Cadastre-se Grátis

Receba nossos conteúdos e eventos por e-mail.

Falso nacionalismo e a servilidade das classes dominantes brasileiras

Mais Lidos

Falso nacionalismo, como o próprio termo sugere, é um discurso que se apropria de símbolos e valores nacionais para promover interesses que, na verdade, contradizem o bem comum do país.

No caso brasileiro, esse tipo de discurso é usado, principalmente, para:

Um discurso forjado no ambiente da política de contenção e reserva adotada pelos EUA, cujo objetivo principal é controlar os imensos recursos estratégicos da América Latina e do Brasil e dar suporte e impulso à industrialização estadunidense:

  • Enquanto pesadamente atuam pela desindustrialização da nossa região;
  • Convertendo-nos em meros produtores de matérias-primas minerais e agrícolas.

Nos governos Temer e Bolsonaro chegou-se ao ápice do impulsionamento interno desta estratégia, ocorrendo a absurda opção pela rejeição de qualquer projeto mais amplo de desenvolvimento soberano para o Brasil, exclusivamente em nome do controle político sobre o Estado:

  • Inclusive, encontrando resistência muito limitada dos próprios segmentos industriais desmantelados;
  • A maioria sucumbindo à financeirização ou apenas submetendo-se a estratégias de imersão produtiva primárias e mais específicas, como a mineração e o agronegócio.

Não é de hoje que os representantes dos interesses imperialistas e seus “sócios” nacionais agem assim, produzindo uma sociedade doente, excludente e que, com tranquilidade, deixa à míngua, com fome e sem teto, a maior parte da população do país (ver aqui e aqui).

A crise que culminou com o suicídio de Getúlio Vargas indica como os responsáveis pelo atrelamento e manutenção do desenvolvimento do Brasil em condição subalterna aos EUA empreendem esforços para destruir a nossa soberania, claramente explícita na voracidade como investiram contra o legado de emancipação nacional decorrente da implementação do projeto Nacional de Desenvolvimento Varguista, o Nacional Trabalhismo:

  • Um ideário organizado para criar as bases para a cidadania e estimular o processo  de industrialização e o desenvolvimento nacional a serviço de todos os brasileiros;
  • Estabelecendo a nacionalização do petróleo e do subsolo, protegendo nossas riquezas contra as maliciosas pretensões estrangeiras;
  • Promovendo os direitos trabalhistas e a construção de indústrias estratégicas como a Petrobrás, a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional;
  • Dando prioridade a educação pública gratuita de qualidade e reconhecendo as manifestações culturais dos negros e dos índios.

Essas importantes realizações incomodaram (e ainda incomodam) as arcaicas oligarquias nacionais, culturalmente cooptadas e submissas aos interesses imperialistas:

  • Uma abjeta e mesquinha burguesia que olha exclusivamente para o próprio umbigo e se contenta com a manutenção da economia nacional na base primária da cadeia produtiva;
  • Não se importando com a  participação do Brasil no cenário econômico e geopolítico mundial como mero produtor de matérias primas para abastecer as economias centrais (destacadamente os EUA), a qual eles tanto admiram e servem.

A maioria não detém qualquer senso de pertencimento à nação (sequer residem no Brasil) e vive da apropriação parasitária e especulativa do capital: 

  • Ferrenhos defensores do capital apátrida e do (por eles considerado) deus mercado;
  • Contentam-se em servir como vassalos do império e, com raras exceções, nada de concreto aqui produzem.

Como não apresentam empatia com o povo ao qual originalmente estão vinculados, não se interessam por um projeto de desenvolvimento independente para o Brasil, muito menos que este projeto seja orientado para melhoria do capital financeiro nacional e o desenvolvimento humano e social da nossa população.

Esse processo vem se aprofundando e os interesses nacionais, populares e democráticos do povo brasileiro vêm sofrendo nos últimos anos a mais voraz investida já vista na história do país, visando impedir o controle do Brasil sobre a sua própria base econômica.

