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Protecionismo Trumpista Estimula Guerra Espacial Keynesiana 

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Foto – EFE/Jim Lo Scalzo/Caroline Brehman

Minas Gerais será o estado brasileiro mais prejudicado pelo protecionismo trumpista por ser grande produtora de aço; que fará a esquerda mineira diante dessa iniciativa trumpista, porque esperar alguma coisa do governo Romeu Zema é perder tempo?

Afinal, ele teceu loas ao novo presidente americano durante sua posse, saudando que a sua chegada à Casa Branca fosse uma benção para o mundo, especialmente para a América Latina, onde a direita, em que Zema se pontifica, vai tentando fincar raízes, irrigada por Javier MIlei.

O protecionismo é uma contradição em termos em tempos de financeirização econômica que não combina com ele e, por isso, chocam-se intermitentemente.

A taxação das importações, pelo protecionismo trumpista, aumenta a inflação nos Estados Unidos, eleva a desestruturação das economias exportadoras de primários, como a brasileira, mas também valoriza, contraditoriamente, salários no império importador.

Quando crescem importações, segundo o ponto de vista de Trump, perdem-se empregos, aumenta o estoque de desempregados (exército industrial de reservas), para que os salários caiam e o aumento dos lucros dos empresários se realize mais intensamente.

Trump só pensa em aumentar os lucros da sua classe.

Quando as importações são taxadas, como é o caso da decisão trumpista sobre o aço, as empresas aumentam a produção e os salários sobem com o aumento da oferta de trabalho e a competição pela mão de obra.

Se o estoque de desempregados é alto, serve para controlar os salários, para que não caia demasiadamente a taxa de mais valia, ou seja, os lucros dos patrões.

LIVRE CAMBISMO

O livre cambismo – supressão do protecionismo – nasceu com a onda protecionista na Inglaterra, para favorecer a revolução industrial.

Em 1839, foi criado movimento empresarial que desembocou na Lei do Trigo, em que a reivindicação maior era pela livre circulação de mercadorias.

O objetivo dos empresários – como diz Marx em O Capital – era, justamente, reduzir os salários dos trabalhadores.

Quanto mais se importava, mais havia oferta interna de produtos, que reduzia custos de produção e dos salários.

A industrialização inglesa jamais se alavancaria sob a Lei do Trigo, que só foi extinta com o protecionismo.

Mutatis mutandis, Trump, cabeça empresarial americana da gema, quer o contrário da Lei do Trigo: taxar as importações para elas ficarem mais caras e serem, consequentemente, substituídas pela produção de mercadorias internamente.

As empresas buscarão trabalhadores para produzirem suas mercadorias e esse movimento de oferta maior de bens e serviços eleva a demanda por trabalho, puxando valorização dos salários, ou não, se forem contidos pelo estoque de desempregados – pelo exército industrial de reservas –, que são os imigrantes, ameaçados, contraditoriamente, pelo troglodita da Casa Branca.

Fortalecer as empresas americanas, como está defendendo Trump, mediante taxação das importações, visa esse objetivo: elevar a oferta de trabalho e valorizar, ou, no mínimo, estabilizar os salários.

Ele quer o apoio dos trabalhadores, visto que, como se especula dentro do Partido Republicano, ele quer mudar a Constituição – ou passar por cima dela – para ter outro mandato; a maioria disponível a seu favor no Congresso e no Judiciário seria ou não capaz de atender o objetivo do imperador?

COMBATE AOS DEMOCRATAS

Os democratas americanos que passaram a adotar a liberação da economia, depois que descolaram o dólar do ouro, nos anos de 1970, levaram as empresas americanas, na opinião de Trump, a abrirem negócio no exterior, onde produzem a custo mais barato, para vender no mercado americano mais caro.

Agora, Trump, ao taxar esses produtos importados, obriga que sejam produzidos nos Estados Unidos.

Conseguirá?

O inimigo de Trump é o mercado financeiro, aliado dos democratas, que não quer empatar capital na produção, porque passou a ganhar mais na especulação, promovendo, consequentemente, a desindustrialização e a destruição de empregos, para fugir da queda tendencial da taxa de lucro.

O nacionalismo trumpsta procura dar um basta no livre cambismo, adotado pelos governos democratas aliados viscerais do mercado financeiro, com o qual abastecem as indústrias armamentistas, promovendo guerras pelo mundo, junto com seu subproduto fundamental: bases militares americanas nos cinco continentes; expansão militar exporta trabalhadores(soldados) subsidiados pelo Estado.

A expansão da dívida pública americana, nesse contexto, transforma-se no principal motor do armamentismo e na indústria de guerra, que confere característica central ao Estado Industrial Militar Norte-Americano, assim denominado pelo ex-presidente general Eisenhower, nos anos 1960.

Desmontar esse Estado militar, na avaliação da cabeça empresarial de Trump, que bate de frente com o Deep State, dominado pelos falcões do Pentágono, é tarefa difícil, que racha o próprio poder americano, podendo levar à guerra civil, tal o jogo de contradições explosivas que são desatadas.

GUERRA NO ESPAÇO

Contraditoriamente, a poderosa equipe de Trump, composta pelos magnatas das Big Techs, prega a expansão da economia americana para a conquista do espaço sideral.

É o keynesianismo de guerra espacial sideral.

O exemplo maior é Elon Musk, defensor dessa estratégia, cujo resultado será crescimento ainda maior da dívida pública, financiada pelo Estado dominado pelo mercado financeiro.

Os títulos do tesouro, que compõe dívida que ultrapassa 30 trilhões de dólares, está sendo colocada a serviço de Musk para fabricação dos foguetes experimentais; eles levam gente ao espaço para passear, em estágio probatório, com tendência a se multiplicar em projetos de ocupação sideral guerreira.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, já está chiando, dizendo que Trump deve explicação aos terráqueos sobre sua pretensão extraterrestre, com a novíssima cara da economia política de guerra norte-americana.

A proposta protecionista de Trump é profundamente contraditória ao entrar em choque com essa demanda do crescente endividamento público do império, que leva, agora, a guerra ao espaço; afinal, no planeta terra, os Estados Unidos não têm mais como serem hegemônicos, diante da democratização da oferta de armas nucleares.

Construir a bomba virou conquista ao alcance dos estados nacionais.

Transferir a economia de guerra da terra para o espaço sideral, como quer Musk, principal assessor de Trump, abre espaço para indústria de bens e consumo voltar a crescer por meio do protecionismo.

O problema que se coloca no caminho de Trump é a China, que cresce com ou sem o protecionismo americano, por estar alcançando a excelência na competitividade global, sem concorrentes capazes de enfrentá-la.

Se a China não for contida ou destruída, pela lógica que movimenta a cabeça imperialista fascista protecionista trumpista, o império americano pode estar com os dias contados.

A guerra na terra continuará sendo inevitável.

Assim, enquanto existir o capitalismo e sua visão exclusiva e egoísta da propriedade privada, o impasse continua, ameaçando a humanidade com guerras financiadas por inflação disfarçada de dívida pública.

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