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Você já tentou dirigir um carro com o freio de mão puxado?

Por Paulo Gala*

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Dirigir um carro com freio de mão puxado. Parece absurdo, mas foi exatamente o que o Brasil fez durante os governos do PT (2003-2016).

Imagine tentar correr uma maratona enquanto alguém te puxa para trás. É frustrante, cansativo e, no final, você acaba não chegando a lugar nenhum. Foi assim que o PT tentou governar: Palocci e Meirelles pisando no freio dos juros, enquanto ministérios desenvolvimentistas tentavam acelerar a economia.

De um lado, políticas industriais ambiciosas prometiam acelerar o desenvolvimento. De outro, uma política monetária ultra-conservadora com juros de 24% travava tudo.

O resultado?

Um país que tentava avançar e recuar ao mesmo tempo.

Vamos entender como essa esquizofrenia econômica do PT nos custou uma década de desenvolvimento.

A Casa Dividida do PT

Era como ter dois PTs diferentes governando: um desenvolvimentista nos ministérios da indústria, e outro ultra-ortodoxo no Banco Central. No final, essa contradição interna prejudicou ambos os objetivos.

Por Que o PT Se Amarrou Sozinho

A história dessa contradição petista revela padrões preocupantes:

  • O Paradoxo das Políticas Industriais do PT;
  • Lançamento de múltiplos programas de desenvolvimento (PITCE, PDP, PAC);
  • Investimentos bilionários em setores estratégicos;
  • Política de campeões nacionais via BNDES;
  • Mas tudo isso enquanto Palocci e Meirelles mantinham juros nas alturas

O Peso da Ortodoxia Petista

Banco Central de Meirelles seguia cartilha conservadora:

  • Câmbio valorizado matava exportações industriais;
  • Juros estratosféricos inviabilizavam investimentos;
  • Como dizia Bresser-Pereira: o PT ficou “enxugando gelo”.

As Consequências do Duplo Comando

Desindustrialização acelerada:

  • Perda de complexidade econômica;
  • Reprimarização da economia;
  • Crescimento muito abaixo do potencial petista.

Quando o PT Não Se Decidiu Entre Marx e o Mercado

A tentativa do PT de agradar tanto à indústria quanto ao mercado financeiro foi como tentar aquecer a casa com o ar condicionado ligado.

O resultado foi uma década de oportunidades perdidas.

Esta história nos ensina que não basta ter boas intenções desenvolvimentistas – é preciso coragem para enfrentar o conservadorismo financeiro.

O PT tentou fazer uma “política industrial sem indústria”, mantendo juros que inviabilizavam qualquer desenvolvimento real.

Uma lição clara emerge: desenvolvimento exige coerência e coragem.

Não adianta falar em projeto nacional se você mantém uma política monetária que sabota esse mesmo projeto. O PT descobriu da pior forma que não se faz omelete sem quebrar alguns ovos – ou nesse caso, sem enfrentar alguns interesses.

*Paulo Gala é Graduado em Economia pela FEA-USP | Mestre e Doutor em Economia pela Fundação Getúlio Vargas em São Paulo | Foi pesquisador visitante nas Universidades de Cambridge UK e Columbia NY | Autor com +10,000 cópias de livros vendidas | Geriu carteiras de +R$ 3,000,000,000 | Professor na FGV/SP há 20 anos | Economista-chefe do Banco Master.

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