Foto: Correio Braziliense
Em meio ao processo de luto, Maria Maia escreveu o livro Poemas ao vento, no qual registrou mágoas e dores em forma de poesias. O lançamento da obra ocorre no Bar Beirute (109 Sul), hoje. A trajetória de escrita de Maria iniciou em janeiro, quando o companheiro de mais de duas décadas, Samuel Pinheiro, morreu e a autora se deparou com o vazio da presença romântica.
Após um mês de tormenta com o coração apertado, a irmã de Maria a convidou a passar um mês em Fortaleza. Foi quando Maria passou a caminhar todos os dias na praia que começou a contemplar a ideia de transformar a dor em arte. “Sentir a brisa e a maresia foi me curando. Esse impacto me deu vontade de escrever”, narra. Ao fluir do tempo, as lembranças com o falecido amado acalentaram a alma da autora e resultaram nos Poemas ao vento.
Com o hábito de escrever pelo menos cinco vezes por semana, Maria consegue lidar com alegrias, tristezas e percepções do mundo por meio da literatura. Ela ressalta a importância de cultivar a felicidade como um diamante bruto, sempre a ser lapidado e com muito bom humor. “Ao viajar para Fortaleza, vi como o povo cearense é bem humorado. Parece fazer parte da estrutura afetiva e psíquica deles. Isso foi algo positivo e inspirador naquele momento mais doloroso”, explica
Influenciada por poetas como Emily Dickinson, Maria assemelha-se ao estilo de escrita surgido do impulso interior. “Como dizia Villa-Lobos, eu me sacudo e procuro meu caminho dentro da poesia — um caminho solitário, mas iluminado por grandes poetas”, comenta. Em meio a tantos nomes literários que transformam a dor em algo a ser apreciado, a autora não se sente tão sozinha.
Maria relaciona a poesia com a criação: “Qualquer ato criador, até a maternidade, têm um ar poético. Criar é um remédio.” Ao citar Nietzsche na fala ‘a arte existe para que a realidade não nos destrua’, Maria ressalta carregar muita bagagem dentro de si mesma por ser poeta. O exercício criativo é um destaque na vida, o que, segundo Maria, pode modificar o estado de espírito em uma sociedade desesperada.
*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco