A conjuntura internacional tem sido marcada por profundas transformações na ordem mundial e o fortalecimento do BRICS aponta para uma dinâmica multipolar que desafia a hegemonia ocidental, consolidada ao longo do século XX:
- O bloco de países originariamente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), tem impulsionado cada vez mais sua influência, buscando maior protagonismo nas decisões econômicas e geopolíticas globais;
- E a recente expansão do grupo, com a inclusão de países como Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos, reforça o potencial do bloco, especialmente quando relacionamos temas como comércio, energia e governança internacional.
Nesse contexto, o Brasil pode e deve desempenhar importante papel estratégico, mas isso exige articulação política e econômica para que ocorra aproveitamento de oportunidades e mitigação dos desafios que emergem dessa nova configuração global.
Dessa forma, a participação do Brasil neste bloco representa destacada oportunidade de diversificar parcerias econômicas, reduzindo a dependência de mercados tradicionais e ampliando o seu acesso a investimentos estratégicos, particularmente nas áreas de infraestrutura, tecnologia e energia:
- Mas também impõe desafios;
- Principalmente, porque a crescente influência de potências como China, Índia e Rússia dentro do bloco exige que o Brasil adote uma diplomacia assertiva para assegurar que seus interesses não sejam eclipsados.
Além disso, em busca por maior integração no Sul Global, o Brasil não pode negligenciar as relações preestabelecidas com os Estados Unidos e a União Europeia, que seguem sendo parceiros econômicos relevantes:
- Tendo a diplomacia brasileira a tarefa de equilibrar essas relações;
- E evitar polarizações que comprometam nossa posição estratégica no cenário internacional.
Notoriamente, a participação ativa no BRICS trouxe (e pode trazer ainda mais) impactos positivos para o fortalecimento das cadeias produtivas e a inovação tecnológica no Brasil, fortalecendo não apenas a capacidade produtiva interna, mas também posicionando o país como importante competidor em mercados globais, onde:
- O acesso a financiamentos para projetos de infraestrutura e maior inserção em cadeias globais de valor e a cooperação tecnológica, concorrem para a diversificação e modernização industrial;
- E também contribuem para a ampliação da produção de bens de maior valor agregado para exportação, como equipamentos industriais e produtos químicos, reduzindo a dependência do Brasil da exportação de commodities.
Contudo, para aproveitar ainda mais essas oportunidades, é fundamental que o Brasil desenvolva políticas públicas que favoreçam a competitividade industrial, o desenvolvimento sustentável e a inovação, sendo um ponto de destaque e que requer bastante atenção, o papel do Brasil no debate sobre a transição energética global:
- O país possui vantagens comparativas significativas no que se refere a matriz energética limpa e tem potencial para liderar a produção de biocombustíveis e hidrogênio verde;
- Sendo imprescindível, no entanto, não perder a competitividade dos combustíveis fósseis e tradicionais, especialmente garantindo a plena exploração das nossas reservas do pré-sal e da margem equatorial, que representam importantes fontes de receita e segurança energética para o país.
Ou seja, por meio dos BRICS o Brasil pode ampliar a sua influência em fóruns internacionais e atrair investimentos que consolidem sua liderança no setor energético, ao mesmo tempo em que investe em tecnologias que minimizem os impactos ambientais dessas atividades.
Enfim, o Brasil não pode perder de vista que o fortalecimento dos BRICS representa uma oportunidade única para ampliar sua relevância no cenário internacional, fortalecer a economia e melhorar a qualidade de vida do povo, mas também não pode esquecer as implicações geopolíticas do fortalecimento do bloco:
- Compreendendo que a ampliação do BRICS ocorre em um contexto de tensões entre potências ocidentais e países emergentes, em ascensão no Sul Global;
- Onde são estabelecidas disputas comerciais e tecnológicas que podem impactar as decisões nacionais.
Dessa forma, no ambiente de possibilidades para o estabelecimento e configuração de uma nova ordem mundial, diante das oportunidades e dos desafios que se apresentam, a posição do Brasil exige clareza estratégica, capacidade de articulação e implementação de políticas internas que permitam ao país construir uma agenda que equilibre desenvolvimento econômico, sustentabilidade e, consequentemente, a sua inserção como ator de destaque no atual cenário da geopolítica global.