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77 Anos de Esbulho e de Massacre do Povo Palestino

Por Raul Carrion

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“Para a Europa, constituiríamos aí um pedaço de fortaleza contra a Ásia, seríamos a sentinela avançada da civilização contra a barbárie. Ficaríamos como Estado Neutro, em relações constantes com toda a Europa, que deveria garantir a nossa existência.” (Theodor Herzl – O Estado Judeu)

“A ideia sionista (…) de assentar judeus na Palestina apresentou-se como um meio de (…) estabelecimento de um ponto de apoio imperial no Oriente Médio. Afinal de contas, os judeus eram um aliado natural da Grã-Bretanha. (…) George Gawler (…) esboçou um plano para “restaurar os judeus em sua terra”, basicamente para criar uma zona tampão segura para os britânicos entre o Egito e a Síria. (…) Winston Churchill e muitos outros estadistas britânicos estavam convencidos de que a restauração dos judeus na Palestina garantiria aos britânicos uma base de operação segura por lá”. (Shlomo Sand – A invenção da Terra de Israel)

Em 29 de novembro de 1947 – após dois adiamentos, solicitados pelos EUA para lhe dar tempo de “comprar” os votos necessários –, o brasileiro Osvaldo Aranha colocou em votação, na Assembleia Geral da ONU, a partição da Palestina entre judeus e palestinos. Por 33 votos a favor, 13 contra, 10 abstenções e uma ausência, foi aprovada a Resolução 181, estabelecendo a referida partilha. Registre-se que nenhuma consulta foi feita à população que vivia nesse território, que era majoritariamente palestina.

Por absurdo que seja, a Resolução 181 destinou 57% do território palestino, (abrangendo as terras mais férteis) aos judeus vindos de outros continentes, que somavam apenas um terço da população e detinham apenas 5,8% das terras. Já os árabes – habitantes milenários da Palestina, que totalizavam dois terços da população – receberam apenas 43% da área de seu próprio país, exatamente a parte com menos acesso à água. Quanto à cidade de Jerusalém – lugar sagrado para cristãos, judeus e muçulmanos – deveria ficar sob a administração da ONU, sendo compartilhada por árabes, judeus e cristãos.

A Resolução determinou a criação de dois Estados: “os Estados independentes árabe e judeu (…) começarão a existir na Palestina dois meses depois de finalizada a evacuação das forças armadas da potência mandatária [Inglaterra] (…), o mais tardar em 1º de outubro”.
Os representantes do povo palestino – os verdadeiros donos da Palestina – exigiram submeter essa decisão à Corte Internacional de Justiça de Haia, mas esse direito lhes foi negado, pela diferença de um voto.

Inconformados com a Resolução 181 – contrária ao princípio da autodeterminação dos povos da Carta da ONU –, os países árabes declararam não se sentirem obrigados a cumprir essa decisão. Já os sionistas, apesar de aspirarem um Estado puramente judeu, ocupando toda a Palestina, aceitaram ardilosamente a partilha, vendo nela um primeiro passo para sua posterior ocupação do resto da Palestina.

Ben-Gurion afirmou: “o Estado judaico que no momento nos é oferecido não é o objetivo sionista. Dentro desta área não é possível resolver a questão judaica. Mas ele efetivamente pode servir como uma etapa decisiva no caminho para maior concretização do projeto sionista. (…) O Estado judaico terá um extraordinário exército – não tenho dúvida de que nosso exército será um dos melhores do mundo – e por isso estou convencido de que não seremos impedidos de nos estabelecer no resto do país”.

E Menachen Begin – um dos chefes da organização terroristas Irgun – acrescentou: “minha maior preocupação nesses meses era que os árabes pudessem aceitar o plano das Nações Unidas. Então, nós teríamos uma grande tragédia: um Estado judaico tão pequeno que não poderia absorver todos os judeus do mundo”.

O que se seguiu a essa Resolução ilegal – por contrariar a Carta da ONU –, ilegítima – por não consultara a população que ali vivia – e imoral – por haver sido aprovada mediante pressões, chantagens e subornos – foram 77 anos de esbulho e massacre do povo palestino, acompanhados de agressões também ao Egito, Jordânia, Síria, Líbano, Yemen e Irã.

Durante esses 77 anos, os sionistas esbulharam os palestinos de suas terras, saquearam as suas riquezas, destruíram a sua história e a sua cultura, instituíram um humilhante apartheid, assassinaram e continuam assassinando os seus líderes e a sua juventude, tudo com o total apoio dos Estados Unidos e do dito “ocidente coletivo”.

Em consequência disso tudo, hoje temos mais de 6 milhões de palestinos vivendo em campos de refugiados, espalhados nos países árabes ou emigrados, muitos deles no Brasil.
Para entendermos os crimes que hoje Israel comete em Gaza, na Cisjordânia, no Líbano e em todo o Oriente Médio, é preciso desvendar esta trajetória criminosa do Estado de Israel.
Em 1977, em um verdadeiro “mea culpa”, a Assembleia Geral da ONU aprovou a Resolução 32, transformando o 29 de novembro no “Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino”.

Em dezembro de 2010 – então deputado no Rio Grande do Sul –, tive a honra de protocolar o Projeto de Lei 337/2010, fazendo do 29 de novembro o “Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino”, dando origem à Lei 13.725/2011.

Neste 29 de novembro de 2024, quando a Palestina sofre a mais terrível limpeza étnica e o mais cruel genocídio, conclamo a todos e todas a cerrarmos fileiras em defesa do martirizado povo palestino, prestando-lhe a mais ampla solidariedade!

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