O golpe perpetrado em 2016 foi dado exatamente para isso:

  • Acelerar o processo de entrega do patrimônio público, estatal e financeiro nacional;
  • Simplesmente para sanear as contas que não fecham no centro do capitalismo mundial, frente ao agravamento da atual crise do sistema;
  • Sendo o domínio do Brasil e da América Latina um dos pontos mais importantes para a perspectiva estadunidense quanto ao rearranjo da estrutura do capitalismo mundial, em permanente situação de crise.

Isso ficou ainda mais evidente, quando o governo brasileiro, na primeira década do Século XXI, começou a articular projetos mais ousados do que o imperialismo poderia suportar:

  • Com investimentos na Petrobras que levaram à descoberta do Pré-sal e à perspectiva de grande fluxo de riquezas para o país;
  • A criação da  Unasul e do Conselho de Defesa Sul-americano;
  • E a participação na formação do Brics e na criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) – orientados para o financiamento de projetos de infraestrutura em países emergentes.

A reação foi imediata e a aceleração da dominação política do Brasil tornou-se inevitável aos olhos do imperialismo:

  • Com consequências claramente manifestas no aumento da desigualdade social, na concentração de renda e na precarização do trabalho, além do enfraquecimento das instituições democráticas e a fragilização do Estado de Direito;
  • Comprometendo a nossa soberania e a capacidade do país de definir as próprias políticas;
  • E de defender seus interesses no cenário internacional.

Diante deste quadro, urge a efetivação de uma nova agenda nacional que coloque os interesses da maioria da população em primeiro lugar, na qual:

  • A reindustrialização do país assume fundamental importância para a geração de empregos de qualidade e o aumento da autonomia política e econômica do Brasil;
  • A proteção da Amazônia e de outros biomas brasileiros é essencial para garantir a sobrevivência das futuras gerações;
  • A reforma agrária precisa acontecer, para garantir a justiça social e a segurança alimentar da população;
  • E a democracia deve ser fortalecida e aprofundada através da participação efetiva da sociedade civil na tomada de decisões.

As forças anti patrióticas, vinculadas a interesses externos, fingem não compreender o verdadeiro significado do que é nacionalismo:

  • E usam o “nacionalismo de fachada”, apropriando-se de símbolos e valores nacionais, utilizando-os como ferramenta para manipular a opinião pública;
  • E justificar a instituição de políticas que prejudicam o país.

Enfim, enquanto as pessoas são “sensibilizadas” por pseudos patriotas a defender a vergonhosa entrega do patrimônio nacional, a eliminação da nossa já limitada legislação trabalhista e o desmonte do Estado brasileiro, a capacidade do país de assegurar direitos e cumprir com as obrigações perante o povo – vai ficando cada vez mais comprometida.

Assim, “distraída, a população não consegue perceber o quanto a nossa pátria-mãe está sendo subtraída, segue batendo palmas prós barões famintos”, e o que é pior: com a bandeira brasileira em punho, a camisa da seleção nacional de futebol e tudo – “o estandarte do sanatório geral”!

Artigos Relacionados

Preparando o Estado para Soberania – Brasil no Mundo

O mundo do fim da história de Francis Fukuyama já passou. Antes se fora o mundo bipolar da guerra fria. O século XXI encontra...

UM ARTIGO CORAJOSO [E IMPRESCINDÍVEL]

André Luiz Furtado, professor de Matemática da UERJ, em artigo publicado no Jornal GGN, em 16/08/24, escreveu uma peça muito interessante de ciência política...

EUA contra Novas Rotas da Seda: “Localizar e Destruir”

Sete anos depois de lançadas pelo presidente Xi Jinping, primeiro em Astana, depois em Jakarta, as Novas Rotas da Seda, ou Iniciativa Cinturão e...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Em Alta!

Colunistas