do Século XIX e anos subsequentes), favoreceram o surgimento da denominada indústria cultural, com os senhores do capital tratando logo de ocupar o espaço de lazer conquistado pelos trabalhadores – transformando a cultura em produto e descaracterizando seu propósito de reflexão.

A indústria cultural, respondendo aos interesses monopolizados do capital transnacional, rapidamente criou o mercado consumidor de bens culturais e abriu as portas para um muito bem pensado processo de massificação da cultura, interferindo decisivamente não apenas na economia, mas também na forma de organização da vida social:

  • Através do uso específico dos meios de comunicação com fins ideológicos;
  • Vendendo produtos culturais  homogeneizados, cuja base de popularização é o lucro;
  • Direcionando (orquestrando) o que deve ser culturalmente consumido, ao mesmo tempo que  sufoca e inibe as manifestações culturais legitimamente criativas – que vão perdendo espaço e legitimação social;
  • Estabelecendo estratégias para padronizar o comportamento e domesticar o pensamento das pessoas.

Portanto, utilizando-se de espaços como tv, cinema, teatro, literatura, música, imprensa e outras formas de entretenimento e ocupação do tempo livre das pessoas, a cultura de massas foi pensada para contribuir com a limitação da capacidade de pensamento crítico e de reflexão dos indivíduos e concorre para incutir no imaginário coletivo valores úteis à manutenção do sistema de organização social – tal como está:

  • Atendendo a finalidades econômicas, orientadas para a venda e o consumo; 
  • E também políticas, promovendo a ilusão da harmonia social e econômica, a naturalização do comportamento individualista e a lógica da mercantilização e coisificação em todas as esferas da vida;
  • Alavancando a alienação humana, induzindo desejos e necessidades, limitando a imaginação, sufocando a ousadia e desestimulando inquietações e questionamentos.

É nesse contexto que se estabelece o processo de dominação conhecido como colonialismo cultural. Uma estratégia “sutil”, porém não menos agressiva de subjugação, utilizada pelo imperialismo.

O colonialismo cultural consiste na utilização e manipulação dos meios de comunicação como forma de alterar a cultura de indivíduos, grupos e países em busca de cooptação e adesão submissa aos interesses, modo de viver e ideologia de quem a protagoniza, como manobra de influência e ascendência opressora – requintada forma de imposição.

No caso do Brasil, com o controle da cultura dominado por uma burguesia absolutamente egoísta, completamente subserviente e com vínculos estreitamente estabelecidos com o imperialismo estadunidense, os negócios, os padrões de consumo e o estilo de vida dos EUA são colocados como critérios máximos (pode-se dizer únicos) de referência para a organização da vida econômica e social da nação:

  • Numa condição de total dependência e completamente distanciada das reais necessidades do Brasil e dos problemas dos trabalhadores e do povo brasileiro;
  • Alienando e entorpecendo os cidadãos, através de ofertas culturais homogeneizadas e comerciais – convenientes ao sistema e favoráveis à perpetuação da lógica capitalista,  sem questionamentos;
  • Promovendo o desenvolvimento do comportamento descompromissado e desconectado com a realidade vivida;
  • Garantindo a ocupação do tempo livre do trabalhador, mas  negando-lhe as condições para refletir sobre a sua condição de classe.

Os conglomerados de comunicação nacional conspiram contra os interesses do povo brasileiro e funcionam explicitamente como partidos da burguesia.

A reflexão crítica sobre o papel estratégico que esses grupos exercem nesse processo de dominação burguesa é algo mais que urgente e necessário, contudo, não podemos deixar de ter a clareza de que as nossas classes dominantes agem tuteladas pelo poder do imperialismo:

  • Lutar contra a dominação que elas exercem sobre o povo e os trabalhadores brasileiros implica, necessariamente, fortalecer o nosso foco de atuação na luta anti-imperialista;
  • Não faz nenhum sentido encampar essa luta, sem a perspectiva de uma profunda transformação social – sem mostrar os nexos entre cultura e luta de classes;
  • De outra forma, perde-se qualquer possibilidade de pleno resgate da (aparentemente perdida) identidade nacional;
  • E até mesmo as propostas para eliminar o controle absoluto das grandes corporações sobre a opinião pública seriam insuficientes nesse contexto.

A crise de identidade nacional num país onde um presidente, em “atos cívicos”, desfila ao lado de  pessoas empunhando a bandeira dos Estados Unidos da América e orgulhosamente presta continência a esta bandeira, estabelece relação com o processo de alienação e dominação, fruto de uma coordenada ação imperialista, na qual o colonialismo cultural representa apenas uma de suas facetas.

Não se combate colonialismo cultural simplesmente com contracultura – negando a cultura vigente, contrariando normas e padrões sociais – ou no campo do embate institucional.

É preciso enfrentar o imperialismo, e tudo o que para nós representa sua determinação para submeter o Brasil ao mero papel de coadjuvante no cenário geopolítico e permanentemente subjugado à condição de dependência no sistema do capitalismo mundial, fortalecendo a luta pela base:

  • Elevando o conhecimento da população para a luta política;
  • Dialogando com os trabalhadores nos locais de trabalho, convivência e moradia;
  • Articulando suas experiências adquiridas, promovendo a consciência de classe e a organização e mobilização popular para a luta anti-imperialista.

É claro que esse processo também passa pela necessária democratização dos meios de comunicação, mas só é possível de ser viabilizado se for priorizada a caracterização clara e objetiva da conjuntura política atual, principalmente estabelecendo-se uma linha de atuação prática, para:

  • Lutar contra o desmonte da nossa limitada legislação trabalhista e contra o desemprego imposto pelo golpismo;
  • Lutar contra a terceirização, o subemprego e a crise econômica geral;
  • E lutar contra a vergonhosa entrega do patrimônio nacional promovida pelas privatizações.

O Brasil está completamente dominado pelos agentes do capital transnacional, que se valem do controle dos aparatos do Estado para impor sua agenda de saque ao patrimônio público e financeiro do país e promover a retirada dos direitos e conquistas dos nossos trabalhadores – a famigerada ideologia neoliberal.

Uma agenda sistematizada e expressa por diversificados meios e estratégias de dominação, cujo enfrentamento não é fácil.

Dizer não à subjugação imperialista significa a possibilidade de uma correta adequação do Brasil no espaço de configuração do complexo jogo geopolítico e a garantia da nossa própria condição de presença no mundo, a partir de uma perspectiva de equilíbrio entre as nações.

Mas fundamentalmente representa, para nós brasileiros, a perspectiva de um futuro soberano para o país, com segurança para que seja estabelecida uma legítima e justa redistribuição das riquezas aqui produzidas entre aqueles que realmente a produzem: os trabalhadores.

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