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A real importância da Venezuela

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UM CONTRAPONTO À CERTA VISÃO DOMINANTE

A reunião do G20 demonstra que as análises que consideravam Lula/Brasil como “traidores dos BRICS”, “pontas de lança do imperialismo”, “próceres dos americanos”, “capachos de Biden” e assemelhados foram, no mínimo, precipitadas. Afinal, a alta liderança esteve presente ou mandou representantes de peso. Mas por que esses analistas, que não se pode acusar de pouco inteligentes, erraram tanto?

O primeiro motivo, é falta de conhecimentos em Geografia. Repare que os discursos sobre a suposta “traição do lulopetismo” se assenta na falsa ideia de grandeza e importância da Venezuela, como se esta fosse ao menos uma potência econômica potencial. Mais tais crenças, de modo algum se sustentam na realidade dos fatos. A Venezuela tem uma economia exígua, de posição número 76 no ranking mundial, atrás até de países como a Guatemala, Gana e República Dominicana.

Em relação às reservas de petróleo há outro equívoco importante. Modo geral se confunde o fato de a Venezuela ter grandes jazidas de petróleo com o fato de ela, efetivamente, ser uma grande produtora do ouro negro. Ela não é, e ocupa apenas a posição 21 no mundo, produzindo menos que a Colômbia, por exemplo. E a conversão de jazidas em petróleo comercializável é um processo que leva muitos anos, pois exige, além de capitais, tecnologia e mão-de-obra (que a Venezuela não dispõe), uma série de estudos ambientais e de geologia que não se fazem em pouco tempo. Mais: construir refinaras é um processo ainda mais caro e demorado, podendo só isso levar uma década.

De fato, se a Venezuela fosse tão rica quantos seus defensores entusiasmados acham, ela não teria passado/estaria passando por tudo o que acontece e já aconteceu. Vejamos o caso da Rússia, que antes da guerra era a sexta economia do mundo e hoje é a quarta. Isso não seria possível se a Federação tivesse apenas jazidas, ao invés de petróleo comercializável de fato e refinarias. O mesmo raciocínio se aplica a outras riquezas potenciais do país, como ouro e bauxita.

Além disso a Venezuela é um país que, além de ter poucas indústrias, sequer consegue produzir a maior parte da comida de que necessitam seus habitantes, muito diferente do que acontece, por exemplo, com outras nações sancionadas, como Irã e República Democrática da Coreia.

Considerando que quase 8 milhões de venezuelanos já deixaram o país até causa espanto que tanta gente creia sobre o caráter indispensável do país, inclusive considerando que muitos dos países dos BRICS (Rússia, Arábia Saudita, Irã, Brasil, Emirados Árabes Unidos e China) produzem muito mais petróleo que os venezuelanos. Sem falar que a superpotência econômica e industrial do bloco, a  China, nitidamente prefere investir em energias mais limpas (eólica, solar, hidrelétrica e nuclear) do que insistir no uso de combustíveis fósseis.

De fato, com tantas deficiências e problemas, há de se questionar o que, de fato, os BRICS ganhariam com a inclusão da Venezuela, além de um país e uma liderança problemáticos e nem sempre oportunos.

Na verdade o grande ganho, que inclusive a gritaria deixou passar despercebido, foi o ingresso de Cuba, que pelas suas realizações nos campos de Medicina, Farmácia e Imunologia, é parceira interessantíssima em tempo de guerra. Por isso a reunião do G20 no Rio de Janeiro transcorre normalmente, com a presença prestigiosa de líderes como Xi Jinping e Lavrov, que têm coisas maiores e mais importantes para se preocupar do que com infeliz e pouco significante nação andino-caribenha.

 

Leider Lincoln

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