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O veto brasileiro à Venezuela e as verdadeiras razões para a diplomacia da punição

Beto Almeida

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“Quebra de confiança”. Com esta frase, o Assessor Especial Internacional da Presidência, o ex-chanceler Celso Amorim, busca justificar o veto do Brasil ao ingresso da Venezuela na Aliança BRICS, que agora conta com mais 13 novos parceiros, entre os quais dois latino-americanos, Cuba e Bolívia.

Mas, qual é o critério para o veto brasileiro? É um veto de castigo? Vale recordar que há poucos meses, recebendo o presidente Nicolás Maduro em Brasília, o presidente Lula apoiou o pleito da Venezuela de ingressar nos BRICS.

O que justificaria uma mudança tão radical na diplomacia brasileira?

Certamente o governo brasileiro terá muitas discrepâncias, em política internacional, com os governos da Arábia Saudita e Turquia, por exemplo.

O presidente turco, Erdogan, foi acusado ruidosamente de ter dado um golpe preventivo para defender-se de uma ação desestabilizadora, golpista, patrocinada pelos EUA, que pretendia tirá-lo do poder, tal como aconteceu, na mesma época, com a ex-Presidenta Dilma Rousseff, esta, sim, tirada da presidência, praticamente sem reação alguma, ao contrário do governo turco.

Nada disso representa quebra de confiança para a diplomacia brasileira em relação ao novo parceiro do Brics.

Que dizer da confiança do Itamaraty ante o governo saudita, acusado de não sustentar sinceramente a Causa Palestina, tão valorizada pela diplomacia brasileira? A Arábia Saudita também ingressou no Brics, sem objeção brasileira.

                                              Oxigênio solidário

Estaria o Itamaraty inaugurando uma Diplomacia da Punição? 

A Venezuela Bolivariana tem sido alvo constante de golpes, sabotagens, agressões, sanções e medidas coercitivas que chegaram a derrubar drasticamente sua economia, com graves consequências para o nível de vida dos venezuelanos, prejudicando seus notáveis programas sociais. 

Entre os agressores estava o desqualificado Jair Bolsonaro. O que não impediu à  Venezuela Bolivariana enviar toneladas de oxigênio solidário para salvar milhares vidas brasileiras no Amazonas, quando aquele estado estava se transformando num cemitério a céu aberto, devido ao descaso criminoso do governo bolsononarista, que até planejou participar de invasão ao país vizinho.

Quando Lula estava injustamente preso, um dos países que mais defendeu a inocência de Lula, junto com Cuba, enfrentando a mídia internacional teleguiada pela Casa Branca, foi o governo de Nicolas Maduro!

Este mesmo critério de diplomacia da punição já foi aplicado à Nicarágua, outro latino-americano vetado pelo Itamaraty, que como a Venezuela, ostenta excelentes relações com a Rússia, a China e o Irã, o que irrita a Casa Branca. 

Mas, em relação a Israel, não se vislumbram mudanças na postura do Brasil, que continua enviando petróleo e carne, que permite manter funcionando a máquina israelita de matar palestinos e libaneses? 

Qual é o critério, então, para punir um país que pode ser o melhor parceiro no Brasil na integração da América do Sul, violando a própria Constituição Brasileira, que estabelece o princípio de não ingerência nos assuntos internos de outros países, o respeito à autodeterminação dos povos e a construção de uma Comunidade Latino Americana de Nações?

O verdadeiro critério para esse Veto do Brasil, é que a Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo, e os Eua pressionam para a sua privatização, não admitem que um país com este potencial energético esteja coordenado com Rússia, China e Irã, fortalecendo o Sul Global, o que contraria o próprio discurso do Presidente Lula no Briscs.

O veto brasileiro – negociado pelo embaixador bolsonarista Eduardo Saboya – serve aos interesses da Doutrina Monroe dos EUA, sempre reatualizada.  Afinal, se conseguiram que o Brasil desnacionalizasse o Pré Sal – desnacionalização alcançada após o golpe em Dilma e a prisão de Lula – agora querem também desnacionalizar a riquíssima bacia petroleira do Orinoco. Este é o verdadeiro critério do veto brasileiro! 

Finalizando, para entender o contexto da posição brasileira basta citar declarações da Generala Laura Richardson, Chefe do Comando Sul do Exército dos EUA”, que já chegou a tecer comentários críticos à crescente cooperação do Brasil com a China, respondidos, energicamente, não pelo Itamaraty, mas pela Embaixada da China no Brasil.

Segundo a Chefe Militar dos EUA,  “A nossa região  –  disse ela  –  tem as maiores reservas de petróleo leve e doce, descobertas na costa da Guiana há mais de um ano. Tem os recursos da Venezuela também com petróleo, cobre, ouro. Temos a Amazônia, 31% das reservas de água doce do mundo se encontram nessa região também”.

Beto Almeida, jornalista.

Conselheiro da ABI. Diretor da Telesur e da TV Comunitária de Brasília, Membro da Rede de Intelectuais em Defesa da Humanidade.

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