Para inicio de conversa, sem desmerecer a importância da pauta sobre a jornada de trabalho, nesse momento, pautar o aumento do investimento em Saúde e Educação Pública é muito mais importante do que acabar com a jornada 6×1 – que, apesar de importante, não deveria ser a pauta mais urgente.
O Governo deve se preocupar com coisas muito mais graves que prejudicam a vida dos trabalhadores que o fim da jornada 6×1, que muito provavelmente não vai acontecer, e tem prós e contras relevantes. No entanto, os seus prós, pelo menos no momento, são nada perto do desastre que é para o trabalhador – a proposição da PEC 65.
A PEC 65 visa modificar o regime jurídico do Banco Central (uma autarquia federal de natureza especial) e traz profundas consequências negativas para as políticas monetária e fiscal do Brasil com prejuízos ao povo brasileiro (e aos servidores públicos, em particular, relacionados a estabilidade, previdência, etc.), com a transformação da autarquia em empresa lançando-a, no meio da atual crise institucional, para também disputar orçamento, o que gera, entre outras coisas, uma enorme insegurança jurídica e o consequente aumento da dívida pública em função da preocupação (enquanto empresa) por produzir lucros– problema sobre o qual as lideranças da “esquerda” midiática nada dizem.
Em síntese, não há como assegurar nem que a redução da jornada 6×1 pode estimular a criação de empregos, nem que os possa desestimular, reduzindo os postos de trabalhos formais e aumentando a informalidade, no entanto, com a PEC 65 teremos, com toda a certeza – a derradeira destruição do Estado de Bem-Estar Social no Brasil.
O Governo brasileiro parece que não está preocupado com a possibilidade de destruição da Saúde e da Educação Pública, nem com a sua (falta de capacidade) de investimento em segurança e programas sociais, ou com o próprio crescimento econômico e a geração de empregos.
Portanto, o crescimento, que já não tem sido expressivo, vai cair muito se os gastos públicos com Saúde e Educação crescerem menos que o PIB, com a PEC 65 e ainda vai pegar muito mal destruir a última coisa positiva da Constituição de 88, aliás, a coisa mais importante dela e dos últimos 30 anos no nosso país – que é a garantia na Constituição de investimento crescente e elevado para a Saúde e a Educação.
Está parecendo, mesmo, que, para compensar esse servilismo neoliberal à Faria Lima com a PEC 65, o Governo está pautando, provavelmente para não passar, e ainda com uma trans propondo (gerando antipatia entre o trabalhador evangélico e conservador) essa mudança da jornada 6×1 – só para ficar bem na fita, apesar da máxima traição ao povo com a PEC 65.
O PT não pode esquecer de estabelecer o foco nas pautas que efetivamente geram emprego, renda, crescimento, desenvolvimento e distribuição de renda, e, claro, no fortalecimento dos investimentos em Saúde, Educação e Segurança e se desvencilhar dessa imensa discussão pautada (fora da hora) nas redes sociais sobre a questão da jornada de trabalho e o seu viés de bolha – enquanto o debate sobre a PEC 65 é “esquecido”.
O pior de tudo é que mesmo que passe, essa mudança trabalhista da jornada 6×1 compensará menos que 1% das perdas com a PEC 65. Os cortes de gastos com a PEC 65 prejudicam imensa e diretamente a vida e o futuro dos trabalhadores brasileiros – e o PT precisa compreender que não são poucas as pautas escaladas para desviar a atenção do que realmente é importante para o Brasil e para os trabalhadores, entre as quais se encontram as pautas identitárias/Woke criadas pelo Soros e outros globalistas neoliberais.
Junto com essas pautas, criadas justamente para desviar a atenção das pautas realmente importantes para todos, inclusive, para as minorias objetos desta pauta alienígena, há também a questão sobre “o CO2 causar incremento da temperatura da Terra” ( os GEE, gases do efeito estufa), que é outra maracutaia para desviar a atenção e recursos escassos para outros fins, que não os verdadeiramente importantes para todos: “todos os seres vivos produzem CO2 ao respirar e as plantas o utilizam diretamente na fotossíntese para gerar o oxigênio que todos nós respiramos. Se quisermos acabar com o CO2 que é traço na concentração na atmosfera da Terra, só se acabarmos com os seres vivos – mas, quem sabe, o objetivo dos globalistas não é esse mesmo? Ou seja, reduzir em muito a população mundial!”
Enfim, conforme alerta José Luís Oureiro, “sem acelerar investimentos, teremos outro voo de galinha” – e a esquerda tem que atentar muito bem para as pautas que defende e que dão a impressão que “aparecem do nada”, enquanto as pautas que realmente são importantes vão sendo deixadas de lado.
Enquanto, todos estão estenvolvidos na cortina de fumaça da questão do debate 6×1, cuja aprovação é improvável, e sobre a qual ainda é possível pensar que pode ser um grande tiro no pé – a agenda de desmonte do Bem-Estar Social segue avançando a passos largos no Brasil!
Acorda PT! Acorda Brasil!